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Estado de Minas ANNA MARINA

Psiquiatra alerta para o perigo da falsa vida estimulada pelo celular

Tornar-se ref�m de likes ou buscar aconchego nas redes sociais pode provocar transtornos psicol�gicos como a distor��o da autoimagem


01/12/2022 04:00 - atualizado 01/12/2022 09:23

Ilustração mostra homem olhando a tela do celular, com o pescoço preso ao aparelho por uma corrente

J� contei aqui, mas n�o custa repetir que fui das primeiras pessoas desta cidade a comprar um celular. A informa��o me foi passada por F�bio Castro, filho da minha saudosa amiga Helena Castro. Ele telefonou, me deu o endere�o da novidade e disse que o pre�o compensava o risco. N�o tenho certeza, mas o pre�o girava em torno de R$ 260.

Fui at� l�, comprei a novidade e recebi um “tijolo”, que era do tamanho do telefone. Foi t�o �til que fui parar com o meu at� nos Estados Unidos. Usei, at� que meu marido morreu e joguei o aparelho fora.

Tomei horror, porque a novidade simplesmente acabava com o prazer de encontrar amigos, de imaginar como seria a decora��o de uma festa e por a� vai. Fiquei livre do telefone e dessa mania terr�vel, que ataca em todas as frentes, de acreditar nas fake news que desafiam intelig�ncias respeit�veis.

O celular pode at� ser auxiliar precioso para quem quer saber de tudo de pol�tica, de economia, de gente que conhece ou que gostaria de conhecer, para comprovar amizades inexistentes e outras tolices da vida atual.

Na d�cada passada, o cyberbullying j� era assunto muito comentado. Hoje, fala-se tamb�m sobre como o n�mero excessivo de horas em frente �s telas pode ser prejudicial ao modo como enxergamos a n�s mesmos e � vida. Ou seja, o tamanho da influ�ncia das redes sociais sobre a sa�de mental e seus efeitos v�m sendo analisados h� algum tempo e a tend�ncia � de que esse tema esteja cada vez mais em pauta. 

Isso nada mais � do que prova da import�ncia de ter olhar cr�tico frente aos poss�veis efeitos que as redes t�m sobre a sa�de da mente, reitera S�rgio Rocha, m�dico psiquiatra e diretor da Cl�nica Revitalis, refer�ncia em tratamento de sa�de mental.

O profissional explica que esses poss�veis efeitos n�o s�o not�veis apenas no dia a dia, mas tamb�m a longo prazo. O mesmo � explicitado em estudo realizado no Instituto Federal de Educa��o Ci�ncia e Tecnologia de Alagoas, que analisou os impactos das m�dias sociais sobre o funcionamento mental de adolescentes. As consequ�ncias podem ser observadas em altera��es nas rela��es sociais dos jovens, por exemplo.

Por conta do excessivo uso das redes, muitas pessoas acabam por desenvolver a distor��o de autoimagem ou, em termos mais t�cnicos, transtorno dism�rfico corporal. Em suma, trata-se de um transtorno psicol�gico em que prevalece a percep��o distorcida do pr�prio corpo, fazendo com que a pessoa superestime pequenas imperfei��es ou at� mesmo imagine essas imperfei��es, inexistentes at� ent�o. 

O excesso de exposi��o a imagens de corpos perfeitos e a compara��o com seu pr�prio corpo, consequ�ncia de passar muito do seu tempo nas redes sociais observando as vidas e apar�ncias alheias, pode estar associado ao aumento da preval�ncia do transtorno.

Diferentemente dos tempos anteriores, em que nos compar�vamos apenas com pessoas de nosso conv�vio ou, no m�ximo, com celebridades de revistas e TV, hoje somos bombardeados diariamente por imagens –  escolhidas a dedo – das vidas de centenas, milhares de pessoas que, muitas vezes, nem sequer conhecemos.

Por isso, “o efeito desse conte�do cont�nuo e constante pode ser realmente mal�fico para nossas mentes e, principalmente, para nossa autoestima”, afirma Rocha.

Ao gastar nosso tempo livre rolando o feed ao longo do dia, acabamos n�o fazendo outras coisas. Por vezes, essa � uma escolha consciente, mas geralmente n�o � o caso. Acabamos abdicando de fazer outras coisas durante o tempo ocioso que temos, como ler, praticar esportes ou at� mesmo passar tempo com a fam�lia e com amigos. A longo prazo, isso pode danificar relacionamentos, afastar amigos e fazer com que a pessoa perca seus hobbies. O h�bito de “surfar na internet” vira prioridade.

Observar constante e diariamente as rotinas alheias tamb�m impacta diretamente nossas vidas, ainda que muitas vezes n�o estejamos conscientes disso. No entanto, esse efeito das redes sociais n�o necessariamente � algo negativo, pois podemos replicar pr�ticas saud�veis de outras pessoas, como o costume de fazer exerc�cios f�sicos ou at� mesmo o gosto pela leitura, e n�o apenas copiar os maus h�bitos dos outros.

De qualquer forma, “� importante estar sempre consciente de nossas motiva��es quando fazemos algo”, adverte o profissional. N�o � nenhuma novidade que as redes sociais s�o viciantes. Mas � preciso entender o porqu� disso. Em resumo, nos tornamos dependentes da sensa��o de gratifica��o que os tais aplicativos nos proporcionam. 

Por exemplo, ao postar foto, automaticamente esperamos pelos likes. Quando eles v�m, ficamos contentes. Mas e quando eles n�o v�m? N�o � incomum ficar chateado quando algo que postamos n�o atingiu o n�mero de pessoas esperado ou o n�mero de likes que quer�amos. Saiba que isso � intencional. Em longo prazo, isso pode desencadear frustra��es cr�nicas, podendo inclusive levar a epis�dios de depress�o.

Este tema � bastante explorado no document�rio “Dilema das redes”, recomendado por S�rgio Rocha para melhor entender o impacto sobre nossos c�rebros.
 
“Os likes nas redes sociais podem causar libera��o de dopamina, neurotransmissor ligado � sensa��o de gratifica��o e excita��o, semelhantes �queles que ocorrem quando somos elogiados e reconhecidos por pessoas com quem interagimos na vida real. Portanto, n�o � dif�cil migrar para o ambiente virtual a busca dessas “recompensas” em forma de like. Podemos nos tornar viciados nesses est�mulos, o que � muito perigoso”, acrescenta o psiquiatra.

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