
J� contei aqui, mas n�o custa nada repetir, que quando tive c�ncer de intestino e fui submetida � quimioterapia, parei na terceira aplica��o, porque escolhi morrer da doen�a e n�o do tratamento. Fui me recuperar no Mater Dei, do estado lament�vel em que estava, passei alguns dias no CTI e, recuperada, ca� fora. O dr. Jos� Salvador me deu 15 dias para voltar � quimioterapia (n�o era feita l� ainda), mas me recusei a voltar ao tratamento. Pela gra�a de Deus, fiquei curada sem a qu�mio, que � um sofrimento para muitos doentes que t�m que se submeter a esse tratamento.
Tenho pessoa pr�xima da fam�lia que est� pagando todos os pecados com esse tratamento, que n�o pode deixar de lado – e nem � doida como eu para fazer a escolha que fiz. Ent�o, por isso, fiquei muito interessada em um e-mail que recebi sobre o assunto, que relata que a Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS) abriu consulta p�blica para a introdu��o, no Brasil, de um novo teste gen�mico que pode evitar o encaminhamento de mulheres com c�ncer de mama em est�gio inicial para tratamento de quimioterapia. A consulta, que se iniciou em outubro, m�s em que se comemora a campanha Outubro Rosa, fica aberta at� 21 de novembro.
Trata-se de avaliar os resultados de um programa de experi�ncia cl�nica (PONDx) do Oncotype DX Breast Recurrence Score, desenvolvido pela fornecedora l�der de exames para rastreamento e diagn�stico de c�ncer, Exact Sciences, que foram apresentados no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Cl�nica (Asco) de 2020. O estudo, que teve uma parcela realizada no Brasil em pacientes tratadas no Hospital P�rola Byington, maior centro de tratamento ao c�ncer de mama do pa�s, revelou que cerca de 69% das pacientes brasileiras, que inicialmente tinham sido recomendadas a receber quimioterapia, foram poupadas e receberam terapia hormonal isoladamente. Elas foram poupadas de efeitos colaterais como fadiga, n�useas e perda de cabelo, entre tantos outros, al�m de grande benef�cio econ�mico para o Sistema �nico de Sa�de (SUS).
O programa PONDx foi tamb�m realizado na Santa Casa de S�o Paulo, pelo presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Vilmar Marques. Segundo ele, das 30 pacientes que foram avaliadas, cerca de 70% n�o necessitaram da quimioterapia. “Foi um ganho muito grande. Inclusive, alguns conv�nios j� est�o disponibilizando sem a necessidade judicial”, afirma Marques. Os crit�rios para a escolha das pacientes foram a presen�a de carcinoma invasivo (qualquer subtipo), T1 e T2, N0 e N1 (at� 3 linfonodos) e luminais (A e B).
Como destacado no estudo, o teste desenvolvido pela Exact Sciences e comercializado pelo Grupo Fleury no Brasil demonstra uma mudan�a de pr�tica no uso de quimioterapia e evita o excesso de sobretratamento. “Al�m de identificar quais pacientes de fato se beneficiar�o da quimioterapia, observamos tamb�m um melhor uso dos recursos de sa�de”, diz o diretor m�dico da Exact Sciences para a Am�rica Latina, Sergio Oliveira.
Para esta etapa, � fundamental a divulga��o expressiva dos benef�cios do teste, a participa��o de m�dicos e pacientes, al�m do apoio de organiza��es ligadas ao tema, como o Instituto Oncoguia e a Femama. “� necess�rio e muito importante que as pessoas saibam dessa consulta. Entrem no site da ANS (www.ans.gov.br) e deixem seus coment�rios t�cnicos ou n�o para que o acesso e cobertura a esse tipo de exame seja ampliado, e dessa forma mais pacientes sejam beneficiadas com o teste e seus resultados”, diz Luciana Holtz de Camargo Barros, presidente e diretora-executiva do Instituto Oncoguia.