A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou nesta quarta-feira (6/8) o Projeto de Lei 236/2025 que revoga o título de Belo Horizonte como “Capital do grau”, por 30 votos favoráveis contra oito contrários, em primeiro turno - dois vereadores não se manifestaram.
De autoria do vereador Sargento Jalyson (PL), a proposta revoga uma Lei 11.393 sancionada pelo ex-prefeito Fuad Noman (1947-2025) ainda em 2022. Originalmente, o título foi concedido por um projeto de iniciativa dos ex-vereadores Léo Burguês e Bim da Ambulância (Avante), que tinha como objetivo promover a prática do esporte em locais fechados e ambientes seguros.
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Contudo, para o parlamentar do PL, o resultado prático foi a explosão do número de acidentes em vias públicas. Jalyson apresentou os números ocorrência dos chamados “rolezinhos do grau” do relatório da Polícia Militar, sendo 338 registros em 2024, além de ter exibido vídeos da prática nas ruas da capital.
“Tenho certeza que quem votou nesse projeto na época, votou de boa fé. Porém, o efeito colateral desse título que Belo Horizonte recebeu foi muito nocivo à nossa cidade. Nós perdemos muito o controle e a ordem. (...) O que eu destaco não são apenas números, nós perdemos vidas também. Além dos acidentes, o 'rolezinho do grau' causa perturbação do sossego, atormenta a vida de idosos, dos autistas, e, também, dos animais. Isso vem atormentando toda a nossa cidade”, disse.
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A proposta foi questionada pelos vereadores da esquerda, que destacaram o projeto do vereador bolsonarista sem efeito prático. Para o grupo, revogar o título de “capital do grau” não vai diminuir os acidentes, mas desincentivar a prática segura e a criação de espaços específicos para o esporte. Eles sugerem, por exemplo, aumentar a fiscalização das ruas da capital.
O vereador Pedro Patrus (PT), líder da bancada do PT, concordou com Jalyson na preocupação com os acidentes causados pela prática de grau em vias públicas. Porém, ele ressalta que o “esporte deve ser respeitado” principalmente em espaços que possam ser praticados com segurança.
“O título é pela importância do esporte, reconhecido pela federação de motociclismo. Todo mundo morre de tristeza de ver os atropelamentos pela prática irresponsável, continua sendo um crime, continua sendo proibido. Existe a questão da conscientização, da fiscalização, isso tudo tem que ser medido, não simplesmente por um projeto que retira esse título votado por vereadores. Não é uma briga ideológica, mas a forma está ruim, nós precisamos discutir esse projeto”, disse.
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De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), dar grau com a moto é considerado crime de trânsito gravíssimo porque a instabilidade em cima de uma única roda aumenta as chances de queda. E as quedas têm a capacidade de proporcionar um “efeito dominó” no trânsito. Caso a Polícia registre boletim, o infrator pode receber 7 pontos na CNH, multa de R$ 293,47, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.