MENOS EDENTULISMO

Brasileiros estão envelhecendo com mais dentes

No Dia Internacional do Idoso, Conselho Federal de Odontologia reforça a importância dos cuidados com a saúde bucal dessa parcela da população

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 60 anos ou mais duplicou no Brasil entre os anos 2000 e 2023, passando de 8,7% para 15,6% da população. A projeção é de que, em 2070, os idosos cheguem a 38% dos brasileiros.

Dia Internacional do Idoso, lembrado nesta quarta-feira (1/10), foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), Resolução nº 45/106 de 1990, também marca o Dia Nacional do Idoso desde a Lei nº 11433/2006. Pensando nisso, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) e os 27 Conselhos Regionais (CROs) do país destacam a importância dos cuidados em saúde bucal voltados aos pacientes dessa faixa etária, que estão se refletindo em menores índices de edentulismo no país.

Há 20 anos, a expectativa de vida dos brasileiros era de 71 anos; agora é de 76. Apesar do crescimento no número de idosos, as estatísticas oficiais apontam que as pessoas estão envelhecendo com mais dentes na boca. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil), utilizada para subsidiar a Política Nacional de Saúde Bucal, integrada ao Brasil Sorridente, tem mostrado melhoras do índice CPO-D no país. A perda dentária dos idosos caiu cerca de 4 pontos, diminuindo de 27,53 em 2010 para 23,55 na edição mais recente, realizada em 2023.

O secretário-geral do CFO, Roberto Pires, ressalta que a redução na perda dentária pode ser atribuída à modificação do modelo de atenção básica dentro das políticas públicas de saúde bucal, que estão, cada vez mais, incluindo ações de promoção, proteção, prevenção, tratamento, cura e reabilitação, seja individual ou coletiva. “Décadas atrás, o atendimento odontológico ao idoso era muito negligenciado, sendo que os tratamentos eram predominantemente voltados às extrações. Na atualidade, essa realidade mudou e o Sistema Único de Saúde (SUS) lança um olhar mais humanizado a esses pacientes”, pontua.

A odontogeriatra e presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Denise Tibério, destaca que essa evolução pode ser percebida nos pacientes, de acordo com a idade, sendo que quanto maior for a idade, maior também é o índice de edentulismo. Ela traçou um perfil dos idosos brasileiros, trazendo a diferença entre a época de nascimento e permanência de dentes em boca, prevenção e reabilitação:

  • Entre os idosos que nasceram em meados de 1930: muitos estão completamente desdentados e conformados com a ideia de que a perda de dentes faz parte do envelhecimento
  • Os que nasceram em meados de 1935-1945: são parcialmente dentados, com grandes reabilitações, mas não exercitaram a prevenção
  • Os que nasceram em 1950-1960: vieram de uma odontologia restauradora, onde grandes cavidades eram vistas como prevenção
  • A partir de 1970: começou-se a observar que os pacientes estão sendo beneficiados por ações de valorização da saúde bucal, com recursos que fortaleceram a permanência dos dentes em boca, sendo que um dos exemplos disso é o flúor, grande aliado para evitar a cárie

A importância da odontogeriatria

A tendência de crescimento da população idosa faz surgir uma demanda urgente para atendimento a essa parcela da população e coloca em evidência a especialidade da Odontogeriatria. Esse cenário faz com que os cirurgiões-dentistas especialistas em cuidados com a saúde bucal dos idosos, os odontogeriatras, estejam atentos a quais mudanças precisam ser feitas em relação a planejamentos, previsões e tratamentos.

Ao realizar o atendimento da pessoa idosa, o odontogeriatra leva em consideração as características próprias do envelhecimento, que provocam mudanças sensoriais, cognitivas e funcionais no organismo. O profissional também vai indicar os melhores cremes e escovas dentárias, a depender das características clínicas de cada paciente. Os cuidados odontológicos voltados aos idosos incluem ainda especial atenção à prevenção da doença periodontal, que é um fator de risco para doenças sistêmicas, como cardiopatias e diabetes.

“Outro ponto de atenção é em relação à cárie, pois a escovação pode ficar comprometida pelo envelhecimento das articulações, da força muscular, da visão, da hipossalivação e de mudança de hábitos alimentares, com a maior ingestão de alimentos cariogênicos, e a diminuição da frequência da escovação diária”, frisou Denise Tibério.

Além disso, o profissional fará abordagens que vão além do atendimento odontológico convencional, realizando também treinamento de cuidadores referentes às técnicas de higiene oral específicas para uma cavidade bucal envelhecida, além de orientar sobre os efeitos de medicamentos de uso contínuo na cavidade bucal.

O paciente em foco

Denise explica que o primeiro passo para um bom atendimento às pessoas idosas é a identificação do perfil e idade de cada paciente, com as classificações de 60 a 70, 70 a 80, 80 ou mais. “Cada faixa etária possui uma característica, uma história de vida e vieram de uma época da odontologia diferente. Quando se fala em idosos, também devemos levar em conta qual tipo desse idoso: independentemente da idade, existe o idoso dependente e o independente, seja funcional ou cognitivo. Tendo em vista tudo isso, podemos dizer que o idoso é singular, o que o torna único”, justifica.

Com os avanços das tecnologias e dos estudos científicos nas mais diversas áreas da saúde, cada vez mais a área da saúde tem, à sua disposição, recursos que visam facilitar e melhorar a promoção da saúde. Isso está diretamente ligado ao aumento da expectativa de vida. “A saúde bucal passou de uma fase mutiladora para uma fase reabilitadora, funcional e hoje estamos vivendo uma fase estética. Porém, quando se pensa em saúde bucal dos idosos, a reabilitação da função mastigatória e a prevenção serão o carro-chefe da saúde, pois a saúde bucal está intimamente ligada à saúde geral”, destaca Denise.

As vantagens de envelhecer com dentes preservados é que eles possuem um efeito biopsicossocial. Biologicamente, os dentes são importantes porque trituram os alimentos, facilitando a digestão; além disso, psicologicamente, eles são importantes fatores para preservação da autoestima e dos pacientes. Deve-se destacar ainda que a presença dos dentes pode garantir uma maior atividade social e melhores condições de comunicação que podem influenciar na fonética.

Prevenção

O programa CFO Esclarece, voltado à divulgação de informações orientativas aos profissionais da classe e à população em geral, destaca que as ações de prevenção em saúde bucal são a chave para a preservação dos sorrisos na população idosa. Para isso, é fundamental que os pacientes se conscientizem sobre a importância das visitas regulares aos cirurgiões-dentistas, que serão capazes de realizar os atendimentos e orientações necessários de forma individualizada.

Além disso, no caso de pessoas com menor grau de independência, familiares e cuidadores devem estar atentos e compreender que uma boca bem cuidada é sinônimo de saúde e dignidade.

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