
Fui ao especialista em medicina geral h� poucos dias, levada por uma prima preocupada com minha sa�de. Ele fez aqueles exames preliminares e concluiu que a minha morte devido ao sistema card�aco est� longe.
Fiquei animada, fui fazer os exames que ele pediu no Mater Dei – que estava lotado, nunca vi tanta gente por l�. E olha que sou uma das primeiras pacientes do hospital, desde que come�ou a funcionar, pequeno ainda. Sa� de l� com a mesma confirma��o e estou levando minhas medidas de press�o numa boa – 12 por 8.
Enquanto isso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publica, neste m�s de maio, novo posicionamento sobre doen�as cardiovasculares na popula��o feminina. O documento “A mulher no centro do autocuidado” prop�e abordagem espec�fica sobre a doen�a isqu�mica do cora��o das pacientes. E traz dados epidemiol�gicos que mostram o aumento da mortalidade precoce de mulheres por infarto.
A publica��o parte do pressuposto de que valores sociais, percep��es e comportamentos distintos moldam padr�es e criam diferentes pap�is na sociedade, o que pode gerar diferen�as no estilo de vida e comportamento, influenciando epidemiologia, manifesta��o cl�nica e tratamento.
“A mortalidade por doen�a isqu�mica do cora��o, representada na sua maior parte pelo infarto, vem crescendo substancialmente entre mulheres jovens. Um ter�o das brasileiras morre de doen�a cardiovascular e a maioria por infarto. As mulheres precisam ter acesso a protocolos de preven��o, tratamento e reabilita��o adequados”, afirma a m�dica Gl�ucia Maria Moraes de Oliveira, uma das coordenadoras do documento e membro da comiss�o executiva do Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC.
A mortalidade precoce por infarto entre 18 e 55 anos est� aumentando, sobretudo na popula��o feminina. “Nem sempre observamos nas mulheres o quadro cl�ssico de infarto. Nelas, h� impacto maior pelos fatores de risco tradicionais do que em rela��o aos homens, e as pacientes evoluem para um pior progn�stico”, explica Gl�ucia.
O documento mostra que menos de 10 % das mulheres t�m os fatores de risco controlados. Entre eles, destaca-se a hipertens�o. Menos de um ter�o das mulheres conhece seus n�veis tensionais.
A maior parte do infarto agudo feminino, ou uma grande parte, � devido � “minoca”, ou seja, o infarto no mioc�rdio sem doen�a obstrutiva. Nesses casos, os desfechos s�o muito piores nas mulheres na compara��o com os homens, especialmente as mais jovens.
Alguns estados do Norte e Nordeste apresentam mortalidade maior de mulheres por infarto em rela��o a outras regi�es do pa�s. “Esse fen�meno ocorre pela falta de acesso ao tratamento correto, � falta de conhecimento dos sintomas espec�ficos, o que faz com que as mulheres retardem a busca de tratamento adequado”, afirma a especialista.
O problema na mulher vai desde a angina, angina de peito, que � a dor precordial, ao infarto do mioc�rdio. Estat�sticas apontam aumento consistente do infarto agudo do mioc�rdio entre elas.
“Especificidades nas mulheres, como manifesta��es de sintomas nem sempre t�picos, fazem com que elas tenham o diagn�stico de infarto sub-reconhecido e subtratado, ou seja, n�o lhes ofertam os melhores tratamentos, como a angioplastia. Isso ocorre, geralmente, porque as mulheres t�m vasos mais finos e sangram mais com os procedimentos. Cuidados especiais devem ser tomados e muitas vezes isso n�o ocorre” explica a cardiologista.
A incid�ncia e a preval�ncia da doen�a isqu�mica do cora��o na mulher aumentam acentuadamente ap�s a menopausa. A dor tor�cica � o sintoma mais prevalente de infarto agudo do mioc�rdio em ambos os sexos. No entanto, as mulheres s�o mais propensas a apresentar sintomas at�picos, incluindo dor na parte superior das costas e pesco�o, fadiga, n�useas e v�mitos.
“A maioria das mulheres com infarto agudo do mioc�rdio apresenta sintomas prodr�micos de falta de ar, fadiga incomum ou desconforto em bra�o/mand�bula nas semanas anteriores”, alerta a doutora Gl�ucia Oliveira.
