Saiba qual exerc�cio f�sico � indicado para controlar o diabetes

Uma tradi��o familiar, pelo menos at� a minha gera��o, era n�o se ligar a exerc�cios f�sicos. S� tive um irm�o que jogava futebol de sal�o e at� viajava com seu time, um caso raro. Meu neurologista, Francisco Cardoso, n�o acha a menor gra�a quando me recomendava fazer exerc�cios e eu finjo que fa�o. Precisava fazer, principalmente por causa do diabetes. Quando era mais nova, ia de minha casa, no Gutierrez, at� o jornal, na Rua Goi�s. Subia a ladeira da �lvares Cabral numa boa, n�o chegava nem a suar. A idade chegou e para andar uns 10 minutos sofro bem. E at� devia fazer pelo menos esse exerc�cio para tentar melhor o desempenho do meu exame de glicemia, que n�o est� t�o legal quanto meu outro m�dico, Walter Caixeta, gostaria. S� que credito o aumento do resultado do exame que fa�o toda manh� ao estresse provocado pela situa��o atual. Para quem n�o tem pregui�a de malhar, a coluna tr�s hoje recomenda��es de uma especialista.

Diante das limita��es impostas pelo per�odo de quarentena, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) explica como diferentes exerc�cios f�sicos podem contribuir para a estabilidade glic�mica, sendo uma ferramenta eficaz para o controle e preven��o do diabetes. Segundo a endocrinologista Andrea Fioretti, membro do Departamento de Nutri��o, Exerc�cios e Esporte em Diabetes da SBD, cada tipo de exerc�cio atua de modo distinto no corpo. Enquanto os aer�bios (como caminhada r�pida, nata��o e ciclismo) estimulam a queda nos n�veis de glicemia, os anaer�bios (muscula��o e outras atividades de for�a ou resistidas) promovem sua manuten��o ou eleva��o. A m�dica, contudo, aponta outros fatores que as pessoas com diabetes devem observar ao escolher seus exerc�cios f�sicos.

A atividade f�sica � muito importante para a manuten��o da sa�de como um todo. No caso do diabetes, os exerc�cios ajudam a controlar os n�veis de a��car no sangue, pois aumentam a sensibilidade � insulina. Al�m disso, colaboram para a redu��o/controle do peso e promovem melhorias no condicionamento do sistema cardiovascular.

Durante a pr�tica de exerc�cios aer�bios, os m�sculos tendem a captar mais glicose por um per�odo de at� duas horas (por mecanismos independentes da insulina) e por 48 horas (por meio de mecanismo dependente da insulina). Dessa maneira, o exerc�cio aer�bio provoca a queda da glicemia.

Em outra medida, os exerc�cios anaer�bios ou resistidos, por meio de pesos livres, garrafas pet com �gua ou areia, aparelhos de muscula��o, ou mesmo calistenia, provocam a manuten��o ou eleva��o da glicemia, evitando quadros de hipoglicemia durante o esfor�o. “Como o exerc�cio anaer�bio � de curta dura��o e alta intensidade, exige uma mobiliza��o r�pida e aguda das fontes de carboidratos e gorduras para a obten��o da energia adequada para o esfor�o. Para tanto, ocorre uma eleva��o significativa dos horm�nios hiperglicemiantes. Dessa forma, esse tipo de exerc�cio f�sico eleva ou mant�m a glicemia”, comenta a especialista.

A endocrinologista comenta que ambos os tipos de exerc�cios s�o importantes e complementares para as pessoas com diabetes: os aer�bios atuam no condicionamento cardiovascular. E os anaer�bios no ganho de massa muscular e for�a. “Uma estrat�gia interessante para melhoria do controle glic�mico � escolher a sequ�ncia dos dois tipos de exerc�cio na sess�o do treino, combinados a depender da glicemia realizada antes da sess�o, ou seja, iniciar a sess�o de treino com o exerc�cio resistido quando a glicemia estiver tendendo a cair; e o aer�bio quando a glicemia estiver relativamente mais alta ou tendendo a se elevar antes do esfor�o”, sugere a endocrinologista.

Outra op��o � selecionar o tipo de exerc�cio a ser realizado a depender da glicemia pr�-treino, quando apenas um dos tipos de exerc�cio for praticado: praticar o resistido quando a glicemia estiver normal ou tendendo a cair e praticar o aer�bio quando a glicemia estiver relativamente mais alta ou tendendo a se elevar antes do esfor�o.

Andrea Fioretti orienta ainda para que as pessoas com diabetes realizem uma avalia��o m�dica detalhada para a triagem de poss�veis complica��es secund�rias ao diabetes, que exigem prescri��o individualizada de exerc�cio e alerta sobre a import�ncia da monitoriza��o da glicemia antes, durante e ap�s o exerc�cio para que o indiv�duo realmente usufrua dos benef�cios da pr�tica do exerc�cio.