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Estado de Minas PADECENDO

Cora��o de m�e

Sabe que pode contar comigo quando o bicho pega porque criamos v�nculos. Eu vou ser sempre chata, porque vou sempre cobrar e ensinar


27/03/2022 04:00 - atualizado 25/03/2022 15:20

coração de papel
(foto: depositphotos)


Cora��o de m�e sabe das coisas. Voc� cresceu e n�o faz nenhuma diferen�a se voc� andou com 11 ou 13 meses. Se voc� aprendeu a escreveu seu nome com 4 ou com 6 anos. Se aprendeu a ler com 5 ou com 7 anos.
 
Me lembro da pediatra me dizendo para eu come�ar a te dar f�rmula na mamadeira quando voc� fez 6 meses, mesmo com a amamenta��o sendo um sucesso e voc� ganhando muito peso.

Uns meses depois voc� estava acordando muito � noite, eu estava exausta e segui o conselho da mesma m�dica, usar o “Nana, nen�”. Aquilo era o oposto do que eu queria fazer, mas eu apenas obedeci sem questionar.
 
Eu me sentia t�o fr�gil, t�o sozinha, t�o sem apoio. Ouvia e seguia o que os outros diziam. N�o ouvia o meu cora��o. Voc� n�o precisava de mamadeira, e eu podia sim, dormir com voc�, seria melhor para n�s dois.

Mas eu fui com as outras. Era dif�cil raciocinar ou questionar quem “sabia mais que eu”. Na sala da pediatra era sempre s� n�s tr�s, voc�, ela e eu.
 
Quando resolvemos te tirar da escolinha pequena e levar para uma escola maior, aquela coordenadora me disse que seu desenho estava aqu�m dos desenhos das crian�as da sua idade. Que voc� teria que repetir o “infantil 3”, n�o s� pela data de corte que havia mudado, mas porque voc� n�o conseguiria acompanhar a outra turma.

Mais uma vez �ramos tr�s, voc�, ela e eu. Eu n�o tive escolha. At� contratei advogado para tentar uma liminar para voc� n�o precisar repetir, mas aquela conversa me fez desistir de brigar.
 
As pessoas falavam em maternidade como se fosse tudo uma receita de bolo. Eu sentia que estava errando a receita. Nunca fui boa para seguir f�rmulas. S� entendi que aquelas f�rmulas estavam todas erradas quando tive outras m�es para compartilhar experi�ncias comigo.

Eu e muitas outras est�vamos padecendo no para�so. E quando pudemos compartilhar nossas alegrias e nossas dores, dividir aquele peso, as coisas foram ficando mais f�ceis.
 
A f�rmula que a pediatra recomendou te fez mal, coisa que meu leite n�o fazia. Voc� teve otite de repeti��o e ficou tomando antibi�tico a cada dois meses at� que eu vi que o problema estava dentro daquela mamadeira. A alergia � prote�na do leite que me deixava toda entupida fazia o mesmo em voc�, s� que no seu caso o excesso de muco ia para os ouvidos. Cortei a f�rmula e voc� nunca mais teve otite.
 
Tudo o que n�s sofremos empregando o m�todo do livro “Nana, Nen�” ficou para tr�s quando entendi que estava tudo bem eu deitar na sua cama quando voc� me chamava de madrugada. Dormir abra�adinha com voc�, quando voc� precisou de mim, n�o te deixou mais dependente nem mais fr�gil. Isso tamb�m n�o prejudicou o casamento.
 
Eu queria muito que aquela coordenadora que falou dos seus desenhos visse o que voc� desenha agora. O melhor desenhista da turma. J� ilustrou at� livro infantil. Eu e seu pai confiamos que voc� era capaz, demos espa�o para voc� ser quem voc� �. Te tirei do hor�rio integral na escola porque vi que precis�vamos passar mais tempo juntos.
 
Meu trabalho deixou de fazer sentido depois que me tornei m�e. A maternidade me transformou. E tamb�m me deixou mais dependente do seu pai. N�o conta para ningu�m, mas esse � um erro que muitas m�es cometem, a gente n�o deve abrir m�o da nossa independ�ncia financeira, nem todo casamento dura para sempre. Ainda bem que seu pai � um cara que tamb�m vem aprendendo muito com a paternidade.
 
Hoje voc� � um adolescente, j� viaja sem mim. J� n�o precisa que eu leia para voc� dormir. N�o me chama � noite. Me acha “cringe”. Mas sabe que pode contar comigo quando o bicho pega porque criamos v�nculos. Eu vou ser sempre chata, porque vou sempre cobrar e ensinar. Papel de chata � parte do papel de m�e.
 
N�o sei o que seria de mim se, naquele m�s de mar�o de 2011 eu n�o tivesse resolvido criar um grupo de m�es no Facebook. M�e precisa ouvir m�dicos, precisa valorizar a ci�ncia, mas tamb�m precisa se lembrar de que toda mulher � um pouco bruxa.

Que temos um sexto sentido e uma conex�o com nossos filhos que ningu�m mais tem. Muitas vezes precisamos tampar os ouvidos para ouvir o que diz o nosso cora��o.

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