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A discuss�o sobre a urna eletr�nica � um desperd�cio de energia

Por que discutimos um sistema contra o qual jamais se comprovou irregularidade e n�o preocupa os milhares de candidatos nestas elei��es?


07/08/2022 04:00 - atualizado 07/08/2022 09:03

urna eletrônica
(foto: Antonio Augusto/secom/TSE)
Seja pela manada de cavalos selados n�o montados nos �ltimos anos, seja pelo disparate das ideias da atual gest�o - da “imunidade de rebanho” como pol�tica de sa�de na pandemia, o que elevaria a mais de milh�o as mortes devidas � COVID (680 mil e contando) ao voto impresso como coadjuvante da urna eletr�nica -, fez-se e ainda se faz de tudo, com m�todo e muito zelo, para distrair as aten��es dos problemas seculares que algemam o desenvolvimento do pa�s.
 
O show de despaut�rios dever� seguir em cartaz at� as elei��es. Os cacos da semana inclu�ram esquetes de humor, como a ideia de filmar o eleitor na cabine de vota��o ou o TSE aplicar � contagem do voto o sistema de apura��o da Mega-Sena. A insanidade � contagiosa.
 
Em audi�ncia na C�mara, o ministro da Defesa, general Paulo S�rgio Nogueira, defendeu o voto em c�dula em algumas se��es eleitorais em adi��o ao voto digitado. Se a contagem n�o batesse, haveria ind�cio de fraude. Ele desconsiderou que o pr�prio eleitor poderia digitar um n�mero na urna e escrever outro na c�dula em papel.
 
Por que discutimos um sistema contra o qual jamais se comprovou a mais remota irregularidade e n�o preocupa os milhares de candidatos a alguma fun��o eletiva nestas elei��es? S� Bolsonaro, eleito oito vezes pelo mesmo sistema, se diz incomodado. Ele segue o script de Donald Trump, que um ano antes de ser derrotado � reelei��o saiu a dizer que s� uma fraude o despejaria da Casa Branca. Bolsonaro n�o nega que o admira e que � influenciado pelo seu estilo autocr�tico.
� isso que fez a maioria l�cida do pa�s despertar do sono profundo e assinar manifestos em defesa da democracia e da urna eletr�nica.
 
Derrotado, Trump chamou uma multid�o a Washington e a incitou a invadir o Capit�lio para tentar impedir o Congresso de homologar Joe Biden como novo presidente dos EUA. Pelo que afirmou, Bolsonaro espera a mesma energia negativa na comemora��o de 7 de Setembro em Bras�lia, e � tarde no Rio de Janeiro.
 
At� aqui est� tudo �s claras, mas mais como blefe. No bastidor do poder, a informa��o � que ele poder� fazer o que for, mas s� se reeleger� se tiver votos suficientes, apurados pelo TSE. O resto � farsa. Gritos, tumultos, piruetas n�o v�o eleger ningu�m.


De inspira��o a decep��o

Preocupante, de fato, � estarmos na v�spera de outra elei��o geral e nenhum dos candidatos a cargos majorit�rios com chances reais de se eleger se dispor a discutir as raz�es de o pa�s ter regredido � condi��o de economia exportadora de min�rios, petr�leo e produtos agr�colas n�o processados, como gr�os de soja, milho e caf�.
 
Um pa�s gigante com popula��o mi�da, 26 milh�es de pessoas, como a Austr�lia, onde tudo est� resolvido, da educa��o � infraestrutura, p�de se dar ao luxo de prescindir de ind�stria sofisticada, tipo o setor automotivo, e continuar vibrante, gerando empregos e renda.
 
Outra coisa � um pa�s com territ�rio tamb�m gigante, pouco maior que o da Austr�lia, mas com popula��o mais de oito vezes maior, com tudo por fazer na infraestrutura, com dezenas de milh�es de pessoas sem educa��o adequada, assumir uma atitude blas� com sua ind�stria.
 
E pior: jamais ter escarafunchado o que fez a economia com a maior taxa de crescimento no mundo nas d�cadas de 1950 a 1970, a ponto de a China p�s Mao Ts�-Tung ter se inspirado no nosso modelo para se abrir ao capital estrangeiro, ter perdido o bonde da hist�ria.
 
Deu-se o inverso: a economia da China est� prestes a ultrapassar em tamanho, diversidade e sofistica��o tecnol�gica a dos EUA, se � que j� n�o passou, e a do Brasil, que at� 1980 estava � frente da chinesa, sobretudo pelo dinamismo industrial, ficou para tr�s.

Parceria Estado e privado

Enquanto n�o pacificarmos as causas do malogro do desenvolvimento nos governos militares, quando o pa�s declarou morat�ria da d�vida externa e nunca mais conheceu taxas robustas de crescimento puxado a investimentos sempre acima de 20% do PIB, n�o haver� um ciclo de prosperidade como desfrutam China, �ndia, Indon�sia, Vietn� etc.
 
Isso envolve uma integra��o entre a gest�o do Estado, representada pelos seus quadros permanentes, os pol�ticos eleitos, o que inclui o governante da vez, o empresariado e as representa��es sociais.
 
� o que a nova direita n�o trumpista do Partido Republicano nos EUA descobriu, convergindo a sua vis�o econ�mica com a do social liberalismo do Partido Democrata, levando ao voto bipartid�rio que aprovou o relan�amento da pol�tica industrial, com investimento de US$ 280 bilh�es, al�m de cr�dito tribut�rio, para fazer renascer a ind�stria de semicondutores e a pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Nenhum pa�s, por menor que seja, resiste a mais de duas d�cadas de tentativas de pol�ticas de austeridade, com leis malogradas com a inten��o de disciplinar o desperd�cio dos dinheiros p�blicos. Foram ao brejo o investimento com fonte or�ament�ria e pol�ticas sociais, quando o que havia e h� a corrigir � o sistema pol�tico - de partidos, que n�o o temos comme il faut, � qualidade dos eleitos.


A decad�ncia da verdade

O mundo j� entrou noutra fase de transforma��es disruptivas, como demonstra o conflito geopol�tico entre as democracias do Ocidente e China, R�ssia e seus aliados, enquanto discutimos falsos problemas. Hoje, a amea�a global � o embate democracia versus autocracia.
 
Desafios internos tamb�m s�o imensos, com boa parte da popula��o deixada para tr�s e s� lembrada em ano eleitoral com a migalha n�o includente de forma estrutural dos aux�lios sociais. Os avan�os da tecnologia, al�m disso, implicam riscos. Alguns t�m “potencial altamente destrutivos”, como diz estudo da Rand Corporation, think tank independente mantido pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Pode-se sintetizar “um novo v�rus do zero”, segundo Jason Matheny, presidente da Rand, “por US$ 100 mil, enquanto desenvolver uma vacina custa mais de US$ 1 bilh�o – uma assimetria de custo de 10 mil para 1, e n�o sabemos como consertar isso”. No Brasil, o governante questiona as vacinas, e reaparecem doen�as erradicadas.
 
� o que o estudo da Rand chama de “decad�ncia da verdade”, o papel cada vez menor de fatos e evid�ncias na vida p�blica. Os manifestos pela democracia s�o relevantes. Mas ser�o muito mais se funcionarem como um despertar da sociedade contra nossa eros�o civilizat�ria. Fato: carecemos de lideran�as vision�rias. Ou a sociedade for�a as mudan�as ou elas n�o vir�o. � simples assim.

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