(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas Brasil S/A

Verbas distribu�das sem transpar�ncia no Congresso revelam falta de car�ter

'Populismo eleitoral, aplausos ao cinismo, desprezo � condi��o das meninas pobres exp�em um pa�s amoral'


19/12/2021 04:00 - atualizado 18/12/2021 22:47

Câmara dos Deputados apreciou vetos presidenciais a várias propostas
Negocia��es nas �ltimas sess�es do ano na C�mara e no Senado mostraram a pol�tica movida por interesses (foto: Cleia Viana/C�mara dos Deputados - 27/9/21hhh)

Uma olhadinha b�sica nas negocia��es das �ltima sess�es do ano na C�mara e no Senado revela o que move Jair Bolsonaro e seus aliados – uma maioria aliciada n�o pela boniteza do presidente, mas pelas verbas distribu�das sem transpar�ncia nem avalia��o de relev�ncia.

Retiraram da sess�o agendada para discutir os vetos presidenciais no Congresso uma medida de amplo alcance social e custo anual de meros R$ 84 milh�es: a doa��o de absorventes a estudantes de baixa renda. E inclu�ram entre as despesas da Lei Or�ament�ria Anual (LOA) um pedido de Bolsonaro, encaminhado pelo ministro Paulo Guedes, para aumentar os sal�rios dos policiais federais ao custo estimado de R$ 2,8 bilh�es em 2022, ou R$ 11 bilh�es em tr�s anos.

Os sal�rios dos servidores federais da linha de frente de servi�os � popula��o, em geral de n�veis baixos, est�o congelados desde 2017 – mas a elite da burocracia, sobretudo a fardada, fala e Bolsonaro escuta. �s meninas pobres ningu�m d� ouvidos. Tecnicamente, trata-se do que os economistas chamam de “prioridades alocativas”.

Os parlamentares derrubaram outro veto, repondo na LOA a dota��o de R$ 5,7 bilh�es do Fundo Eleitoral, quase o triplo do proposto pelo governo para os partidos gastarem em campanhas eleitorais. Esse simples confronto entre prioridades define os valores morais dos eleitos para representar a popula��o.

Eles esclarecem as raz�es da folgada dianteira de Lula nas pesquisas de inten��o de voto, com chance de eleger-se em primeiro turno, conforme as enquetes do Ipec (ex-Ibope) e do DataFolha. Indica tamb�m porque a economia passou a oscilar entre baixo crescimento, em torno de 1% anual, e recess�o a cada tentativa de romper a estagna��o mantendo a ortodoxia vigente.

A pol�tica sem pudor

Mais que a falta de um bom programa econ�mico e a sua execu��o com padr�o de compet�ncia asi�tica, o obst�culo ao desenvolvimento � de ordem subjetiva, relacionada a quest�es de car�ter e consci�ncia do que forma e tange a cidadania – alguns diriam “vergonha na cara”.

N�o h� meio termo para essas novas despesas quando se sabe que o aumento do Bolsa-Fam�lia foi pretexto para o populismo eleitoreiro, agravado pelo fato de que o tal do “espa�o fiscal” veio do calote de precat�rios e da mudan�a do indexador do teto de gastos para se tirar proveito da acelera��o da infla��o. � a pol�tica sem pudor.

� o que esteve ausente em evento, semana passada, de Bolsonaro na Confedera��o Nacional da Ind�stria, em Bras�lia. Em sua fala final, Bolsonaro elogiou o agroneg�cio, lembrou a import�ncia da ind�stria e concluiu destacando que a agricultura � mais importante do que a ind�stria. Talvez tenha se confundido e achado que estava em outra confedera��o, a da Agricultura, CNA, n�o na CNI. Surpreendente foi a rea��o: supostos industriais na plateia ovacionaram aquela fala.

Dias depois, em S�o Paulo, ouviu risos e aplausos na Fiesp quando, para se mostrar parceiro do setor privado, admitiu ter mandado p�r na rua a diretoria do Iphan ao saber que uma obra de Luciano Hang, seu amigo, fora embargada devido a “um peda�o de azulejo” achado nas escava��es. Confessou prevaricar, e foi aplaudido. Pois �...

Detalhes assim, a humilha��o na pr�pria casa, aplausos ao cinismo, o desprezo � condi��o das meninas pobres, narram um pa�s amoral.

A vis�o de Antonio Erm�rio

Que n�o se enganem os precipitados: empres�rios n�o s�o bem estes que correm a Bras�lia ao se depararem com problemas privados ou que clamam por reformas econ�micas obsoletas, que espremem o consumidor e roubam competitividade sem devolver benef�cios concretos ao pa�s.

Tamb�m n�o discutem nem cen�rios nem pol�ticas econ�micas, quanto mais a empregabilidade dos 171 milh�es em idade de trabalhar e o bem-estar geral, quem vai � imprensa alertar para os riscos de tudo o que implique a��es p�blicas mais ativistas e algum planejamento. Nem se trata de an�lises ideol�gicas, mas de prote��o de carteiras de fundos aplicados em renda fixa e a��es.

Defendem o status quo n�o porque discordem do crescimento movido a investimentos. Desconfiam � da idoneidade dos governantes e de seus pol�ticos arranjados. Mais seguro para os fundos aplicados no giro dos pap�is do Tesouro confiar apenas nas receitas das commodities.

Empres�rio de fato � quem algum dia pagou t�tulo em cart�rio, como me disse Antonio Erm�rio de Moraes, ent�o � frente da Votorantim, o maior grupo industrial da Am�rica Latina na �poca. Empres�rios como ele, que nunca abaixou a cabe�a na ditadura, existem, s� est�o dispersos, talvez abafados pelo temor do “cancelamento” n�o bem dos bancos, mas dos traders do mercado financeiro.

Empres�rios conscientes

Ano eleitoral, a economia e sua resultante social em 2022 v�o, com sorte, andar de lado. Mas isso apenas se Bolsonaro e os seus par�as no Congresso n�o inventarem moda. A� ser� recess�o na veia.

Para 2023 poder� ser diferente, dependendo das elei��es e de haver intelig�ncia estrat�gica dos eleitos para considerar o que um grupo de empres�rios conscientes e preocupados com o pa�s – como foram em seu tempo Erm�rio, Roberto Simonsen, Olavo Set�bal, Amador Aguiar, Jos� Alencar, Mendel Steinbruch, M�rio Wallace Simonsen, Walther Moreira Salles,  – tem a dizer. Chamaria de um plano de bom-senso.

Prioridade total � educa��o, da base ao ensino vocacional, tanto quanto � inova��o tecnol�gica direcionada pela descarboniza��o e pela digitaliza��o dos CPFs e CNPJs, fazendo da onda digital o meio de transformar a economia e as institui��es carcomidas do pa�s.

Sem cadastros digitais, gente preparada para manuse�-los e tomarem decis�es a partir deles, n�o se tirar� valor do SUS (cada vez mais estrat�gico), o peso da Previd�ncia logo voltar� a assombrar, o setor p�blico tender� a ser mais �nus que b�nus, novos neg�cios t�o necess�rios dificilmente v�o despontar, atando-nos ao risco da depend�ncia de commodities, n�o ao conhecimento aplicado.

Transformar � a dire��o e come�a pela pol�tica. Se s�o t�o safos como dizem ser, os pol�ticos devem ao menos desconfiar de que como est� n�o pode ficar.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)