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Estado de Minas

O Natal de antigamente deixa muitas saudades

Tudo era feito em casa: pres�pio perfumado com cabacinhas, doce de leite no fog�o de lenha, ceia temperada pela cozinheira, receitas portuguesas...


postado em 03/12/2019 04:00


Bom do Natal de antigamente era a surpresa do presente. A meninada n�o conhecia nada, n�o tinha acesso a praticamente nenhuma informa��o de consumo. Os parcos brinquedos que apareciam eram um refinamento a mais dos que j� existiam. As bolas dificilmente furavam, porque eram feitas de... borracha. Borracha mesmo, a que hoje � usada para fazer pneu. Mas as espingardinhas de rolha davam realmente o tiro esperado, mesmo que a “bala” tivesse retorno garantido, pois era amarrada com um peda�o de barbante. As bonecas ricas vinham sempre da Europa, vestidas regiamente com roupas de �poca, de seda e outros tecidos mais preciosos. Mas existiam tamb�m as de celuloide, que ficavam deformadas com qualquer apert�o mais forte da propriet�ria. O celuloide era, ali�s, o material usado nas figuras do pres�pio. Vinham sempre da Alemanha – variad�ssimas e absolutamente inusitadas, caso das feras pouco conhecidas por aqui, elefantes, girafas e outros bichos africanos. S�mbolo das posses dos propriet�rios, as figuras mais habituais eram modeladas em barro ou porcelana – estas, sim, maravilha pura.

Nunca me esqueci do cheiro das ma��s que chegavam da Europa embrulhadas em papel de seda azulado, mas o que prefiro reviver hoje �, com toda certeza, o perfume das cabacinhas, chegadas da ro�a diretamente para os pres�pios dom�sticos e que perfumavam a casa toda. Nunca descobri que tipo de planta � essa, que cresce espontaneamente no campo e frutifica sempre em dezembro para marcar nas mem�rias do passado com seu cheiro doce, definitivamente ligado ao Natal. Parece que o progresso acabou com elas – no fim do ano, eram mercadoria muito disputada. Os pres�pios de hoje s�o perfumados artificialmente por spray ou varetas de madeira colocadas dentro de extratos perfumados. Ningu�m consegue guardar, pois o perfume mais pr�ximo que se tem deles s�o aqueles usados em lavabos sociais.

Outro lance importante desses cheiros e presentes de fim de ano s�o os perfumes que nascem das cozinhas quando a ceia � preparada em casa. Com as facilidades dos tempos modernos, dificilmente algu�m assa um peru temperado pelas m�os da dona da casa. A maioria prefere comprar a ceia j� pronta e congelada nas mercearias, d� menos trabalho e o resultado � mais do que garantido. Por�m, � preciso ficar esperto, criar um diferencial para que a ceia perca aquela caracter�stica igual, com sabores iguais, acompanhamentos iguais. As ceias natalinas chegavam regiamente na �poca em que da cozinha mineira surgiam sempre os mesmos pratos, excelentes v�rios deles, mas com pouca variedade. No Natal, o rega-bofe era de qualidade, com algumas receitas autenticamente portuguesas, o costume ficou.

At� o conhecido doce de leite era diferente, gastavam-se dias para ficar pronto, colocado numa panela grande, a��car e leite no fog�o de lenha. Os dias transformavam o doce numa del�cia que derretia na boca, tinha volume, textura, era mais do que esse creme comprado pronto dentro de uma lata comum. Sobremesa diferente eram as gelatinas, preparadas com folhas da goma derretida e juntada a suco e frutas. Tudo natural, pois geladeiras eram raras.

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