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Estado de Minas Brasil S/A

A opereta do tapet�o orquestrada por Jair Bolsonaro e pelos militares

Ataques ao sistema eleitoral rearticulam institui��es e sociedade e iluminam o que importa discutir


16/05/2022 04:00

Bolsonaro esgarçou a corda da tolerância absurdamente elástica das instituições ao envolver as Forças Armadas na suspeição da urna eletrônica
Bolsonaro esgar�ou a corda da toler�ncia absurdamente el�stica das institui��es ao envolver as For�as Armadas na suspei��o da urna eletr�nica (foto: JOS� DIAS/PR)

Useiro na t�tica de criar factoides sempre que os eventos de seu governo n�o saem como esperado, Jair Bolsonaro esgar�ou a corda da toler�ncia absurdamente el�stica das institui��es da Rep�blica ao envolver as For�as Armadas na suspei��o da urna eletr�nica e p�r em causa a idoneidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A elei��o ser� no ainda distante 2 de outubro, com segundo turno, se necess�rio, no dia 30 seguinte, mas, se j� se diz preocupado com as urnas eletr�nicas e com o eficiente sistema de apura��o de votos pelo TSE com o qual se elegeu em sete elei��es, assim como aos seus filhos senador, deputado e vereador, sem nunca reclamar, ent�o deve ter elementos para se sentir derrotado de v�spera.

Certamente, dada a timidez das rea��es aos faniquitos que marcam a sua atabalhoada presid�ncia, n�o imaginava encontrar nos tribunais superiores, depois de quase quatro anos de campanha deliberada para minar a credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), capacidade de resist�ncia a seu �mpeto autocr�tico, inspirado em Donald Trump.

O ex-presidente dos EUA perdeu a elei��o e incitou uma turba de radicais a invadir o Congresso para tentar impedir a proclama��o de Joe Biden. Pressentindo uma elei��o apertada, Trump passou a lan�ar suspeitas sobre a higidez do sistema eleitoral dos EUA com mais de um ano de anteced�ncia. Bolsonaro segue tal enredo.

A diferen�a � que Trump tentou aliciar as For�as Armadas e n�o foi bem-sucedido. Os detalhes s�rdidos da trama golpista est�o no livro rec�m-lan�ado pelo seu ex-secret�rio de Defesa Mark Esper.

O chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, j� havia revelado em 2021 ter recusado ordens para atirar em manifestantes contr�rios em Washington e que chegou a temer que ele preparava um golpe. Milley disse � presidente da C�mara, Nancy Pelosi, suspeitar de que Trump tivesse sofrido um decl�nio mental depois da derrota.

Bolsonaro tem apoio de generais de pijama palacianos e do ministro da Defesa, o tamb�m general Paulo S�rgio Nogueira de Oliveira, ao menos no caso do embate com o TSE. N�o � certo que a maioria dos generais do alto comando do Ex�rcito esteja confort�vel com essa situa��o.

Intuindo a desgra�a em marcha na Europa, Albert Einstein disse na confer�ncia de desarmamento de 1932 que a desorganiza��o pol�tica colocara uma “navalha nas m�os de uma crian�a de 3 anos”. No Brasil de hoje, o insight de Einstein tem algo de presciente.


A quebra da liturgia

A verdade � que n�o se vive tempos normais no pa�s, como bem disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco: “� inimagin�vel pensar que seja necess�rio defender o Judici�rio de ataques sem fundamento”. O erro foi l� atr�s, quando o ministro Luis Roberto Barroso sup�s que convidando as For�as Armadas para participar da comiss�o t�cnica que estuda a seguran�a do sistema eleitoral poderia neutralizar os ataques cont�nuos de Bolsonaro �s urnas eletr�nicas.

Precisou o atual presidente do TSE, ministro Edson Fachin, afirmar que elei��o � assunto para as “for�as desarmadas”, isso depois de o ministro da Defesa ter pedido audi�ncia com ele para falar do tema e avocar toda a correspond�ncia relativa ao assunto entre o tribunal e o Ex�rcito. Embora seja general, o ministro Paulo S�rgio representa o governo e n�o mais o Ex�rcito, do qual foi comandante, que � uma institui��o do Estado e n�o do presidente.

Foi mais a quebra da liturgia entre os poderes da Rep�blica, que s�o apenas tr�s – o Judici�rio, o Legislativo e o Executivo –, que o risco de subvers�o militar o que turvou o ambiente. Se antes havia d�vidas, agora h� a convic��o nas cortes superiores e no Congresso de que Bolsonaro ati�a e � ati�ado por setores militares, sobretudo pelo generalato palaciano, a endurecer a press�o sobre o TSE.


Que a sociedade reaja

O que fazer? A mensagem de comandantes de tropas a lideran�as do empresariado � de que a for�a n�o tem nada a ver com as arma��es palacianas. Mas h� o risco, � falta de uma rea��o contundente da sociedade organizada, de arrua�a contra a legitimidade da apura��o se as urnas negarem a Bolsonaro a reelei��o.

Um pouco do cen�rio conturbado tamb�m se deve ao car�ter bin�rio da elei��o em que um dos lados opera sem escr�pulos, ao gosto dos interesses nebulosos que movem a pol�tica desde os governos do PT e de Michel Temer, e o outro lidera as pesquisas, mas n�o credenciou at� agora interlocutores de sua total confian�a.

Lula confia em Geraldo Alckmin como vice para desfazer receios do mercado financeiro, os tais farialimers, e reabrir os caminhos aos grandes empres�rios, fechados depois do impeachment de Dilma e de sua pris�o pela Lava Jato.

N�o atentou que Geraldo, como � chamado, nunca circulou com desenvoltura junto ao capital e entre os chef�es dos partidos. Sem a m�quina do PSDB, hoje uma sombra do que j� foi, � s� um pol�tico conservador provinciano pouco sagaz, ou n�o teria sido passado para tr�s pelo seu protegido Jo�o Doria.


Para relan�ar o Brasil

O que vem pela frente depender� de articula��es e consensos entre as for�as reais da pol�tica e da economia em conjunto com as elites da burocracia federal, o Judici�rio e os governadores. Certo � que aventuras golpistas s�o menos prov�veis hoje do que j� foram.

Quanto antes se aclare o ambiente mais tempo haver� para cuidar do que realmente importa: convencer as novas forma��es da C�mara e do Senado, al�m do Executivo, da necessidade de um programa que suste e reverta a longa e silenciosa decad�ncia da economia. N�o haver� tal consenso sem governo e burocracia aptas, mais a intelig�ncia nacional, para formular e, sobretudo, para implantar outra miss�o.

A nota promissora � que as articula��es est�o em processo. Plano e gente motivada, inclusive no exterior, tamb�m h�. Falta o gatilho.
Existindo tais condi��es, artigos de extra��o fundamentalista na imprensa, como os que cancelam cr�ticos do teto de gasto p�blico, indiferentes ao fato de que n�o h� mercado forte sem um Estado eficiente, tenha ele o tamanho que tiver de ter, ser�o o que s�o: meramente rid�culos.

O relan�amento do Brasil admirado no mundo e cobi�ado por todos os capitais, no ano do bicenten�rio da independ�ncia, est� na m�o. Mas os envolvidos, candidatos e eleitores, em suma, n�s mesmos, t�m de se convencer de que somos os respons�veis pelo resultado, e n�o os demagogos de plant�o e os vendedores de ilus�es.

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