A taxa de incid�ncia de c�ncer de in�cio precoce aumentou significativamente nos Estados Unidos entre 2010 a 2019, especialmente a dos tumores gastrointestinais, de acordo com um estudo recentemente publicado por Koh e colaboradores na prestigiada revista m�dica JAMA Network Open.
Embora o c�ncer seja tradicionalmente considerado como uma doen�a de indiv�duos mais velhos, dados recentes indicam um aumento acentuado na incid�ncia de c�nceres diagnosticados entre pessoas com menos de 50 anos de idade, identificados assim como c�nceres de in�cio precoce.
Esses tumores afetam uma variedade de sistemas org�nicos, incluindo mama, c�lon e/ou reto, p�ncreas, cabe�a e pesco�o, rins e �rg�os reprodutivos. O aumento dos c�nceres de in�cio precoce est� provavelmente associado ao aumento da incid�ncia da obesidade, bem como �s altera��es nas exposi��es ambientais, como o fumo e a gasolina/diesel, os padr�es de sono, a falta de f�sica, a microbiota e a exposi��o transit�ria a variados compostos cancer�genos.
Estudos anteriores avaliaram padr�es de incid�ncia de certos tipos de c�nceres de in�cio precoce. No entanto, os pesquisadores escreveram que uma vis�o geral atualizada e abrangente ainda n�o foi relatada. Assim, conduziram um estudo de coorte de base populacional para caracterizar padr�es de incid�ncia de c�ncer de in�cio precoce nos Estados Unidos de 2010 a 2019 e para melhor entender os c�nceres com as taxas de incid�ncia de crescimento mais r�pido.
Os pesquisadores analisaram dados de 562.145 pacientes com c�ncer de in�cio precoce de 17 registros do Instituto Nacional do C�ncer americano, mais especificamente os arquivos de Vigil�ncia, Epidemiologia e Resultados Finais. Eles extra�ram taxas de incid�ncia padronizadas por idade por 100 mil pessoas para c�nceres de in�cio precoce, com taxas ajustadas por idade � popula��o geral dos EUA.
Koh e colegas descobriram que as taxas de incid�ncia de c�ncer de in�cio precoce aumentaram globalmente durante o per�odo do estudo, com uma varia��o percentual anual (APC) de 0,28%. Eles tamb�m relataram um aumento entre as mulheres, mas uma diminui��o nos homens. Os pesquisadores descobriram adicionalmente que o c�ncer de mama foi respons�vel pelo maior n�mero de casos incidentes em 2019 (n = 12.649) e os c�nceres gastrointestinais foram respons�veis %u200B%u200Bpelas taxas de incid�ncia de crescimento mais r�pido de 2010 a 2019.
Entre os c�nceres gastrointestinais, aqueles com as taxas de incid�ncia de crescimento mais r�pido estavam em: p�ncreas (APC = 2,53); ducto biliar intra-hep�tico (APC = 8,12%); e ap�ndice (APC = 15,61%). Em contraste, a taxa de incid�ncia de c�ncer entre indiv�duos com 50 anos ou mais diminuiu significativamente durante o per�odo do estudo (APC = 0,87%), de acordo com os investigadores.
Juntamente com a disparidade entre homens e mulheres, os investigadores observaram v�rios outros: o aumento do c�ncer de in�cio precoce ocorreu desproporcionalmente entre indiv�duos com idades compreendidas entre os 30 e os 39 anos, aqueles que s�o �ndios americanos ou nativos do Alasca e aqueles que s�o asi�ticos ou das ilhas do Pac�fico.
As conclus�es gerais desse importante estudo devem ter implica��es para o desenvolvimento de estrat�gias de vigil�ncia e prioridades de financiamento. H� uma necessidade de informar os profissionais de sa�de sobre a crescente incid�ncia de c�ncer de in�cio precoce, e as investiga��es de poss�veis tumores devem ser consideradas quando clinicamente apropriado, mesmo em pacientes com menos de 50 anos. Estes dados ser�o �teis para especialistas em sa�de p�blica e decisores pol�ticos de sa�de e servir�o como um apelo � ac��o para futuras pesquisas sobre os v�rios factores ambientais que podem estar associados a este padr�o preocupante.
Finalmente, deve-se ressaltar que � surpreendente que os fatores de risco associados ao aumento da incid�ncia do c�ncer sejam largamente evit�veis. Obesidade, consumo de tabaco e �lcool, estilo de vida sedent�rio, bem como diminui��o da qualidade, falta de descanso adequado - infelizmente, tudo isso foi exacerbado durante a pandemia de COVID-19, e estudos futuros ser�o muito reveladores no que diz respeito ao impacto que a COVID-19 teve sobre esses fatores de risco evit�veis %u200B%u200Bem popula��es mais jovens.
Al�m disso, � importante examinar a causa subjacente de todos esses problemas, com foco na sa�de mental e na dieta alimentar, bem como nos determinantes sociais da sa�de que influenciam estes fatores de risco. A hist�ria � provavelmente complexa e multifatorial, mas todos os caminhos apontam para um foco renovado no bem-estar dos indiv�duos e de toda a popula��o. Al�m de investigar os biomarcadores gen�ticos e epigen�ticos subjacentes da doen�a, � sensato explorar solu��es centradas na redu��o de doen�as cr�nicas e evit�veis %u200B%u200Bpara inverter a tend�ncia de aumento das taxas de malignidade numa popula��o que tem uma esperan�a de vida mais longa.