
Uma grande amiga estava conversando com uma pessoa que por um longo per�odo fez parte da minha vida, sobretudo durante o per�odo que frequentei uma igreja neopentecostal famosa. Aqui vou chamar essa pessoa de “BPD”. Durante essa conversa, BPD perguntou sobre mim, mas sempre usando os pronomes ela/dela e sempre se referindo a mim com o nome “falecido”. Minha amiga fez a corre��o na hora: “O nome dele � Arthur!”. O di�logo prosseguiu:
BPD: Ah, n�o consigo e nem aceito chamar de Arthur ou “ele”.
Minha amiga: Mas voc� n�o tem que aceitar nada n�o. O nome dele � Arthur, � s� respeitar.
BPD: Mas por que voc� est� defendendo assim? Por acaso ela tem um “pinto” entre as pernas?
Tomei coragem de compartilhar essa situa��o, porque, infelizmente, ela n�o � rotineira apenas na minha vida, mas sim na vida de todas as pessoas que comp�em a comunidade trans e travesti. Diariamente escutamos “piadas”, “brincadeiras” e ofensas diretas sobre nossa identidade de g�nero e sobre nossos corpos.
Sem falar nos questionamentos descabidos: “Voc� � operada/o?”, “voc� j� operou o qu�?”, “Uai, voc� n�o vai operar n�o?”, “Como voc� � homem se ainda tem seios?”, “Como voc� � mulher se ainda tem p�nis?”, e por a� vai.
Gab Van, homem negro, trans e consultor de DE&I faz uma publica��o nas redes sociais sobre o assunto e disse: “Uma pessoa trans n�o � um objeto de estudo para saciar a sua curiosidade. Fazer esse tipo de questionamento � INVASIVO, OFENSIVO E DE NADA ACRESCENTA NA CONVERSA”.
Al�m disso, entenda, quando falamos de identidade de g�nero tamb�m estamos falando de autoidentifica��o. Ou seja, como eu me vejo, me identifico, qual � minha ess�ncia e como eu quero ser visto.
Ou seja, n�o tem nada a ver se a pessoa operou ou n�o, se a pessoa mudou ou n�o sua apar�ncia f�sica.
Como a “BPD”, que citei no in�cio desse texto, talvez voc� j� violou o direito � autoidentifica��o de pessoas trans e travesti por diversas vezes, de forma consciente ou inconsciente. Mas a partir de agora, n�o se esque�a, a identidade de g�nero de algu�m n�o � porteira aberta para voc� questionar, zombar, desrespeitar ou “n�o aceitar”. Cabe a voc� apenas respeitar.
E um dos passos para respeitar a comunidade trans e travesti � respeitar o nome e pronomes.
Nesse contexto e tamb�m para ampliar seu conhecimento e conscientiza��o sobre a comunidade trans e travesti, nesse M�s da Visibilidade Trans e Travesti, te convido a ler o artigo 'Me chame pelo meu nome, respeite meus pronomes'.
Al�m disso, se comprometa em respeitar a auto identifica��o de pessoas trans e travestis, ou seja, cabe � pessoa dizer quem ela �!