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Estado de Minas BRASIL S/A

Como dom Pedro I, Bolsonaro sonha com seu 'Grito da Independ�ncia''

O presidente confirma participa��o em atos no 7 de setembro em S�o Paulo e Bras�lia, ap�s amea�ar institui��es democr�ticas e preocupa o mercado financeiro


05/09/2021 04:00 - atualizado 05/09/2021 08:34

Com aval de Bolsonaro, organizadores de mobilizações prometem hostilizar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso
Com aval de Bolsonaro, organizadores de mobiliza��es prometem hostilizar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso (foto: Facebook/Reprodu��o)
Em tempos de fake news e ressignifica��o da verdade, o melhor � se antecipar ao roteiro de distra��es numa semana em que o presidente, em hor�rio de expediente, andou a cavalo e passeou de moto, como se n�o lhe dissessem respeito a retra��o do PIB no segundo trimestre, -0,1%, outra taxa acachapante de desemprego, 14,1%, e a desinibi��o do Centr�o na ordenha das rubricas leiteiras federais.
 
Relevantes seriam os eventos que ele convocou para o feriado de 7 de setembro, um em Bras�lia, outro em S�o Paulo – um novo grito de independ�ncia, ele vem sugerindo. Do qu� ou de quem? Talvez da lei, que diz persegui-lo, assim como dos que lhe cobram resultados.
 
Os organizadores dos eventos, entre produtores de soja, frotistas de caminh�es, mercadores da f� e industriais sem ind�stria, al�m de fardados � paisana, falam em hostilizar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso em Bras�lia e mobilizar 2 milh�es de apoiadores na concentra��o marcada para ter�a-feira � tarde, na Avenida Paulista, em S�o Paulo. Bolsonaro disse que vai aos dois.
 
Como se trata, ele disse, de eventos “para mostrar quem manda no Brasil”, portanto, pol�ticos e n�o agendas oficiais, sup�e-se que o Minist�rio P�blico Eleitoral procurar� saber quem banca os gastos com o avi�o presidencial, equipes de seguran�a, etc.
 
H� not�cia de milhares de �nibus fretados pelo combo de apoiadores para levar militantes de fora a S�o Paulo. A certeza � que n�o haver� 1 milh�o de pessoas na Paulista pela singela raz�o de que n�o h� espa�o f�sico que acomode tanta gente na avenida.
 
Os memes de internet falam que o ato ser� “gigante”. A medida � o protesto de 15 de mar�o de 2015 pelo impeachment de Dilma Rousseff, que teria reunido 1 milh�o de pessoas, como a PM informou. MBL e Vem Pra Rua, organizadores do ato, voltar�o � Paulista dia 12 contra Bolsonaro. � o Brasil dando voltas sem sair do lugar.
 
Muitos avaliam o ato de mar�o de 2015 como o que animou a C�mara a abrir a a��o de impeachment contra Dilma. Por analogia, Bolsonaro imagina a Paulista lotada para tentar impichar no berro o STF, em que � alvo de dois processos, e inibir o apetite do Centr�o, em especial na C�mara, que o apoia tal como amante ambiciosa.

�s tu, Ch�vez?

Dificilmente a intimida��o dos tigr�es de palanque por� canga no STF, por mais que muitos reprovem o estilo prima-dona de ministros da corte, nem no Congresso, especialmente o Senado presidido pelo senador Rodrigo Pacheco, a Casa que vem mostrando uma independ�ncia institucional que contrasta com o amesquinhamento da C�mara.
 
A multid�o esperada pelos bolsonaristas na Paulista tamb�m precisa ser relativizada. Com 2,8 quil�metros de extens�o e 47 metros de largura m�xima, ou 131 mil metros quadrados, inclu�dos o espa�o de bancas, pontos de �nibus e outros obst�culos, o Datafolha estimou em 2015, recorrendo a matem�ticos e urbanistas, a lota��o m�xima de 210 mil pessoas na Paulista, considerando-se trechos mais abertos.
 
Isso com quatro pessoas por metro quadrado. Com sete, lota��o de vag�o do metr� em hor�rio de pico, chega-se a 910 mil pessoas. Mas a� tem que se supor todo mundo agarradinho e ningu�m se mexendo.
 
Reunir 210 mil pessoas n�o � pouca coisa. A quest�o � o que fazer com elas durante e depois. Bastaram o risco de badernas e a alus�o � invas�o, em 6 de janeiro, do Capit�lio por trumpistas armados para grandes entidades empresariais, puxadas pela Febraban, sa�rem em defesa da democracia e repelirem aventuras. Como Bolsonaro dar um “ultimato”, na sexta-feira, aos ministros Moraes e Barroso, do STF – “aqueles que ousam nos desafiar”, ele disse. �s tu, Ch�vez?

Contribui��o � degrada��o

A verdade � que Bolsonaro busca compensar com distra��es o que seu governo tem para mostrar: o saldo pavoroso de mortes na pandemia; a sua participa��o na trag�dia, como vem provando a CPI do Senado; o fiasco do crescimento econ�mico que iria surpreender o mundo, como o ministro Paulo Guedes recita tomando seus ouvintes como parvos; a volta da infla��o, dos desempregados e despejados vivendo nas ruas, do risco de racionamento de eletricidade e at� de �gua etc.
 
Ao fim e ao cabo, talvez se reconhe�a em Bolsonaro algum m�rito: o que ele toca apodrece e exp�e os c�mplices com a degrada��o moral do pa�s, que vem de longe – dos partidos fisiol�gicos vulgo Centr�o e igrejas com fins lucrativos aos grupos econ�micos decr�pitos e os mercadistas assanhados com as idas e vindas do ‘capinancismo’.
 
A civiliza��o na Europa brotou das ru�nas de guerras religiosas, da opress�o camponesa, da ignor�ncia, explora��o da f� e a venda de indulg�ncia pela Igreja. A ideia � que o iluminismo desperta a cada tempo depois da dor, fazendo emergir o progresso redentor.
 
A declara��o do presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, na sexta-feira, foi eloquente nesse sentido, ao pontuar que o dia 7 “contribui para o exerc�cio qualificado da cidadania”. Disse mais: a liberdade “est� relacionada ao fortalecimento das institui��es que sustentam a democracia”. Os manifestos empresariais vieram no mesmo tom e isso � raro: o pa�s chamar para si o que a pol�tica deixou de resolver.
 
Como est� n�o fica, sabem todos, inclusive Bolsonaro ou faria algo melhor que espalhar ciz�nia e for�ar maioria parlamentar a soldo.
O resultado n�o � bom para ele nem para ningu�m, como se viu com o pacote do Imposto de Renda, aprovado sem que os distintos deputados soubessem o seu inteiro teor e que desagradou a todos os setores.

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