Bar interditado por intoxicação de metanol comprou vodca de vendedor de rua
Dono do estabelecimento disse que vendedor era conhecido e já havia fornecido bebida anteriormente para o local
compartilhe
Siga noO bar Ministrão, localizado no bairro Jardins, área nobre de São Paulo, que foi interditado em uma operação sobre intoxicação por metanol, comprava bebidas de vendedores de rua. O local foi alvo de ação conjunta da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária.
Durante a ação, foram apreendidas garrafas de bebidas destiladas, que estão sendo analisadas pela Polícia Científica para verificar-se a possível presença de metanol, substância tóxica e altamente perigosa para consumo humano.
O proprietário do estabelecimento, identificado por Zé Rodrigues, foi conduzido a uma delegacia e negou que tenha comercializado bebidas adulteradas. Segundo ele, o bar chegou a adquirir bebidas de vendedores de rua, mas apenas de fornecedores que já eram conhecidos.
Leia Mais
“Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou. Fiquei triste porque o laudo saiu hoje dizendo que tinha metanol”, declarou o comerciante, que também confirmou a compra com distribuidores informais.
Segundo Manoel Bernardes, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, as compras não têm nota fiscal. O dono do Ministro confirmou a compra com um distribuidor de rua. "A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos. Jamais eu compraria um negócio falso. Fiquei triste porque o laudo saiu hoje dizendo que tinha metanol. Até a gente não tem conhecimento sobre isso”, completou o responsável pelo local.
Segundo ele, a vítima que foi contaminada depois de consumir vodca no local era um cliente do local: “A frequência aqui é tudo familiar, gente do bairro. Ele era do bairro”, disse.
Após a interdição, o bar divulgou uma nota oficial em redes sociais, afirmando que todas as bebidas servidas no local são adquiridas de fornecedores oficiais, com nota fiscal e procedência garantida.
“Nossa equipe jurídica já está em contato com os fornecedores para apurar todos os detalhes e uma nota oficial será divulgada nas próximas horas, assim que tivermos os esclarecimentos formais. Reforçamos nosso compromisso com a segurança, a transparência e o respeito aos nossos clientes”, destacou o comunicado.
Outros estabelecimentos investigados
O caso do Ministrão não é isolado. Segundo apuração do UOL, outros bares e adegas também estão sendo investigados em São Paulo e região metropolitana:
- Empório Santos (Cidade Dutra, zona sul da capital): teve 14 garrafas de gim apreendidas pela Polícia Civil. Apesar da ação, o local segue funcionando, mas suspendeu a venda da marca sob suspeita. Em nota, negou envolvimento com bebidas adulteradas;
- Bar e restaurante Torres (Mooca, zona leste): foi temporariamente fechado após suspeita de comercializar destilados irregulares. Moradores relataram que o local encerrou as atividades mais cedo. Os proprietários negaram irregularidades e afirmaram colaborar com a investigação;
- Outro bar foi interditado em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e teve bebidas recolhidas pela Vigilância Sanitária municipal. O nome do local não foi divulgado.
As operações fazem parte de uma força-tarefa do governo estadual criada por causa do registro de cinco mortes suspeitas por intoxicação com bebidas adulteradas com metanol em São Paulo — uma já confirmada e quatro em investigação.
De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, o estado acumula até agora 22 notificações, entre casos suspeitos e confirmados, desde o início de setembro.
A Vigilância Sanitária informou que os bares investigados podem responder a processos administrativos e sofrer multas ou interdição definitiva. A Polícia Civil segue apurando se há conexão direta entre os produtos apreendidos e as mortes registradas.
Enquanto isso, autoridades reforçam que consumidores devem redobrar os cuidados na compra e consumo de bebidas alcoólicas, priorizando estabelecimentos de confiança e produtos de procedência comprovada.
Diante da gravidade da situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu uma recomendação urgente a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, mercados, atacarejos, distribuidoras e aplicativos de entrega.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
As orientações incluem:
- Verificar lacres e rótulos das garrafas, evitando produtos com sinais de adulteração;
- Desconfiar de preços muito abaixo do mercado em marcas conhecidas;
- Suspender a compra de bebidas sem nota fiscal ou de fornecedores não cadastrados;
- Atentar-se a sintomas em clientes, como visão turva e náuseas, e procurar atendimento médico imediatamente.
Qual o perigo do metanol?
O metanol é uma substância líquida, incolor e inflamável, usada em combustíveis, solventes, plásticos e tintas. Quando ingerido, pode causar cegueira, danos neurológicos e até a morte, mesmo em pequenas doses. Os sintomas de intoxicação incluem:
- visão turva ou perda de visão,
- dor de cabeça intensa,
- náusea e vômitos,
- tontura e fraqueza.