A cada nova eleição, a discussão sobre a relação entre um bom posicionamento midiático e o sucesso nas urnas abre mais espaço para o impacto causado pelas redes sociais. Independentemente do quanto os atores políticos conseguem transformar visualizações, curtidas e compartilhamentos em votos, fato é que se manter ativo digitalmente é uma das maneiras mais eficientes de se comunicar com o eleitor. Levantamento feito pela Opus Consultoria & Pesquisa mostra como a incipiente corrida pelo Governo de Minas nas eleições de 2026 está desequilibrada no campo das redes. 

A análise feita pela Opus considerou as publicações feitas por possíveis candidatos ao governo mineiro entre 1º de janeiro e 31 de julho deste ano e averiguou o engajamento das publicações a partir da soma entre curtidas, compartilhamentos e comentários de cada postagem no Instagram. Neste aspecto, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) aparece muito à frente de seus prováveis competidores.

Na pesquisa também foram avaliados os perfis do ex-vereador de BH Gabriel Azevedo (MDB); do vice-governador Mateus Simões (Novo); do presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB); do senador Rodrigo Pacheco (PSD); e do ex-prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil. 

Números muito acima dos outros nomes 

Os números do Instagram de Cleitinho estão em uma dimensão que torna difícil estabelecer uma comparação com os demais. Em 339 publicações até julho, o senador conseguiu 31 milhões de engajamentos. Além disso, o parlamentar experimentou um crescimento de 47% em seus seguidores e atingiu a marca de 3,1 milhões de inscritos em seu perfil. 

Para efeito de comparação, Gabriel Azevedo teve um crescimento similar, de 46%, o suficiente para atingir 80 mil seguidores, quase 40 vezes menos que o senador. O ex-presidente da Câmara Municipal de BH e quarto colocado na disputa pela prefeitura da capital mineira em 2024 soma 348 mil engajamentos em 153 publicações no Instagram nos primeiros sete meses deste ano. 

A sequência da lista tem Mateus Simões com 138 mil engajamentos, aumentou seus seguidores em 33% e chegou a 53 mil. Tadeu Martins Leite teve 52 mil engajamentos e cresceu seu número de seguidores em 16% para chegar a marca de 45 mil.

Presença nas redes sociais dos possíveis candidatos ao governo de Minas

Soraia Piva/Arte EM

Rodrigo Pacheco, apontado como o nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Governo de Minas, foi o único a perder seguidores: uma queda de 1,89% que o deixaram com a marca de 201 mil no fim de julho. O senador teve 43 mil engajamentos em apenas 34 publicações no período analisado. 

Alexandre Kalil publicou apenas duas vezes em seu perfil no Instagram em 2025. Afastado das redes, o ex-prefeito de BH e candidato derrotado por Romeu Zema (Novo) na corrida pelo Governo de Minas em 2022, ele somou apenas 10 mil engajamentos, mas seu número de seguidores chegou a 217 mil no fim de julho, um crescimento de 22% em relação ao início do ano. 

Zema no Instagram

O levantamento da Opus também avaliou o resultado da atividade do governador Romeu Zema no Instagram. Em uma jornada para se tornar mais conhecido nacionalmente, o mineiro está prestes a lançar sua pré-candidatura à Presidência da República e tem uma presença importante nas redes sociais.

O levantamento mostra que Zema teve 10,3 milhões de engajamentos nos sete primeiros meses do ano, somando curtidas, compartilhamentos e comentários. Neste período, o número de seguidores do governador subiu 16% e ele chegou à marca de 1,8 milhão de perfis acompanhando seus conteúdos na rede social. 

Para Matheus Dias, diretor da Opus, os bons resultados nas redes sociais não têm um impacto direto ou linear no sucesso eleitoral. Ainda assim, as características desse tipo de comunicação favorecem uma aproximação maior entre a população e a classe política. O especialista em pesquisas de opinião pública aponta que a capacidade das redes mostrarem o político em seu cotidiano além da atividade, muitas vezes considerada burocrática e distante da realidade do eleitor.

 

“A rede social é ótima para criar intimidade. Ela consegue gerar uma conexão, uma proximidade que as pessoas se sentem amigas de quem elas seguem, mesmo que seja uma relação unilateral. Antes das redes, a forma de contato com os políticos era restrita a um ambiente muito mais formal e mediado por um grande veículo de comunicação, por exemplo”, analisa Dias. 

Dentro da bolha

Outra característica das redes sociais é a propensão à criação de bolhas ideológicas que favorecem que usuários fiquem restritos a um tipo de conteúdo relacionado a suas afinidades. Esta condição dificulta que os políticos alcancem eleitores que já não acompanhem materiais alinhados à sua atuação digital.

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Por outro lado, fidelizar um público mesmo fora do período de campanha pode criar cabos eleitorais espontâneos, avalia Dias. O contato perene com o trabalho de um político pode tornar o eleitor mais propenso não apenas a votar no candidato, mas a indicá-lo como uma boa opção em seu círculo mais próximo de convivência. 

“O consumo frequente do material das redes sociais tem o potencial de transformar esse eleitor em um evangelizador da mensagem, principalmente na reta final da campanha. Esse eleitor que está seguindo um político há dois anos na rede social e todo dia vê um story, um post, um posicionamento desse candidato, é um eleitor mais politizado. Quando chega na reta final da campanha, o círculo próximo do desse eleitor mais politizado acaba conversando com ele sobre política e ele acaba atuando como um cabo eleitoral informal por causa dessa relação de proximidade e intimidade com o candidato”, analisa.

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