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Estado de Minas entrevista/Rony Meisler - 41 anos, empres�rio

Gest�o com prop�sito

Marca de roupas masculina � baseada em valores que privilegiam o impacto social e ambiental


04/09/2022 04:00

Rony Meisle e Alexandre Birman
Rony Meisler, s�cio fundador da Reserva e CEO da AR&Co, e Alexandre Birman, proprietario e CEO da Arezzo&Co (foto: reserva/divulga��o)


Rony Meisler � um vision�rio extremamente criativo, daqueles que pensam fora da caixinha. Cofundador do Grupo Reserva e CEO da AR&Co, bra�o de lifestyle do grupo Arezzo&Co, transformou o projeto despretensioso de venda de bermudas de praia com um amigo de inf�ncia, Fernando Sigal, em uma das marcas mais importantes de moda do Brasil. A Reserva inovou ao usar a mesma l�gica das startups de tecnologia para reinventar muitas das velhas pr�ticas do mercado de varejo de moda. O neg�cio cresceu para al�m da pr�pria Reserva; nasceram a Reserva Mini, Eva, Oficina, Reserva Ink. � medida que a empresa crescia, ele e o s�cio Fernando Sigal estabeleceram como premissa da empresa o investimento no impacto socioambiental e na valoriza��o dos funcion�rios. O sucesso foi t�o grande que no final de 2020 o Grupo Reserva anunciou a fus�o com o Grupo Arezzo&Co e foi criada uma nova avenida de crescimento em marcas de vestu�rio, sob gest�o de Rony. Hoje, al�m da Reserva, somam-se Vans, TROC, plataforma de moda circular, BAW, marca de streetwear que mais cresce no Brasil, e Carol Bassi, marca feminina refer�ncia no mercado de luxo.
 
Qual o projeto de maior destaque?
� o 1P5P de combate � fome. Desde o in�cio do projeto, em 20 de maio de 2016, j� entregamos quase 73 milh�es de refei��es. Nasceu porque fui fazer a entrega de um outro projeto da marca, em Pentecoste do Norte. J� est�vamos pensando em fazer um novo projeto de f�cil entendimento e percep��o para o cliente, na �rea de educa��o, mas dei uma carona para um adolescente da regi�o e contei os planos do projeto de educa��o. Ele disse que o problema do pa�s n�o era educa��o, mas a fome, que ele ia para a escola para comer. Disse ainda que a gente estava dentro de uma bolha e tinha que estudar a fome no Brasil. Aquilo foi um ponto de inflex�o na minha vida pessoal, quando entendi por que estava fazendo o meu neg�cio. Estudamos a fome, na �poca eram 53 milh�es de brasileiros com inseguran�a alimentar grave, hoje s�o 125 milh�es. Um em cada dois brasileiros n�o sabe se ter� alguma coisa para comer. Isso ocorre porque desperdi�amos de diversas maneiras. Na ind�stria, no campo, na nossa casa, nos restaurantes, supermercados etc. A comida vai para o lixo. No 1P5P, a cada pe�a vendida doamos 5 pratos de alimento.
 
Como � feita a distribui��o?
Encontramos os bancos de alimentos que fazem o papel de pegar nossa doa��o e entreg�-la onde tem necessidade. Muita gente n�o sabe direito o que � isso. O banco de alimentos tem uma estrutura log�stica que pega o alimento de sobra, assume a responsabilidade sobre esse alimento. Isso porque existiam leis que proibiam a doa��o da iniciativa privada por risco de contamina��o e doen�a, e criminalizavam quem do- ava. Eles assumiram isso e entregam onde falta, como hospitais, creches, asilos, abrigos, escolas etc. Eles cumprem um papel important�ssimo, porque n�o falta comida no Brasil. Produzimos no campo e na ind�stria quase 130% da necessidade alimentar de tr�s refei��es di�rias para todo cidad�o brasileiro. N�o � uma quest�o de comprar mais comida, � pegar a que ia para o lixo e entreg�-la onde � preciso. Encontramos um em S�o Paulo, o Banco de Alimentos, de uma hero�na chamada Luciana Quint�o, e outro no Nordeste, o Mesa Brasil, do Sesc. Temos parceria com os dois.

A marca nasceu para ser diferente. Fale dessa quebra de paradigma.
Grande parte das empresas existe �nica e exclusivamente para obter lucros. N�o importa se est�o destruindo culturas, envenenando o planeta, e o impressionante � que continuam sendo admiradas. Nascemos para fazer diferente e quebrar todas as regras do jogo. Focamos em realizar um trabalho com amor para fazer diferen�a no mundo empresarial e na vida das pessoas. Mudamos o modelo de gest�o tradicional, a Reserva n�o se concentra no produto, mas sim em suas a��es, projetos sociais, inova��es e um relacionamento profundo com os "clientes", ou melhor, amigos. Depois que meu av� morreu, escrevi o livro "Rebeldes t�m asas" para contar nossa hist�ria e mostrar que todos podem empreender. Nosso modelo de gest�o � baseado no "por que fazemos" e n�o em "o qu� fazemos". Temos 29 s�cios e s�cias que vieram da opera��o e nos ajudam em toda essa parte criativa e operacional. Estou aqui s� para enlouquecer eles um pouco. A prosperidade tem um lado bom, que � o lado l�gico; a outra � que voc� n�o manda mais nada, porque tem que fazer atrav�s das pessoas. Se n�o tem um time maravilhoso n�o faz nada.

Voc� diz que teve muita influ�ncia do seu av�. Fale um pouco desse relacionamento.
Meu av� Benjamin era polon�s, refugiado da Segunda Guerra e sobrevivente do Holocausto; ele e minha av�. Conheceram-se no navio vindo para o Brasil. Coincidentemente, nesse mesmo navio vieram os av�s da minha esposa, Anny, que foi minha amiga desde que eu tinha 15 anos e ela 13. �ramos amigos mesmo, s� demos o primeiro beijo quando ela tinha 26. Chegaram quase indigentes. Ele come�ou como mascate, e depois abriu uma loja no Saara. Chegou a ter seis lojas e vendia de tudo. Era �timo vendedor e p�ssimo administrador, e por isso ele quebrou e voltou para Israel. Ele morreu em 2014, e mant�nhamos contato assiduamente. E se sentia realizando atrav�s da gente. Comecei a escrever o livro quando voltava do funeral dele. Meu lado comercial veio dele; para ter uma ideia, eu vendia xampu para mim mesmo na frente do espelho.

Se o conselho � bom, o exemplo arrasta.
Depois que lancei o livro, passei a ser convidado para fazer algumas palestras e as pessoas pedem conselhos. Quem sou eu para dar conselho para algu�m? Sou moleque, comecei ontem. Tenho exemplo do que eu j� fiz. N�o posso ser refer�ncia pelo conselho, mas pelo que j� fiz. O conselho pode ser bom, mas � o exemplo que arrasta a pessoa pra frente, porque mostra que � poss�vel, in- centiva. Se n�o observar quem fez e ir l� e fazer, n�o sair� do lugar.

Por que ser uma pessoa que n�o entende nada de determinado mercado pode ser uma �tima vantagem competitiva?
Isso � uma fortaleza. Porque n�o temos preconceitos, mitos e v�cios do setor com rela��o aos processos. Sabe aquela coisa de n�o vou fazer isso porque todo mundo da �rea diz que n�o d� certo? E por isso n�o tentamos e nem pensamos na forma de mudar. Se n�o entendemos nada, n�o pensamos assim e ousamos, aventuramos, e acabamos descobrindo novas maneiras de fazer as coisas, e d� certo. Olha a prova disso.

Qualquer um pode pensar fora da caixa?
Quando se apaixona pelo que se faz, est� realmente engajado com aquilo, voc� se torna um curioso. Pesquisa, l�, estuda, ouve palestras. E isso abre a mente e voc� passa a ter muitas ideias. Isso � pensar fora da caixa, � agu�ar a criatividade. Mas precisa ter coragem para ir l� e tentar.

Como nasceu o Pica Pau, que � o s�mbolo da marca?
A Reserva precisava de uma maior identidade e decidimos criar uma mascote. No nosso processo criativo, gosto de fazer escolhas que, a princ�pio, n�o cheiram nem fedem, que s�o neutras. Se � neutro, podemos construir o que quisermos em cima, de percep��o. Contratamos a designer M�rcia Cabral para criar esse  s�mbolo. Falamos que quer�amos um bicho para ser a imagem, assim n�o envelheceria. N�o queria que eu fosse a imagem da marca. Ela fez v�rios e n�o gostamos de nenhum. Perguntei se n�o tinha nenhum neutro, que ningu�m tinha amado nem odiado. Ela trouxe o lixo, literalmente. Ela n�o tinha gostado do pica-pau, e ele estava em uma folha por cima de tudo. Nand�o e eu olhamos e vimos que era ele, foi amor � primeira vista. E o bichinho tem estrela.

Como foi a fus�o com a Arezzo?
Foi muito bom para todos n�s. A uni�o fez sentido para os dois grupos. Eu continuo � frente da opera��o da Reserva, meus s�cios Fernando Sigal, Jayme Nigri e Jos� Alberto da Silva tamb�m continuam no dia a dia da empresa. A fus�o fez nascer a AR&Co, uma subsidi�ria da Arezzo que � o ecossistema para a expans�o e cria��o de novas marcas em vestu�rio, e eu sou o CEO. Estamos em total sintonia e sinergia. Compartilhamos do mesmo pensamento e filosofia. Continuamos na nossa caminhada, e agora temos uma folga maior para realizar nossos projetos. A Arezzo s� nos trouxe valores. Estamos aprendendo muito daquilo que n�o faz�amos bem. Sempre fomos voltados para o consumidor final do que para o mercado de multimarcas e franquias. A Arezzo entende muito disso e estamos absorvendo e implantando no nosso neg�cio. Modelo de gest�o sempre fomos muito mais lideran�a criativa do que gestor. Mas n�o t�nhamos muito m�todo, era tudo muito intuitivo, estamos aprendendo com eles pra caramba. Toda a parte de cal�ados. Mantendo a mesma infraestrutura, a mesma equipe, n�o mexendo na nossa cultura em nada, s� estamos aprendendo com nossos s�cios e implantando o que eles fazem de melhor. Mudou para melhor, porque estamos realizando com mais folga, mas com muita respon- sabilidade.

Agora, com a abertura de mais uma loja em Belo Horizonte, quais os planos da marca?
A Reserva � um ecossistema de marcas, de sublabels que se complementam, seja pela estilo de vida ou ocasi�o de uso. Tem a Reserva, que � o casual; a Reserva Co., de cal�ados; a Oficina Reserva, que vai abrir em outubro no BH Shopping, que � um relax workwear, uma moda de trabalho mais urbana, moderna e confort�vel; a Mini, que � o infantil; Reversa, que � o feminino; e a Simples, que lan�aremos este ano, que � um b�sico democr�tico, com pre�os mais acess�veis. Nenhuma vai canibalizar a outra. 


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