Setembro é dedicado à conscientização sobre o aneurisma cerebral, a dilatação anormal de uma artéria no cérebro. Essa fragilidade pode levar à ruptura e causar uma hemorragia cerebral, muitas vezes súbita e grave. A condição afeta milhares de pessoas todos os anos e representa cerca de 5% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), com incidência global estimada em 6,67 por 1.000.000 habitantes.

Afinal, qual é a diferença do AVC?

O AVC corresponde à interrupção da circulação sanguínea no cérebro. O acidente pode ser:

  • Isquêmico: quando um vaso é obstruído
  • Hemorrágico: quando há o rompimento de um vaso, como no caso do aneurisma

Já a hemorragia subaracnóidea (ou HSA), tipo mais comum de AVC, é causado por ruptura aneurismática e tem uma incidência de 7,9 por 100.000 habitantes. Essa condição, muitas vezes silenciosa, costuma ser descoberta apenas após complicações graves, que pode levar à morte em até 60% dos casos e ainda atingir 20% da mortalidade entre pacientes hospitalizados.

Mulheres são mais afetadas?

Mulheres têm 1,4 vez mais risco de ruptura do aneurisma cerebral que os homens, o que torna a conscientização ainda mais urgente nos esforços de proteção da saúde da mulher.

Para ampliar a informação e estimular a prevenção, o neurocirurgião Feres Chaddad, professor e chefe da neurocirurgia vascular da EPM/UNIFESP, reforça a importância do diagnóstico precoce e do cuidado contínuo com a saúde neurológica.

Como identificar?

O aneurisma cerebral ocorre quando há uma dilatação anormal em uma artéria do cérebro, que pode se romper e causar hemorragia. Embora silencioso na maior parte do tempo, alguns sinais de alerta podem indicar risco: dor de cabeça súbita e intensa, alterações visuais, náuseas e vômitos, convulsões e rigidez na nuca.

“O diagnóstico de aneurisma cerebral pode impactar a vida de um paciente de forma profunda. É fundamental que a população esteja atenta aos sinais e que procure atendimento especializado diante de sintomas incomuns. O aneurisma é silencioso, mas, quando diagnosticado precocemente, as chances de tratamento seguro e eficaz aumentam significativamente”, explica Feres.

Segundo dados globais, os aneurismas cerebrais são responsáveis por cerca de 500 mil mortes por ano, sendo que metade das vítimas tem menos de 50 anos, um número impactante que reforça a urgência do tema. Além disso, mulheres apresentam até 60% mais chance de desenvolver aneurismas, e o risco de ruptura para elas é em média 1,4 vez maior do que para os homens, mesmo quando fatores como pressão arterial e tabagismo são considerados.

No Brasil, um levantamento mostra que mais de 77% dos casos diagnosticados ocorrem em mulheres, um índice que ultrapassa a média internacional. Embora o câncer seja responsável por uma parcela maior de mortes globais, o aneurisma cerebral se destaca pela letalidade imediata e alta incidência de sequelas graves, sobretudo entre mulheres, tornando a conscientização ainda mais vital.

Entre os principais fatores de risco estão hipertensão arterial, tabagismo, histórico familiar, colesterol elevado e idade, com maior incidência entre 35 e 60 anos, especialmente em mulheres.

“A dor de cabeça súbita e muito forte, acompanhada de náuseas e vômitos, pode ser um sinal clássico da ruptura de um aneurisma cerebral. Reconhecer esses sintomas pode salvar vidas, já que a rapidez no diagnóstico e no tratamento faz toda a diferença”, reforça o especialista.

Feres Chaddad, neurocirurgião especialista em doenças cerebrovasculares

Arquivo pessoal

Como tratar?

O tratamento depende do tamanho, localização e risco de ruptura do aneurisma, podendo variar de acompanhamento clínico a procedimentos minimamente invasivos, como a embolização, ou cirurgias tradicionais de clipagem.

Neste mês de conscientização, Feres ressalta a importância do acesso à informação e à avaliação médica preventiva. “Cada paciente merece uma abordagem individualizada. O mais importante é entender que o aneurisma cerebral não deve ser motivo de pânico, mas sim de atenção. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível reduzir riscos e preservar a qualidade de vida.”

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