Antes de o colesterol se transformar no fantasma da sa�de, a cozinha mineira usava tudo praticamente proibido nos dias atuais. No preparo dos alimentos, o que dava o primeiro sabor e a liga conhecida era a banha de porco, que passou a ser substitu�da por mil e um �leos que n�o d�o gosto a nada – v�rios deles, ali�s, v�m sendo acusados de t�o prejudiciais � sa�de quanto a banha de porco. A carne mais servida durante a semana variava entre a costelinha de porco e as partes mais comuns. Lombos e pernis eram habituais nos almo�os dominicais, nem precisava ser dia de festa. O peru, que os italianos costumam avaliar como no sabie a niente, ganhou o ponto nobre da mesa natalina. E o torresmo, resultado da fritura da gordura para fazer a banha com a qual se cozinhava tudo, sobrava na vasilha que ficava sempre em cima do fog�o.
Na casa da minha av�, em Santa Luzia, os netos corriam dos quartos para a sala, da sala para a cozinha. Quando gostavam, podiam beliscar torresmos diretamente da panela. Meu av�, acamado por problemas card�acos e proibido de comer torresmo, dava a todos n�s uma moedinha sem valor para roubarmos aquela del�cia para ele na cozinha.
Felizmente, as coisas est�o mudando – muitos dos �leos usados em substitui��o � banha nem sequer s�o aprovados para a comida saud�vel. Aqui e ali, leit�es e torresmos t�m ressurgido n�o s� nas casas, como nos restaurantes de BH. Agradam tanto que um restaurante famoso de Curitiba, o Quermesse Bar, acaba de abrir filial na capital e vai promover um festival de torresmos para ensinar aos mineiros o que � bom. Repete o esquema adotado em Curitiba, que bombou entre os frequentadores.
O festival de torresmos � moda curitibana come�a no dia 26 e vai at� o dia 30. Novidade, mesmo, � o torresmo de rolo, que n�o conhecemos por aqui. Os outros s�o de tira, pururuca e cubos. O local tem 150 lugares. Quatro op��es de torresmo v�o custar R$ 10 (cada). Outra atra��o ser� o bald�o. A cada cinco cervejas de balde, o cliente ganha a sexta.
Al�m do torresmo, o Quermesse vai servir pratos tradicionais. Diogo Manfredini, s�cio da casa, trar� de Curitiba o churrasco de igreja. Esse prato tradicional paranaense tem 500g de carne assada marinada de v�spera e acompanhamento (250g de fritas). J� o bife sujo tem iscas de alcatra preparadas na chapa, que chegam � mesa com fritas e fatias de p�o franc�s, entre outros acompanhamentos.