
Ao ver minhas filhas correndo pela sala, brincando e espalhando bonecas por todos os cantos, tenho certeza que os anjos moram aqui. �s vezes, a bagun�a � tanta que chego a duvidar da angelical companhia.
Mas, quando me abra�am e me fazem um carinho, tenho certeza da divindade.
A certeza debaixo deste c�u azul serve apenas aos obtusos.
A incerteza � inerente � ci�ncia. Viajamos num espa�o onde n�o sabemos o princ�pio, nem o fim.
Somos viajantes a mirar paisagens que desaparecem r�pido diante de nossos olhos. Captamos o flash de um tempo que passa no mesmo instante que o percebemos.
Degustamos uma poeirinha da divindade que nos habita. Certezas nunca, d�vidas sempre...
Assim, quando vejo a eloqu�ncia dos convictos, duvido! A verdade n�o precisa de eloqu�ncia. Quando �, simplesmente �! At� n�o ser mais. Pronto, revelado um mist�rio, nasce uma nova d�vida a ser respondida.
Assim � a ci�ncia! Verdades tempor�rias para d�vidas eternas.
O contr�rio � a morte. Para quem cr�, um novo come�o, quem sabe?!
Segundo Benjamin Disraeli, parafraseado pelo saudoso Ariano Suassuna, existem tr�s grandes mentiras: a mentira, a mentira deslavada e a estat�stica.
Com a estat�stica, provamos o improv�vel e criamos verdades que escondem as l�grimas de muita gente.
N�meros s�o apenas n�meros, at� serem n�s, ou partes indivis�veis de n�s.
Ao debocharmos do lado f�nebre de um n�mero, desprezamos a n�s mesmos. � s� uma quest�o de tempo...
A pandemia evidenciou a unicidade do tecido humano que cobre o planeta.
A dor de qualquer ser, � minha e sua. A brasa que queima na China ilumina e previne a nossa escurid�o logo depois.
Esta � a beleza do conhecimento cient�fico compartilhado. O sofrimento de uns � o al�vio de outros. Por�m, a reciprocidade � que nos insere no humano, que vai al�m da carne e osso. Somos 75% �gua e 100% dependentes do tecido vegetal que nos permeia.
Portanto somos um s� indivis�vel com intervalo de confian�a, desvios padr�es e incertezas.
Portanto somos um s� indivis�vel com intervalo de confian�a, desvios padr�es e incertezas.
A face mais cruel de uma epidemia e do isolamento social, necess�rio � sobreviv�ncia, � a solid�o.
A solid�o dos que amam gratuitamente.
Como a minha fun��o � tratar feridas, compartilho como eu trato as minhas.
Sempre, nos momentos mais tristes, acho uma �rvore solit�ria no alto de uma montanha. Fixo o olhar e imagino estar sentado ao p� daquele ser...
Depois de alguns segundos, j� estou l�. Somos id�nticos em miss�o, em lados biol�gicos complementares. Respiro para que ela respire... os meus pulm�es s�o os dela e a clorofila o nosso elemento vital comum.
Tente achar a sua �rvore! Geralmente ela aguarda o seu olhar no alto de alguma montanha. Cada um tem a sua �rvore nesta vida. Mas tem que procurar. Ela � sua e voc� � dela.
Amar �, de fato, um exerc�cio solit�rio. Vai passar.
Quando passar, voc� estar� pronto para enfrentar novas incertezas.
Em Minas, como dizia Drummond em Cidadezinha Qualquer, a vida vai devagar...eu completaria, at� a epidemia vai devagar.
Ainda bem! Os apressados que me perdoem, mas o prazer de estar vivo, deve ser degustado.
Dias corridos n�o geram mem�ria, particularmente, mem�ria afetiva.
Com o tempo, a vida acaba virando um amontoado de dias sem sentido. Assim, somos devorados por Cronos e, ao percebermos, passou...
Acho que j� era tempo de darmos uma freada. Talvez n�o t�o brusca e imposta por um v�rus. Mas, consciente e movida pela necessidade de reflex�o sobre o estar vivo!
Curioso, mas tenho sido questionado se n�o propusemos o isolamento social muito cedo em Belo Horizonte. A resposta � simples: n�o! Ou, coerente com as incertezas do ineditismo pand�mico, talvez n�o.
Vejam a mortalidade no mundo ao nosso redor! Temos a menor mortalidade do pa�s em cidades com mais de 1 milh�o de habitantes e uma das menores do mundo para cidades deste mesmo porte.
Ou seja, a nossa chance de morrer em BH por COVID � menor do que na maioria das cidades da Europa com o mesmo n�mero de habitantes. Apesar de todos os argumentos do sofrimento gerado pelo isolamento social, de fato, muito chato, estarmos vivos � um privil�gio, principalmente considerando as mazelas que nos permeiam. N�o termos perdido algu�m que amamos, uma d�diva.
Mas, e a economia?!
CNPJs s�o recuper�veis, CPFs n�o.
Portanto, a prioridade � mantermos CPFs ativos!! Quando pensamos assim, percebemos que os n�meros que comp�em estes documentos, choram, sorriem, cantam, vivem e amam!!
Tem gente neste n�mero!!Gente que atravessa o Liso do Sussuar�o, conforme Guimar�es, em busca de paz e felicidade, mesmo que tenham que batalhar por isto.
Muita luta! Muito espinho a rasgar a pele. Muita miragem a nos confundir.
CNPJs tamb�m s�o estruturas vivas, sem rabo preso...Por�m, nascem dos CPFs e n�o sobrevivem sem eles.
Assim, preservar a vida das pessoas n�o � excludente da manuten��o das empresas e neg�cios. A engrenagem n�o parar� se as pessoas continuarem vivas e sonhando. O infinito � real!
A epidemia, atrasa, mas n�o mata os sonhos. Estes continuam com as pessoas, as quais criam empresas, empregos e valores!!
Mas, o valor principal � o homem que vai devagar, o cachorro que vai devagar, o burro que vai devagar e da vida que vai devagar, mas vai..., mesmo que besta, vai... gra�as a Deus!