Viajar de Uni�o era pegar carona.
Gost�vamos mesmo era do Gontij�o.
Passagem comprada, e j� dentro do �nibus j� est�vamos no nosso quintal. A Avenida Amazonas era apenas uma extens�o da Rua Vinte. Era s� seguir direto. Apesar da Serra de Luz, uma reta s�.
Dentro do �nibus at� os puns eram conhecidos. Sab�amos quem era pelo odor.
Est�vamos em casa.
Risadas altas e familiares abriam caminho para o �tero que nos esperava.
Na cozinha do Gontij�o rolava de tudo. Cerveja, samba e piadas repetidas, mas sempre novas.
Amigos de inf�ncia voltando para cada.
Cheg�vamos sempre por volta das 9 da noite, quando a cidade ainda fervia nas noites de dezembro, v�spera de Natal
Foi numa dessas viagens que desembarquei em plena pra�a S�o Pedro louco para v�-la.
Ela me esperava no bar do Ben� , em frente a minha antiga casa, onde vive a inf�ncia, n�o muito distante desse dia.
Nos encontramos e vivemos um momento �nico. Ela me deixou na casa de um amigo e nunca mais a vi com vida.
O breu se fez...
Meu vinte e tr�s de dezembro sempre ter� a dor daquela noite.
Me lembro do olhar da m�e e das l�grimas e solu�os do pai. Filhos n�o s�o feitos para serem perdidos.
Eu n�o sabia onde ancorar a alma.
N�o me esque�o do amparo do meu av�: – S� o tempo, meu filho. S� o tempo, abranda. N�o apaga, mas abranda.
Hoje, mais de 40 anos depois, ainda lembro daquela noite.
Gostaria nunca ter vivido aquele pesadelo.
Dia 23 de dezembro, nunca foi conclu�do.
Tudo pode acabar a qualquer momento.
Assim � a nossa viagem.
Havia um poste no caminho. No meio do caminho havia um poste.
Acordei.