
Sr. Dickson quer um competidor � altura dos seus 96 anos para os 100 metros rasos.
O milagre do esporte mant�m a vida e o entusiasmo de vencermos o tempo.
A Sra Elza, com Alzheimer, n�o se esqueceu do Garrincha.
Sr. Gilberto cantou a Roseira da Bahia.
Essas cenas foram estampadas pelo Fant�stico no �ltimo domingo. Trata-se de uma bela resposta ao "�bito tamb�m � rem�dio", justificativa criminosa de uma operadora de planos de sa�de para sonegar tratamento digno aos seus clientes "priorit�rios".
Mem�ria perdida, sonhos reencontrados. A alegria � a cura! Por isso a linha de chegada � t�o importante para quem procura.
O gol � m�gico,
A cesta do Oscar M�o Santa,
o viagem nas estrelas do Bernard, o sprint do Chamorro.
A explos�o de emo��es que nos invade com o esporte � o Big Bang que cria e recria.
O que a pandemia nos tirou de mais precioso foi a alegria. O v�rus que invade os pulm�es, afeta a esperan�a e nos adoece emocionalmente.
Nesse momento o desafio � voltar ao normal e superar o medo. Mas, como?!! Se n�o temos um norte! Em quem confiar?! Onde fica o Porto Seguro?! Na Bahia, claro! A estrela guia nos leva a Bel�m. Mas, � l�?!
A mentira e a ilus�o n�o encontram espa�o diante dos fatos expostos pelo tempo. A ci�ncia n�o nos oferece a verdade, mas a d�vida transitoriamente respondida.
Algo pr�ximo da verdade poss�vel para o momento do conhecimento. A meta da ci�ncia, assim como o esporte, mesmo quando a esperan�a nos vaza pelos dedos, � tornar a vida mais alegre.
O rumo certo �, e sempre ser�, incerto. Mas, se no final o que encontramos no rosto � o sorriso, valeu a chegada.
O cora��o pode ficar apertado na viagem, mas se no final encontra o ritmo certo, valeu a taquicardia.
O vazio � o p�ntano que respiramos. N�o h� certeza nem no olhar de sua pr�pria m�e. O porto n�o existe!
Trata-se de uma miragem eterna. O que vale � a viagem, o prazer de compartilharmos as incertezas e d�vidas.
Abra�amos o amor como t�bua de salva��o do vazio que nos mant�m flutuando no nada. Mas, se feij�o � que segura o v�o, a alegria � o que nos preserva.
Entre hiatos de sofrimento, a alegria nos visita. Num gol, num olhar, no orgasmo, ou no simples prazer da conquista de um sorriso.
O mundo cabe num olhar afetuoso, na perspectiva de voltar a respirar pr�ximo de algu�m. Aceitar a solid�o existencial � sofrido, mas necess�rio.
Jamais construir o�sis no deserto alheio, como bem disse Fernando Pessoa. O ponto � t�o importante quanto o contraponto.
Certo dia, passando pela Pra�a da Esta��o, encontramos um �nibus que apresentava a Konga, mulher gorila. N�o resistimos. Supimpa e Gustavo n�o tiveram d�vida. Vamos ver a Konga!!
No princ�pio uma mulher linda entre grades mereceu elogios e at� um fiu-fiu. Na sequ�ncia, os pelos foram aumentando e surgiu a fera que detonou as grades.
O corredor estreito n�o permitia a passagem de todos ao mesmo tempo. N�o sei como, mas s� encontrei o Supimpa no meio da pra�a meia hora depois.
Sem qualquer vergonha da galera que ficava na porta do �nibus aguardando as v�timas da Konga, ele passou como uma bala pela gargalha alheia. A Konga era apenas um truque de espelhos. Risco ilus�rio. Metamorfose da gargalhada. A metamorfose imposta pelo tempo, transforma a bela na fera e vice-versa.
A velha Konga que nos p�s a correr, nessas alturas do campeonato � uma mem�ria alegre de um dia em que acredit�vamos ser eternos.
Adoraria competir com o Sr. Dickson, aos 96 anos. N�o pela vit�ria, mas pela alegria de fazer-lhe companhia, abra��-lo no final e subirmos juntos no p�dio do tempo.
Afinal, a chegada � apenas um detalhe. O caminho, o qual ningu�m tem o direito de encurtar, � que importa. Vamos caminhar?! A linha de chegada � logo ali na esquina, no infinito.