No ano que vem, 54 das 81 cadeiras do Senado estarão no centro da disputa de poder, ao lado da contenda pela Presidência da República. Essas vagas são o principal foco hoje da extrema direita, capitaneada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enxerga no Senado um atalho para retomar seus direitos políticos e ter o domínio sobre a Casa.

É o Senado que tem a prerrogativa de instaurar processos por crimes de responsabilidade, que podem resultar no impeachment, não só do presidente da República, mas também dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A disputa também passa por Minas Gerais, onde, ao menos, dez caciques da política local têm pretensões de participar das eleições para as duas cadeiras que serão abertas com o fim dos mandatos dos senadores Rodrigo Pacheco (PSD) e Carlos Viana (Podemos).

Só que no caso mineiro, as vagas também serão usadas para composição de alianças para a disputa pelo governo de Minas, que promete ser uma das mais acirradas dos últimos tempos, com a possibilidade de dois candidatos apoiados pela extrema direita, o vice-governador Mateus Simões (Novo) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), e um do centro, Pacheco, com o PT correndo por fora, mas ao lado do senador.

Bolsonaro tem repetido em todas suas últimas aparições públicas, inclusive em Belo Horizonte, que precisa obter pelo menos 50% do Senado para “mudar o Brasil”. Para que a abertura de um processo de impeachment de ministro do STF seja aprovado, são necessários 54 votos favoráveis, por isso a eleição de ao menos 39 senadores alinhados diretamente à pauta bolsonarista pode ajudar, e muito, a pavimentar esse caminho.

Em Minas Gerais, apesar de o PL ter ao menos quatro pré-candidatos ao Senado, Bolsonaro já avisou que a legenda vai indicar apenas um candidato, mas pediu de antemão apoio a quem for fazer dobradinha com seu partido na disputa.

São cotados como candidatos da legenda os deputados federais Domingos Sávio, presidente da legenda, e Eros Biondini, o deputado estadual Caporezzo (PL) e o pai do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o pastor Edésio de Oliveira, já que o parlamentar não tem idade suficiente para concorrer ao Senado.

Caso vingue a aliança do PL com Simões em torno de sua candidatura ao governo de Minas, uma das vagas pode ser indicada pela chapa do vice-governador. com o aval do governador Romeu Zema (Novo), que hoje tem pretensões de disputar a Presidência da República com o apoio de Bolsonaro.

Os nomes cotados são o do secretário de Governo, Marcelo Aro (Podemos), e do próprio Zema, caso não vá adiante suas pretensões de disputar a Presidência da República, como cabeça de chapa ou como vice. O governador repete sempre não ter interesse em cargos legislativos, mas, de acordo com interlocutores, o Senado pode vir a ser uma opção para não ficar sem cargo, o que na política é considerado ruim para quem almeja voos mais altos.

No campo do centro, um dos nomes cotados é o do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que já foi suplente do então senador Antônio Anastasia, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Mas sua possível candidatura está atrelada a um projeto maior, que passa pela eleição de Pacheco para o governo de Minas, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Sem nome forte para a disputa pelo governo de Minas, o PT está a reboque de Pacheco, que ganhou carta branca de Lula para montar sua chapa, sem necessidade de garantia de cargos para os petistas na chapa. Pacheco pode disputar a eleição pelo União Brasil, já que o PSD pode se alinhar nacionalmente ao bolsonarismo, o que inviabilizaria a permanência do senador na legenda. Com isso, o vice-governador pode deixar o Novo, que não tem tempo de televisão nem fundo partidário, e se filiar ao PSD.

Possíveis candidatos ao Senado

  • Aécio Neves (PSDB), deputado federal
  • Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia
  • Carlos Viana (Podemos), atual senador
  • Caporezzo (PL), deputado estadual
  • Domingos Sávio, deputado federal e presidente do PL mineiro
  • Edésio de Oliveira (PL) , pai do deputado federal Nikolas Ferreira
  • Eros Biondini (PL), deputado federal
  • Euclydes Pettersen, deputado federal e presidente do Republicanos em Minas
  • Marcelo Aro (PP), secretário de Governo de Romeu Zema
  • Paulo Abi-Ackel, deputado federal e presidente do PSDB mineiro
  • Reginaldo Lopes (PT), deputado federal
  • Romeu Zema (Novo), caso não seja candidato a presidente ou a vice
  • Tadeu Martins Leite (MDB), presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Estratégia

A estratégia de Pacheco é, além dos dois nomes ao Senado que podem compor em uma possível chapa encabeçada por ele, lançar mais candidatos à câmara alta para ter mais de um palanque nesta disputa, que também é majoritária. O PT pode ser um dos garantidores dessa tribuna extra, já que não deve compor oficialmente a chapa de Pacheco e nem mesmo fazer parte de uma aliança formal.

O único nome ventilado do PT até agora para essa disputa é o do deputado federal Reginaldo Lopes, que já almejou o Senado, mas atualmente articula para se reeleger deputado federal e ser, novamente, o puxador de votos do partido. Nas últimas eleições, Lopes foi o deputado federal mais bem votado do PT e o quarto entre toda a bancada mineira de 53 parlamentares.

Caso não se alie ao Republicanos, um dos outros aliados de Pacheco para essa disputa é o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB). No entanto, essa costura dependerá do namoro entre MDB e Republicanos, que ensaiam uma federação. E também do destino do senador Cleitinho, até agora o nome mais bem colocado para a disputa pelo governo de Minas, segundo as pesquisas.

O vice-governador tem articulado para tirar Cleitinho da disputa, mas o senador, pelo menos até agora, tem dito que não vai desistir. O partido de Cleitinho também tem um nome para a disputa pelo Senado, o presidente da legenda no estado, Euclydes Pettersen, que é deputado federal.

O PSDB também não descarta uma candidatura ao Senado e até mesmo uma aliança com Pacheco para a disputa pelo governo de Minas. Um dos nomes aventados pelo partido é o do deputado federal Aécio Neves, que já foi governador e senador por Minas Gerais, e cujo nome já apareceu em segundo lugar nas pesquisas, apesar de a possibilidade dele tentar novamente o governo do estado ser remota.

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Outro nome é do deputado federal e presidente do PSDB mineiro, deputado federal Paulo Abi-ackel. Também está na disputa, o senador Carlos Viana (Podemos), que pretende disputar a reeleição. No entanto, todas essas articulações estão diretamente atreladas às alianças que serão fechadas na disputa pela presidência e os rumos que os partidos hoje na base do governo Lula podem tomar.

Também está diretamente ligada aos nomes de quem vai mesmo participar das eleições para o governo do estado e as alianças que serão fechadas. Simões e Pacheco podem mudar de legenda. Os partidos e federações têm até o fim de maio de 2026 para registrar suas candidaturas.

Senado em números

  • 81 senadores representam os 26 estados e o Distrito federal
  • 3 cadeiras para cada um
  • 54 estarão em disputa nas eleições de 2026
  • 8 anos é o tempo do mandato dos senadores
  • 2 novos senadores irão representar Minas Gerais
  • Cada senador é eleito com 2 suplentes
  • As eleições são alternadas, em uma eleição e na seguinte
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