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Estado de Minas

Reclus�o na quarentena tamb�m tem momentos de raras alegrias

Neste tempo de desespero, o al�vio vem quando recebo telefonemas de amigos ou conhecidos, que acreditam que continuo existindo sem ter celular


postado em 16/04/2020 04:00


Aprendo a cada dia o que significa a vida de pessoas que n�o fazem parte da parafern�lia moderna de comunica��o. Quando informo a um e outro que n�o possuo celular, vejo na cara de quem pergunta a d�vida: ser� que � verdade ou ela est� mentindo?. Ningu�m acredita que no mundo virtual algu�m pode sobreviver sem ter nas m�os a maquininha da vida, que quase sempre � de faz de conta. E que retirou de boa parte da humanidade o prazer de jogar conversa fora, de se comunicar com alegria, amor, indiferen�a ou at� raiva e desprezo.

Por causa disso, uma das raras alegrias desse tempo de desespero e reclus�o � quando recebo telefonemas de amigos ou conhecidos, que acreditam que continuo existindo sem ter celular. � claro que quando trabalho na reda��o do Estado de Minas o telefone complementa os mais de 300 e-mails que recebo diariamente, a maioria deles sem ter o que falar. Poucos s�o os que t�m realmente alguma coisa interessante e aproveit�vel, mas o telefonema muitas vezes serve, realmente, para cumprir seu papel hist�rico de comunicador.

Em casa, recebo alguns telefonemas aflitos, de amigos que acreditam que estou brincando com a maldi��o dos dias atuais, que tenho que me cuidar, lavar as m�os o tempo todo, n�o sair de casa para nada, usar delivery para tudo. Tomo meus cuidados para evitar trazer coronav�rus para as poucas pessoas que est�o convivendo comigo. Mas medo de morrer n�o tenho nenhum, gra�as a Deus. Quem j� escapou de dois c�nceres pode ficar apavorada com mais alguma coisa? Acho que n�o, e, por causa disso, o que me agride mais nesta temporada de reclus�o obrigat�ria � medo de tudo, de viver – ou melhor dizendo, de perder a vida por uma s�ndrome que ningu�m, na realidade, conhece mesmo.

De vez em quando recebo um alento, como nesta semana. Comentei aqui sobre o livro � mesa com E�a de Queiroz, da escritora portuguesa Maria Ant�nia Goes, e entre as receitas curiosas, encontradas nos textos do grande escritor portugu�s, achei novidade em uma cita��o de um rebu�ado de avenca, citado no livro O primo Bas�lio. N�o conseguia saber como � que uma folhagem t�o decorativa quanto a avenca poder ser usada para fazer rebu�ado.

Sorte minha � que tenho leitores fi�is e cultos e um deles, Lomelino Couto, que conhe�o de longa data, ligou para me falar sobre o assunto. S� que ele achava que a cita��o era de um tempero muito comum na cozinha nacional, escarola, e me contou como era e para que servia. Quando alertei a ele que o nome do tal tempero desconhecido era avenca, ele percebeu logo que tinha errado as marchas. E que ia procurar se informar e logo me daria uma informa��o correta sobre o assunto.

Estava bem interessado. Foi � sua biblioteca e logo achou, no livro citado, a cita��o da avenca. E me contou que, pelo livro, a aven�a nasce com frequ�ncia em cisternas. E que o frescor da �gua faz com que seja farta e �til em terras portuguesas. A folhagem � realmente usada por suas qualidades curativas, em processos de produ��o de rebu�ados para curar dores de garganta. J� pensaram quando � que �amos descobrir isso?

Lomelino me contou tamb�m que tinha o livro – mas que, como sempre, tinha emprestado a um amigo e nunca o recebeu de volta. E me contou que o melhor caminho para encontrar livros sumidos � na biblioteca de amigos. N�o � que tem raz�o?

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