
Nunca gostei da romantiza��o da express�o empreendedorismo materno. Geralmente, a m�e empreendedora � aquela mulher que, depois que teve filhos, n�o conseguiu se recolocar no mercado de trabalho formal e foi tirar leite de pedra porque precisava de dinheiro para pagar as contas que n�o param de chegar.
As coisas j� n�o iam �s mil maravilhas antes da pandemia, mas depois da covid a situa��o piorou muito. A renda das m�es caiu drasticamente.
Luiza � m�e de um garoto autista. Para dar mais aten��o ao filho, que precisa de muitas terapias, ela precisou deixar o emprego e passou a fazer artesanato para vender. O tempo que ela tinha para produzir era o per�odo em que o filho estava na escola. A m�e dela, idosa, tamb�m cuidava do neto para que ela pudesse trabalhar.
O pai havia abandonado a fam�lia ap�s o diagn�stico do menino. � o que fazem 80% dos homens quando um filho tem alguma defici�ncia. N�o t�m maturidade para lidar com a situa��o, responsabilizam a m�e e somem. Claro, ele d� uma pens�o de R$ 200 e tem certeza de que a ex vive esbanjando essa fortuna.
A m�e vive sendo chamada de guerreira, mas ela n�o quer guerra com ningu�m. Ela s� faz o imposs�vel porque n�o tem escolha. Depois de anos se dedicando � produ��o e venda dos produtos, Luiza viu a oportunidade de ter um espa�o para a exposi��o dos seus produtos em uma loja colaborativa num shopping de Belo Horizonte. Com aquela loja ela n�o precisava mais ficar divulgando seu trabalho.
Estava tudo exposto ali para o p�blico do shopping. Ela n�o precisava estar l� todos os dias, havia um rod�zio entre as outras m�es que dividiam o espa�o, uma fazendo a venda da outra. Amor de m�e para m�e. Assim, sobrava mais tempo para a produ��o, as vendas aumentaram. Ela p�de come�ar a respirar com o dinheiro que recebia.
No meio do caminho tinha uma pandemia. Os shoppings fecharam. A loja fechou. As escolas fecharam. A av�, que ajudava a cuidar do neto, era do grupo de risco e n�o podia mais sair de casa para ficar com ele.
Luiza se tornou uma m�e sem rede de apoio, cuidando de um filho que, longe da escola, acabou regredindo e necessitando de mais cuidados.
A produ��o caiu. Teve que fechar seu estande na loja. Recebeu aux�lio emergencial em 2020, ajudou. Em 2021, o aux�lio diminuiu. Hoje, ela deixa de dormir para trabalhar e fazer as vendas diretas. Ela � s� mais uma entre tantas m�es empreendedoras que n�o conseguem manter seus pequenos neg�cios neste momento.
Todas essas m�es dependem da escola, elas precisam dividir os cuidados com os filhos para que seja poss�vel sustent�-los. Quem tem filho conta com o tempo que eles v�o passar na escola, isso n�o faz com que nenhuma mulher seja menos m�e. As crian�as s�o responsabilidade da sociedade.
O Dia das M�es est� chegando. Neste momento, � importante cada um de n�s tentar ajudar as pequenas empresas, os pequenos neg�cios. Que tal escolher um presente feito por uma m�e? Pode ser aquela sua vizinha, aquela mo�a do seu bairro. Aquela m�e que te indicaram que faz coisas lindas. Tem sempre uma m�e precisando do seu apoio. Ajude! Compre de uma m�e!