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Estado de Minas padecendo

Na hora H, no dia D

Precisamos falar sobre a morte, cada vez mais pr�xima. Nossa pr�pria morte e a morte de pessoas queridas. A dor da perda. O apego. O desapego



(foto: Depositphotos)
(foto: Depositphotos)


Um ano ap�s a primeira morte por COVID-19, seguimos com a sa�de mental abalada pelas perdas. Mais de 200 mil fam�lias, s� no Brasil. A vacina vir�, na hora H, no dia D. Vamos contando os dias, sem saber quantos dias faltam. Seguimos esperando que apare�a algu�m com bom senso para cuidar da popula��o. O mundo tem vacina. S� a gente que n�o.

Precisamos falar sobre a morte, cada vez mais pr�xima. Nossa pr�pria morte e a morte de pessoas queridas. A dor da perda. O apego. O desapego. A esperan�a de algo melhor do lado de l�. O trauma provocado por um ano angustiante.

Triste perder um amor. Sentir uma saudade que nunca vai passar. A falta. O vazio que talvez pudesse ter sido evitado.

Penso na minha pr�pria morte, embora n�o saiba quando ser� meu dia D, ou minha hora H. Vivo meu presente. Cuido de mim e de quem precisa de cuidados. Conhe�o minhas falhas, conhe�o minha for�a. Conhe�o meu ponto G. �s vezes, perco minha f�. Mas recupero.

N�o tenho medo da morte. Mas vou aproveitando minha vida enquanto ela n�o chega. Fa�o de cada pequena alegria um prop�sito. Cuido dos meus amores. Cultivo minhas flores.

Quando eu morrer, n�o terei arrependimentos. Durarei o suficiente para perdoar meus erros.

Vivo aprendendo. Morro sabendo. Morro amando.

Quando eu morrer, se eu tiver alguma coisa prestando, doe. Minhas c�rneas, meus rins, meus pulm�es. Entregue meu cora��o a quem possa amar. Deixe esses pedacinhos vivos.
Quando eu morrer, ria no meu vel�rio. Terei vivido bastante. Na intensidade que eu precisava.

Comemore minha passagem. Cante um sambinha bom pela minha alma liberta.

Quando eu morrer, me transforme em cinzas num cremat�rio. Depois, abra uma cova num lugar tranquilo. Deposite ali o que sobrou de mim. Plante uma �rvore que se nutra de mim. Uma �rvore brasileira. Sibipiruna, ip�, quaresmeira, cedro, pau-brasil.

Quando eu morrer, quero virar �rvore. Forte, alta, verde e florida. Me deixe ser flor. Deixe a chuva me molhar.

Quando eu morrer, vou esperar por voc� chegar. Vem ser �rvore. Vamos crescer floresta. Abrigar os passarinhos. Ser ninho. Esverdear a paisagem.

Quando eu renascer �rvore, darei frutos. Serei jabuticaba, gabiroba, grumixama, pitanga. Serei alimento. Distribuirei minhas sementes atrav�s dos passarinhos, dos morcegos, ou cada vez que o vento soprar.

Quando eu renascer �rvore, me presenteie com um balan�o. Quero ser alegria de crian�a. Meus galhos ser�o ref�gio. Minha sobra, aconchego.

Quando eu morrer vou estar bem viva. Frondosa. Centen�ria. Resistente. Minha hora H, no meu dia D, ser�o um recome�o. Um novo ciclo.

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