
Eles tornam a separa��o p�blica: “N�o foi uma decis�o f�cil, nem impulsiva. Foram praticamente 24 anos de relacionamento e 15 anos de casados. Com altos e baixos, �s vezes mais felizes, �s vezes menos, mas sempre inteiros e dispostos a fazer o nosso melhor. E fizemos. N�o teve briga, m�goa, traumas… a gente conseguiu enxergar que esse era o melhor caminho e vamos deixar de ser um casal do mesmo jeito que a gente foi um: com muito amor, respeito e amizade infinita. A fam�lia que a gente construiu � pra sempre. E o nosso amor tamb�m.”
Ainda temos aquela ilus�o do amor rom�ntico, do amor eterno. Por isso, quando recebemos a not�cia da separa��o de um casal que estava junto h� muitos anos, nos assustamos. Sandy estava casada h� 15 anos, outro dia estavam fazendo declara��es de amor; “Te amo para sempre!”. Era mentira? Provavelmente n�o, acontece que amar para sempre n�o quer dizer viver junto, debaixo do mesmo teto para sempre, e tudo bem.
Para algumas pessoas, a hist�ria virou um drama: “N�o acredito mais no amor depois dessa not�cia.”
N�o � preciso deixar de acreditar no amor. Quem deixa de acreditar no amor por causa da separa��o da Sandy, deixa de acreditar no amor rom�ntico, se desilude. Mas era isso, uma ilus�o de um ideal de amor. O amor do imagin�rio de cada um acompanhava o casal nas m�dias sociais. O amor rom�ntico ignora a realidade, � tudo lindo. Aquela ideia de alma g�mea, do “feitos um para o outro”. Essa ideia ignora a individualidade, ignora as expectativas que temos em rela��o ao outro. Amor rom�ntico � lindo, mas s� existe no nosso imagin�rio.
Casamentos terminam e o fim s� diz respeito ao casal. A gente torce para dar certo, e n�o podemos dizer que n�o deu. Foram 24 anos de relacionamento, 15 anos casados, um filho de 9 anos criado longe dos holofotes. Amor se transforma, o la�o deles � eterno, eles t�m um filho juntos. Um fim de casamento respeitoso tamb�m � um ato de amor. Decis�es dif�ceis s�o necess�rias para se evitar uma vida dif�cil. O t�rmino d�i, � preciso que o tempo abrande as emo��es.
Hist�rias come�am, hist�rias terminam. N�o existem culpados, existe a vida em movimento mudando as pessoas, apresentando novos caminhos. Sempre gostei da verdade sobre o amor rom�ntico dita por Vinicius de Moraes em seu “Soneto de Fidelidade”:
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero viv�-lo em cada v�o momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, ang�stia de quem vive
Quem sabe a solid�o, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que n�o seja imortal, posto que � chama
Mas que seja infinito enquanto dure."