Completei 47 anos em janeiro. Havia passado os �ltimos seis anos tentando me reencontrar profissionalmente. Muitas mulheres abandonam suas profiss�es para se dedicar � maternidade, escolha para uma minoria privilegiada. Escolha que tamb�m deixa um vazio.
Fui criada para ter uma profiss�o e ser independente e tinha muito orgulho quando tinha meu escrit�rio de arquitetura cheio de clientes e projetos, com uma equipe feminina trabalhando comigo. Mas um dia resolvi fazer uma pausa com a inten��o de retomar a profiss�o depois. Aquela vontade foi desaparecendo com o passar dos anos. Passei um longo per�odo tentando me encontrar.
Escrevi um livro, ilustrei outro, dei palestras sobre maternidade, sobre c�ncer de mama, sobre feminismo. Organizei eventos para mulheres e para fam�lias, bloco de carnaval, baladas, encontros, mas continuava sem saber para onde ir.
Passei mais de um ano pensando em estudar psican�lise, criei coragem, me matriculei. Todos os dias assisto a uma aula, a um semin�rio, escuto ou podcast, leio Freud.
Depois de 11 anos de escuta que o Padecendo no Para�so me proporcionou, entendi que o que eu venho fazendo h� tanto tempo tem tudo a ver com a psican�lise. E quanto mais eu aprendo, mais eu me encontro. Essa forma��o vai me ajudar a ter mais embasamento para ajudar as m�es e ajudando as m�es eu quero ajudar a mudar o mundo.
Depois de anos sem conseguir imaginar como eu estaria aos 60 ou 70 anos, hoje eu consigo me ver sentada numa poltrona confort�vel com vista para as montanhas, com muito verde ao meu redor, ouvindo uma paciente. Entre uma consulta e outra, cuido da minha horta e dos meus bichos, bebo vinho com meu marido, espero meu filho vir nos visitar.
Como � come�ar uma nova profiss�o chegando aos 50 anos? Ah, � igual come�ar aos 25, animada e iludida! A vida sem ilus�o � chata. Hoje eu me sinto em paz, preenchi um vazio inc�modo.
J� recebi muitas mensagens de mulheres querendo saber sobre voltar ao mercado de trabalho ou sobre transi��o de carreira. Eu n�o tinha uma resposta, estava perdida. Perder-se faz parte do processo.
J� recebi muitas mensagens de mulheres querendo saber sobre voltar ao mercado de trabalho ou sobre transi��o de carreira. Eu n�o tinha uma resposta, estava perdida. Perder-se faz parte do processo.
Hoje me reapresento: Isabela Soares, m�e do Felipe, esposa do Alexandre, arquiteta, escritora, social m�dia e psicanalista em forma��o.
Nunca � tarde para recome�ar. N�o importa se voc� tem 40, 50, 60, 70, 80... “A vida � muito curta para ser pequena.” – Benjamin Disraeli