Lula sobre Trump: 'Se me conhecesse, saberia que sou melhor que Bolsonaro'
Em meio à crise comercial com os Estados Unidos, Lula critica tentativa de interferência de Donald Trump no julgamento de Bolsonaro
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Siga noEm entrevista ao jornal The New York Times, publicada nesta quarta-feira (30/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diante da medida de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
O petista afirmou que, se fosse melhor compreendido pelo republicano, a relação entre os dois países poderia estar em outro patamar. “Honestamente, não sei o que Trump ouviu sobre mim. Mas, se ele me conhecesse, saberia que sou 20 vezes melhor do que Bolsonaro”, declarou.
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A fala ocorreu em meio à escalada das tensões comerciais com o Brasil e os Estados Unidos, que teve início nas últimas semanas após Trump anunciar a sobretaxa como resposta ao tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe de Estado. Para Lula, a medida não passa de uma tentativa de interferência política disfarçada de decisão comercial.
"Quero dizer a Trump que brasileiros e americanos não merecem ser vítimas da política, se a razão pela qual o presidente Trump está impondo esse imposto ao Brasil é por causa do processo contra o ex-presidente Bolsonaro. O povo brasileiro pagará mais por alguns produtos, e o povo americano pagará mais por outros. E acho que a causa não merece isso. O Brasil tem uma Constituição, e o ex-presidente está sendo julgado com pleno direito de defesa", disse Lula.
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Segundo Lula, desde maio o Brasil tenta abrir canais de diálogo com o governo norte-americano, mas todas as tentativas foram ignoradas.
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“Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo para entender qual era a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível. Só para vocês saberem o cronograma, realizamos 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio dos EUA. Em 16 de maio, enviamos uma carta solicitando uma resposta dos Estados Unidos. A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”, detalhou.
Questionado sobre o que fará caso a tarifa entre em vigor na sexta-feira (1º/8), prazo determinado pelo governo norte-ameircano, o presidente minimizou os efeitos imediatos. “Não vou chorar pelo leite derramado. Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar alguém que queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem ter uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim - para quem pagar mais”, pontuou.
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Lula reforçou que não se opõe à ideologia de Trump e que respeita o processo democrático americano. “Trump é um problema que o povo dos Estados Unidos precisa resolver. Votaram nele, ponto. Não vou questionar o direito soberano do povo americano, porque não quero que questionem o nosso”.