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Estado de Minas BRASIL S/A

Fala de Guedes soa como bala perdida na economia

Palavras avoadas de Paulo Guedes leva BC a socorrer o real e atrapalha planos do governo de afagar a maioria pobre


postado em 16/02/2020 04:00 / atualizado em 15/02/2020 19:13

 Ministro da Economia defendeu dólar alto dizendo que domésticos iam para a Disney quando o dólar estava a R$ 1,80 (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press %u2013 22/5/19)
Ministro da Economia defendeu d�lar alto dizendo que dom�sticos iam para a Disney quando o d�lar estava a R$ 1,80 (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press %u2013 22/5/19)

Noutro arroubo de “sinceric�dio”, o ministro Paulo Guedes resolveu defender o d�lar caro sem medir o peso das palavras, ao criticar uma inexistente onda de dom�sticas viajando para a Disney, depois de ter chamado servidor p�blico de “parasita”, pondo no mesmo saco nababos dos sal�rios extrateto e mordomias e os barnab�s de sal�rio m�nimo.
 
Ministro da Economia discursa desde sempre, em todo o mundo, como agente motivacional do chamado “esp�rito animal” tanto do empres�rio quando do investidor de risco. Mas Guedes vira e mexe visita o campo de batalha da tal “guerra cultural” travada pela vertente de extrema-direita do governo Bolsonaro, com desvios do tom populista deste vi�s da pol�tica que assombra as democracias liberais da Europa, EUA etc.
 
Para ilustrar seu an�ncio de que mudou o modelo econ�mico de “juro na Lua e c�mbio baixo, desindustrializando o Brasil”, disse que “n�o tem neg�cio de c�mbio a R$ 1,80”, ajudando a inflar um pouco mais a cota��o do d�lar, que j� flertava com o n�vel irracional de R$ 4,40.
 
Se n�o bastasse a falta de nexo entre o liberalismo que encarna e o c�mbio “desenvolvimentista” que defendeu, mostrou-se preconceituoso, ao dizer que antes, com d�lar mais baixo, estava “todo mundo indo pra Disneyl�ndia, dom�stica indo pra Disneyl�ndia, uma festa danada. Pera a�. Vai passear em Foz do Igua�u...”
 
Cobrado sobre a fala desabrida do ministro, Bolsonaro afirmou que para ele, “como cidad�o, est� um pouquinho alto o d�lar”. Foi o que avaliou tamb�m o Banco Central, que saiu vendendo d�lar com cl�usula de recompra para tentar esfriar a especula��o contra o real.
 
A rigor, Guedes foi imprudente, deixando vendido na hist�ria o BC, cujo presidente, Roberto Campos Neto, espera que o Congresso aprove a independ�ncia formal da institui��o e a reforma do mercado cambial, primeiro passo para a livre convertibilidade do real.
 
Estas agendas n�o conversam entre si. Abertura cambial se choca com o dirigismo sugerido por Guedes para “substituir importa��es”. A sua boutade foi como bala perdida contra o real. E isso quando Bolsonaro muda seu entorno com mais generais, indicando pragmatismo e desejo de enfrentar a narrativa de que n�o gosta de pobre andando de avi�o.

Coer�ncia, mas sem causa

O que o ministro tem na cabe�a? Ele tem sido coerente, j� que sempre discordou da pol�tica de juro alto do BC, do c�mbio valorizado devido aos fundos externos aplicados em pap�is do Tesouro com rendimento sem paralelo no mundo e das reservas de divisas que julga excessivas.
 
� fato que reserva alta com juro interno na lua e juro externo nulo tem um elevado �nus fiscal. Tamb�m � certo que o d�lar valorizado n�o amea�a a infla��o, com ociosidade da produ��o e desemprego “na lua”. S� que esta n�o � toda a hist�ria. A obsess�o em cortar investimentos – e n�o s� gastos correntes, o que faz sentido, como diz o economista Andr� Lara Resende – compromete o alicerce da l�gica macroecon�mica.
 
Sem um projeto s�rio de investimentos em infraestrutura, saneamento, sa�de e educa��o para os pr�ximos 10 anos, aprovado extra or�amento, n�o sairemos da estagna��o, diz Resende, que est� com um novo livro no qual aprofunda a cr�tica � pol�tica econ�mica dos �ltimos anos.

A defasagem � tecnol�gica

Adicione-se que a sequela de anos a fio de Selic estratosf�rica e o desperd�cio do dinheiro dos impostos e do endividamento do Tesouro em gastos com funcion�rios, com estruturas redundantes (v�rios tribunais sobrepostos, dois corpos policiais por estado, gastos com educa��o e sa�de sem avalia��o de resultados etc.) tornaram a base produtiva do pa�s em opera��es sem competitividade externa e avessas � inova��o.
 
Faria sentido a moeda depreciada, se tiv�ssemos um parque industrial moderno. N�o temos. Nossa defasagem � mais de defici�ncia tecnol�gica que devido ao que se chama de Custo Brasil. O real na lona tem pouco a dizer a uma ind�stria basicamente estrangeira que envelheceu frente aos outros elos de sua pr�pria cadeia produtiva global, al�m de ter o seu processo fabril hoje dominado, por isso, por insumos importados
 
O d�lar caro s� interessa �s ind�strias extrativas e ao agroneg�cio, ambas, no entanto, j� altamente rent�veis com c�mbio muito abaixo de R$ 4. E ainda h� o excesso de produ��o no mundo. A siderurgia da China, por exemplo, poderia suprir 100% do consumo mundial de a�o.

� muita marola por nada

Fato � que do ponto de vista macro, moeda depreciada s� se justifica em pa�ses no est�gio inicial de industrializa��o, o que n�o � o nosso caso. Se fosse, teria de se fazer acompanhar de repress�o do consumo, para que a transfer�ncia de renda ao exportador n�o gerasse infla��o.
 
Mas convenhamos: Guedes abomina pol�tica industrial, enquanto o BC persegue um c�mbio mais livre. No fim, se fez (e se faz) muita marola com o c�mbio para pouco (ou nenhum) retorno potencial. A n�o ser que se queira mesmo rifar as reservas de divisas, que sabemos ser no way.
 
Nada disso invalida a necessidade destacada por Lara Resende de que n�o se deve prolongar os regimes de prote��o tarif�ria e cambial. Mas nos moldes pensados pelo Congresso, n�o por ultraliberalismo d�mod�.

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