O que foi novidade no New York Fashion Week, que arrebatou o mundo, j� � not�cia velha por aqui. Desta vez, quem foi copiado fomos n�s, os brasileiros. E depois nos chamam de terra tupiniquim. Somos, sim, tupiniquins com muito orgulho, pois � gra�as a essa miscigena��o que somos um po�o infind�vel de criatividade e ousadia.
Agora em setembro, as top models internacionais surpreenderam o mundo ao pisar a passarela com o corpo desenhado por fita isolante. Algum dos leitores se surpreendeu com a not�cia? Duvido muito, porque, em 2017, lemos nos principais jornais e sites do Brasil, ouvimos nos telejornais e vimos nas redes sociais o famoso sol na laje de �rika Bronze, no Rio de Janeiro.
A ousada carioca fazia, desde 2016, com perfei��o, em fita isolante, o biqu�ni em cada uma das clientes que queriam ter a marquinha perfeita no corpo. A mat�ria mereceu destaque na Veja, que – como sempre – levantou a pol�mica do risco � sa�de. S� mesmo para ganhar leitores, porque nunca foi constatado nenhum caso de problema de pele por causa dessa t�cnica inovadora.
A cantora Anitta n�o perdeu tempo e, em 2017, lan�ou a m�sica “Vai malandra” e no clipe do single usou um ousado modelo do biqu�ni de fita isolante. Arrebatou cora��es, ganhou muitas curtidas, a m�sica estourou nas paradas, ganhou pr�mio e mostrou, mais uma vez, que a popstar brasileira faz quest�o de estar pr�xima do povo, no que diz respeito ao que est� em voga.
Em 2020, aqui em nossa terra, foi lan�ada a sunga de fita isolante. A moda n�o pegou muito, era uma sunga X 40 biqu�nis por dia. Imagino que contava muito o medo de soltar e depois a dor da depila��o “inevit�vel” na hora da retirada, em uma regi�o t�o sens�vel.
Pois bem, as modelos causaram estrondo, foram motivo de artigos e suas fotos estamparam sites e jornais. A fita isolante recebeu o nome de "fita de sexo" pelos americanos. Tudo foi parte do Projeto da Fita Preta, uma iniciativa de moda n�o convencional sonhada pelo autoproclamado "pioneiro" da fita adesiva corporal Joel Alvarez.
Mas, enfim, como tudo que � importado tem mais valor, o chamado "Rei da Fita" estreou a sua �ltima linha de banho em fita na Funda��o Angel Orensanz, agora em setembro, em Manhattan, com desenhos minimalistas. E, segundo diz, se inspirou por um encontro que teve quando trabalhava como fot�grafo de moda, em 2008. Em in�cio de carreira, uma modelo "sugeriu que eu usasse fita isolante adesiva nela para o �ltimo olhar”, disse ele. Pois bem, sou curiosa e fiz uma pesquisa na internet, n�o encontrei absolutamente nada datado de antes de 2017. E nessa �poca o ti-ti-ti sobre o clipe da Anitta j� estava rolando solto.
A cobertura mais antiga que achei foi de maio de 2017. Ele substituiu a roupa de modelos por fita isolante e as levou para casas noturnas de Miami, na Fl�rida (EUA), principalmente aquelas ligadas ao fetichismo, ao erotismo e ao hedonismo. “O impacto da investida foi grande. Depois, a trupe adesivada desembarcou em Nova York e Las Vegas, e a vestimenta do Black Tape Project acabou copiada por frequentadoras de boates na terra do Tio Sam. Em alguns pa�ses da Europa, a moda tamb�m desembarcou.”
Enfim, voltando ao estilista “inovador”, segundo ele disse, atualmente est� voltado e concentrado no ensino e educa��o dos outros, encorajando o mundo a experimentar este novo g�nero de arte corporal com uma cole��o da nossa pr�pria fita adesiva corporal segura para a pele, que desenvolveu a partir dos seus projetos no passado. Mas toda essa hist�ria me lembrou uma famosa frase de Chacrinha parafraseando Lavoisier: “Nada se cria, tudo se copia”.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)