A um ano da eleição que definirá, entre outros cargos, o comando dos estados, marcada para 4 de outubro de 2026, a disputa pelo Palácio Tiradentes começa a se desenhar. O movimento mais recente veio nessa sexta-feira (10/10) com a anunciada filiação do já autodeclarado pré-candidato Alexandre Kalil ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).

O embarque na legenda será oficializado na próxima quarta-feira (15/10), em cerimônia na sede nacional da legenda, em Brasília, e representa o primeiro passo de sua trajetória rumo a uma nova empreitada na disputa pelo Governo de Minas.

O presidente estadual do PDT, deputado federal Mário Heringer, confirmou ao Estado de Minas que a filiação será acompanhada de uma recepção política reservada. “Kalil já é um querido antigo”, afirmou. Após o ato em Brasília, o ex-prefeito de Belo Horizonte será recebido em um jantar privado na casa do próprio Heringer, com presença de parlamentares e dirigentes do partido. Está prevista ainda uma cerimônia de filiação em Minas, embora sem data definida.

Heringer não esconde o entusiasmo da legenda com a chegada de Kalil, que, segundo o dirigente estadual, terá espaço aberto para liderar o projeto eleitoral da sigla no estado. “Agora vamos comemorar, mas naturalmente a nossa expectativa é que ele seja lançado ao Governo de Minas pelo PDT”, declarou. A reportagem procurou Kalil para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

A filiação simboliza a reentrada do ex-prefeito de BH na esfera política, após a ruptura com o PSD, durante as eleições municipais de 2024. Na época, ele contrariou a direção do partido ao apoiar o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) em vez de seu sucessor e ex-aliado, Fuad Noman. Desde então, vinha em busca de uma nova sigla.

O convite para o embarque no PDT partiu diretamente do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho. A aproximação entre Lupi e Kalil vinha sendo costurada desde o início do ano, mas foi em setembro que o ex-prefeito confirmou sua entrada no partido.

A decisão contou com o aval das principais lideranças pedetistas, que enxergam em Kalil um nome competitivo. Mesmo após a derrota para Romeu Zema (Novo) em 2022, quando obteve 26,55% dos votos válidos, Kalil aparece entre os líderes nas sondagens de intenção de voto para 2026, como o levantamento da Opus Consultoria & Pesquisa, divulgado em julho deste ano.

O atual governador, por sua vez, não pode disputar novo mandato e tem sinalizado apoio ao seu vice, Mateus Simões (Novo), como seu herdeiro político. Simões, aliás, negocia uma migração para o PSD, partido que poderia lhe garantir mais estrutura e capilaridade eleitoral.

A mudança vem sendo discutida há meses e, segundo o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, disse ao colunista do Estado de Minas, Orion Teixeira, estaria próxima de se concretizar ainda em outubro. A troca daria a Simões mais tempo no horário eleitoral gratuito, acesso a recursos do fundo para sua candidatura e também uma rede mais ampla de prefeitos e deputados aliados para articular apoio no próximo ano.

No entanto, como mostrou o EM, a movimentação provocou resistência entre lideranças do partido, especialmente entre aqueles que defendem a candidatura do senador Rodrigo Pacheco ao governo de Minas.

A um ano do pleito, as legendas que polarizam a disputa ainda não têm seus candidatos definidos. Sem uma base sólida em Minas Gerais, o PT vê em Pacheco, que é aliado do presidente Lula e preferido por ele para a disputa ao Palácio Tiradentes, a possibilidade de consolidar seu palanque no estado em 2026, em aliança com o centro.

Mas, a recente vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), com a aposentadoria adiantada do ministro Luís Barroso, pode mudar esses planos. Formado em Direito, o senador mineiro nunca escondeu a aspiração de chegar ao STF. Seu nome já havia sido cogitado na segunda vaga de Lula à Corte, que acabou sendo preenchida por Flávio Dino.

Agora, ele volta à lista de favoritos, ao lado do advogado-geral da União, Jorge Messias. Caso seja escolhido, o PT teria de repensar sua estratégia em Minas.

Na outra ponta do espectro político, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos) aparecem entre os possíveis nomes da extrema direita que podem disputar o governo. Cleitinho chegou a anunciar em julho deste ano convite ao ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte Gabriel Azevedo (MDB) para compor sua chapa como vice na corrida pelo governo de Minas.

Enquanto isso, um velho conhecido da política mineira também dá sinais de retorno. O ex-governador Aécio Neves (PSDB) tem usado as redes sociais para ensaiar uma reaproximação com o eleitorado mineiro e deixar no ar a possibilidade de nova candidatura ao Palácio Tiradentes.

Sem afirmar abertamente que disputará o cargo, o tucano publicou mensagens com tom de pré-campanha. “O PSDB, você se lembra, já mostrou que sabe fazer. E quem já fez, pode fazer de novo”, diz em um dos vídeos mais recentes.

Nos bastidores de Brasília, Aécio também se move para recuperar espaço dentro do próprio partido. Trabalha para reassumir a presidência nacional do PSDB e redesenhar o papel da legenda no Congresso.

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No último mês, promoveu um jantar com o ex-presidente Michel Temer (MDB), estreitou laços com Paulinho da Força (Solidariedade-SP) nas discussões sobre a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e se posicionou contra a chamada PEC da Blindagem, proposta que ampliava as proteções parlamentares contra investigações e foi rejeitada por unanimidade no Senado.

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