
Campeonato de futebol decidido, o �rbitro vai a um evento dos vencedores e se gaba, ao microfone, que ajudou a derrotar o principal advers�rio. O que far� a Federa��o diante de tal esc�ndalo? Pois � um caso para a corte suprema do Brasil resolver, j� que o juiz que em breve ser� seu presidente se manifestou como participante da derrota do bolsonarismo, “para permitir a democracia”. Assim, j� emitiu julgamento sobre bolsonarismo; como poder� ser considerado isento ao presidir julgamento que envolva algum desses derrotados, um bolsonarista? A manifesta��o de ju�zo foi expressa num recinto dos vencedores, j� que o Partido Comunista do Brasil, que comanda a UNE, fez parte da coliga��o vitoriosa. Por menos do que isso o Conselho Nacional de Justi�a, que o ministro Barroso tamb�m vai presidir, j� expulsou ju�zes, mas o CNJ n�o julga ministro do Supremo; s� quem pode julgar s�o os senadores.
“N�s derrotamos o bolsonarismo”, clamou o ex-presidente do Superior Tribunal Eleitoral e em breve presidente do Supremo. Como todos sabemos, n�s � eu e mais algu�m ou outros. Aqui fica uma d�vida: N�s quem? Eu e quem mais? Uma nota do Supremo explicava que ele se referia ao voto popular –o que lembra o TSE presidido por Barroso at� fevereiro do ano passado e levanta mais d�vidas sobre o significado da frase. O ministro emitiu nota, justificando que se referia “ao extremismo golpista e violento”, o que deixa impl�cito que, na emo��o, usou o que, para ele, � um sin�nimo: bolsonarismo. O ministro do Supremo estava emocionado no ambiente da UNE, mangas arrega�adas e rosto corado. Pode ser que as caracter�sticas de um magistrado, de comedimento, equil�brio, reserva, modera��o e sobriedade tenham sido tragadas pela emo��o no ambiente da UNE e provocado uma catarse ou ato falho. S� que, como a flecha arremessada por um arco, palavras n�o voltam �s bocas.
S�o tempos estranhos no Judici�rio. O desembargador Sebasti�o Coelho, depondo na memor�vel sess�o da semana passada da Comiss�o de Seguran�a P�blica do Senado, sobre presos pol�ticos, afirmou que ju�zes de carreira sentem vergonha do que tem acontecido. Uma semana antes de aparecer no congresso da UNE, o ministro Barroso afirmara, em Porto Alegre, que o Judici�rio se tornou poder pol�tico. Isso significaria tomar poder do Legislativo, que � o poder pol�tico representante do povo. S�o tempos em que ju�zes do Supremo d�o entrevistas, emitem opini�es, debatem – ou respondem “Perdeu, Man�, n�o amola” – frase do vencedor, que agora se encaixa no contexto do que foi expressado na UNE.
Nesses dias, o ministro Gilmar Mendes bateu-boca nas redes com o ex-deputado Deltan Dallagnol. Para os da minha gera��o, tudo estranho e in�dito. Tem gente responsabilizando a TV Senado por transformar o plen�rio num est�dio em que as luzes acenderam as vaidades. No mensal�o, o presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, era aplaudido nos aeroportos; na Lava-Jato, o juiz S�rgio Moro concedia selfies nos shoppings. A atual presidente do STF era exce��o. Elogiava-se a ministra Rosa Weber por sua discri��o. Agora ela quebrou o sil�ncio. Comparou o 8 de janeiro de 2023 ao 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor. Como vai presidir julgamento dos r�us de 8 de janeiro, uma vez que j� pr�-julgou, ao afirmar que foi um novo Dia da Inf�mia. E agora quem vai poder julgar, com impessoalidade?