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Estado de Minas padecendo

"Maid" - viol�ncia que sufoca

D�i o desamparo. D�i a falta de apoio, a solid�o. D�i a viol�ncia institucional que culpabiliza a mulher. D�i a opress�o'


24/10/2021 04:00 - atualizado 24/10/2021 08:44




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“Maid” � uma s�rie dispon�vel na Netflix desde o in�cio de outubro. Uma s�ria baseada em uma hist�ria real. Alex foge de um relacionamento abusivo levando sua filha, sem dinheiro, sem emprego e sem ter onde morar.

Ainda estou digerindo a hist�ria que nos vira do avesso. Perdi o rumo. Chorei em todos os epis�dios. Tive que dar pausa em alguns momentos. � muito violenta, mas n�o � aquela viol�ncia de tiro, pancada, bomba e muito sangue. � uma viol�ncia que m�i a pessoa por dentro. Que fere a alma. Cheia de gatilhos. Forte, pesada. E muito necess�ria.
 
� uma dor que vai doer em cada mulher que assistir, com maior ou menor intensidade. A dor de se sentir invis�vel, insignificante.

N�o h� como n�o se identificar. N�o identificar uma amiga, sua pr�pria m�e, uma av�. Vai doer porque n�s, que sempre perguntamos “mas por que ela n�o larga esse sujeito?”, vemos que n�o � simples assim. Que a viol�ncia psicol�gica cria depend�ncia, deixa o agredido se sentindo incapaz. Que para sair de um relacionamento abusivo, � preciso ter rede de apoio, � preciso ter renda.

D�i na gente porque vai muito al�m da viol�ncia dom�stica. D�i o desamparo. D�i a falta de apoio, a solid�o. D�i a viol�ncia institucional que culpabiliza a mulher. D�i a opress�o.

Sufoca. Sufoca muito porque a sociedade acha que esses abusos s�o normais. Que a mulher tem que aceitar tudo pelo bem da fam�lia. Porque ningu�m entende que viol�ncia psicol�gica destr�i a pessoa e nem a pr�pria v�tima entende que est� sendo v�tima de viol�ncia.

Quantas de n�s chegam a uma delegacia para prestar queixa contra o marido e � mandada de volta para casa, para o agressor? Quantas pedem apoio da fam�lia para se separar e s�o julgadas por aqueles que deveriam apoi�-la incondicionalmente?

D�i na gente, porque deixamos de investir em nossas carreiras, em nossa independ�ncia financeira, para cuidar dos filhos, acreditando no casamento, no parceiro. E muitas vezes vemos tudo isso desabar. E quando desaba, ainda temos que lidar com a viol�ncia patrimonial.

D�i porque a gente sabe que no Brasil existem tantas Alex que n�o d� para contar. E muitas delas s�o pretas, e a cor da pele influencia na empatia que a gente vai ter. O racismo nos ensinou a acreditar que a mulher preta sente menos. Ser� que o impacto seria o mesmo se Alex n�o fosse branca de olhos azuis?

Em outro momento da vida, eu me pegaria torcendo pelo pr�ncipe encantado que vai salvar a mocinha. Mulher � treinada para se enganar. Treinada para acreditar que o marido abusador vai mudar. Que o pai negligente vai apoiar. Que o amigo � capaz de apoiar sem segundas inten��es.

A gente romantiza o sofrimento acreditando que a personagem � uma guerreira, hero�na, batalhadora, quando na verdade ela s� est� tentando respirar e sobreviver. Essa romantiza��o � fruto do machismo estrutural.

Toda mulher j� sentiu na pele essa agress�o sutil, constante, quase impercept�vel e capaz de destru�-la por dentro. Toda mulher sabe como as feridas da alma s�o dif�ceis de cicatrizar. O impacto ser� o mesmo nos homens?

A gente olha para a tela e v� um espelho. Aprendizado vem da dor, da derrota, do fracasso. “Maid” � um retrato de uma sociedade patriarcal, machista. � sobre opress�o. Sobre liberta��o de padr�es que se repetem. Ou voc� se liberta, ou vive num mundo de ilus�es e pira. “Maid” vai te chacoalhar, te virar do avesso e eu espero que, depois disso, voc� n�o volte para o lugar de antes.

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