
Durante minhas palestras, refor�o que infelizmente o racismo institucional se apresenta de diferentes formas. Vale lembrar que s�o manifesta��es racistas que ocorrem em institui��es p�blicas e privadas, como �rg�os governamentais, empresas privadas e universidades.
De acordo com o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou �tnicos discriminados em situa��o de desvantagem no acesso a benef�cios gerados pelo Estado e por demais institui��es e organiza��es.
E um dos indicadores do racismo institucional � a diferen�a salarial entre trabalhadores negros e brancos no Brasil.
S� para voc� ter uma ideia, segundo dados da �ltima Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (PNAD Cont�nua), divulgada em agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), com informa��es referentes ao segundo trimestre do ano, por m�s o rendimento m�dio dos trabalhadores brancos foi estimado em R$ 3.099 em 2021. Esse valor � 75,7% maior do que o registrado entre os pretos, que � de R$ 1.764 e tamb�m supera em 70,8% a renda m�dia de R$ 1.814 dos trabalhadores pardos.
J� em termos de horas, trabalhadores pretos ganham 40,2% menos que a m�dia de um branco por hora trabalhada. Entre os pardos, o valor � 38,4% menor.
Se liga nessa disparidade: enquanto pessoas brancas recebem, em m�dia, R$ 19,22 por hora trabalhada, pretos ganham R$ 11,49 e pardos t�m a faixa salarial fixada em R$ 11,84.
Ou seja, na pr�tica, significa que os pretos e pardos precisam trabalhar mais horas para ganhar o mesmo dinheiro que os brancos.
Vale ressaltar que as desigualdades entre os n�veis educacionais tamb�m s�o evidentes: segundo o IBGE entre os trabalhadores com ensino superior completo ou mais, o sal�rio-hora m�dio dos brancos (R$ 34,40), � cerca de 50% superior ao dos pretos (R$ 22,90), � cerca de 40% superior ao dos pardos (24,80 reais).
Al�m disso, o estudo mostra que mais da metade dos trabalhadores do pa�s em 2021 (53,8%) era formada por pretos e pardos, mas os dois grupos, somados, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais no mercado de trabalho. J� os brancos preenchiam 69% desses postos.
A� fica a pergunta: por que as empresas ainda t�m tanta resist�ncia em promover de fato um processo de equidade racial? Isso tamb�m � um legado da escravid�o! Uma a��o pr�tica que desvaloriza o trabalho de pessoas negras. Em uma entrevista ao Canal Futura e a Funda��o Roberto Marinho, o professor Jo�o Carlos Nogueira, Soci�logo, diretor executivo e pesquisador do Observat�rio de politicas p�blicas Reafro/UfSC fez a seguinte analise:
“A resist�ncia parte do pressuposto de que negros n�o t�m a qualifica��o necess�ria…Essas resist�ncias, mesmo n�o sendo expl�citas, ainda est�o muito entranhadas na rela��o de funcionamento e mobilidade da pr�pria empresa….As empresas precisam, cada vez mais, buscar meios de superar a sua forma de ver o processo de contrata��o saindo daquela l�gica de que a m�o de obra e o conhecimento de homens e mulheres negras s�o inferiores aos n�o-negros.”
Ou seja, n�o existe diversidade sem equidade e inclus�o. N�o basta nesse m�s da Conciencia Negra empresas “baterem no peito” que s�o antirracista. � necess�rio a��es concretas para combater o racismo institucional e o racismo estrutural. E uma delas � a promo��o da equidade salarial entre pessoas negras e n�o-negros.