O mercado financeiro come�a a desembarcar em peso do governo Bolsonaro. Ap�s longo de per�odo de paix�o n�o correspondida pelo presidente, o setor, enfim, admite (com demora, diga-se) que a agenda liberal foi negligenciada – ela, na verdade, jamais esteve presente de corpo e alma na atual administra��o.

A gota d’ �gua foi a troca de comando na Petrobras por interfer�ncia direta do presidente. “Militar de carreira. Um general. Meu Deus!”, escreveu no Twitter Raphael Figueredo, s�cio da casa de an�lise Eleven Financial e uma das vozes mais relevantes entre a turma das finan�as. “Mais um 7 a 1”, disse James Gulbrandsen, gestor da NCH Capital, comparando a decis�o de Bolsonaro � derrota sofrida pela Sele��o na Copa de 2014 para a Alemanha.

“Mais uma bola fora, seu Jair”, afirmou Renato Breia, fundador da Nord Research. “Dia triste para quem trabalha e torce por um pa�s melhor”, publicou Helo�sa Cruz, gestora do clube de investimentos Stoxos, ap�s ser informada sobre as mudan�as na Petrobras.

A inger�ncia de Bolsonaro na Petrobras prejudicar� milh�es de investidores. A Petrobras � a empresa de maior peso no Ibovespa, o principal �ndice da bolsa brasileira, e provavelmente puxar� o mercado para baixo. Bolsonaro talvez tenha calculado que a decis�o afetaria apenas a Faria Lima, em S�o Paulo, e o Leblon, no Rio, que concentram as empresas de investimentos. Ele est� errado. A bolsa tem 3,2 milh�es de pessoas f�sicas cadastradas – como elas ir�o reagir � queda das a��es?

O ataque de Bolsonaro � Petrobras irritou ex-integrantes do governo. “Lament�vel a decis�o de tirar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras”, disse o empres�rio Salim Mattar, ex-secret�rio de Desestatiza��o. Paulo Uebel, ex-secret�rio de Desburocratiza��o, foi al�m. “Roberto Castello Branco foi demitido por estar fazendo o trabalho certo: blindar uma empresa estatal contra o uso pol�tico, contra o populismo”, afirmou. “Nunca o governo Bolsonaro foi t�o parecido com o governo Dilma.”

Empres�rios que participam de um grupo de WhatsApp est�o furiosos como o presidente. “Bolsonaro ‘dilmou’ de vez”, disse o dono de uma gigante varejista, ap�s saber da demiss�o de Roberto Castello Branco da Petrobras. “Isso � um esc�ndalo, um estelionato eleitoral. N�o tem agenda liberal alguma. Uma tristeza” retrucou o executivo de uma empresa da �rea de energia. Nenhuma outra medida de Bolsonaro incomodou tanto, e n�o ser� f�cil para o presidente recuperar a confian�a da elite econ�mica.