
Recado
“Tudo certo como dois e dois s�o cinco.”
• Caetano Veloso
Livros, autores e leitores pra dar, vender e emprestar
Festas liter�rias eram raras como vi�vo na pra�a ou dinheiro no bolso. Agora se multiplicam. Cidades grandes e pequenas promovem eventos pra l� de atraentes. Neste fim de semana � a vez da charmosa Piren�polis, em Goi�s. Escolas, teatro, pra�as, bares e restaurantes recebem escritores, ilustradores, contadores de hist�rias que encantam gente grande e gente pequena. Chama a aten��o a participa��o das crian�as. Elas entram no clima, folheiam obras, apreciam as ilustra��es, devoram as ofertas. S�o um espet�culo de alegria.
Direitos do leitor
As crian�as adoram livrinhos. Elas s�o pra l� de curiosas. N�o se satisfazem s� com as imagens. Insistentes, perturbam pai, m�e, irm�o, amigo ou desocupado para lhes ler as historinhas. E o fazem uma, duas, tr�s, muitas vezes. N�o se cansam. Depois, crescem. Entram na escola. Alfabetizam-se. E, curiosamente, o interesse pelos livros cai. Por qu�? H� muitas respostas. Uma talvez esteja no dec�logo de Daniel Penac. Nele, figuram os direitos imprescrit�veis do leitor. Ei-los – 1: O direito de n�o ler. 2: O direito de pular p�ginas. 3: O direito de n�o terminar um livro. 4: O direito de reler. 5: O direito de ler qualquer coisa. 6: O direito ao bovarismo (doen�a textualmente transmiss�vel). 7: O direito de ler em qualquer lugar. 8: O direito de ler uma frase aqui e outra ali. 9: O direito de ler em voz alta. 10: O direito de calar.
Puro prazer
Bovarismo, segundo Penac, � a satisfa��o imediata e exclusiva de nossas sensa��es: a imagina��o infla, os nervos vibram, o cora��o se embala, a adrenalina jorra, a identifica��o opera em todas as dire��es, e o c�rebro troca (momentaneamente) os bal�es do cotidiano pelas lanternas do romanesco. � nosso primeiro estado de leitor. Delicioso…
Sem chap�u
O leitor l�. E presta aten��o �s manhas do verbinho pra l� de ardiloso. O presente do indicativo apresenta novidade. A reforma ortogr�fica cassou o acento do hiato eem. Veem, creem, deem agora se escrevem sem chap�u. Leem, que joga no mesmo time, tamb�m perdeu o circunflexo: eu leio, ele l�, n�s lemos, eles leem.
Superdica
L� ou ler? Muitos confundem as duas formas. Perdem pontos, promo��es e amores. Vamos acabar com os vacilos? � f�cil como tirar doce de crian�a. Ler � infinitivo. L�, presente do indicativo. O infinitivo detesta a solid�o. Anda, por isso, acompanhado de auxiliar: Ele pode ler. N�s vamos ler. Eles come�am a ler. O presente � dono e senhor de si. Emancipado, dispensa companhias: ele l�, Maria l�, Paulo l�. Na d�vida, ponha o verbo no passado. O presente muda. O infinitivo fica sempre igual: Ele leu. Ele p�de ler. N�s fomos ler. Elas come�aram a ler.
Ler emagrece
Estudo encomendado pela rede de livrarias brit�nicas Borders refor�ou o ditado “mente s�, corpo s�o”. O ato de ler gasta calorias. O estudo foi al�m: comprovou que, ao ler livros de a��o, sexo e suspense, a taxa m�dia de calorias gastas dobra. Isso se deve ao fato de que livros ligados a esses temas provocam a produ��o de adrenalina, horm�nio que prepara o corpo para situa��es de estresse, reduzindo o apetite e queimando calorias.
� isto
“Sabendo interpretar o que l�, o estudante organiza as ideias e produz bom texto. O resto � conversa, falsa teoria.” (Lygia Fagundes Telles)
Leitor pergunta
Repetir de novo � redund�ncia? Joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro e sair pra fora?
• Marcela Dias, Santos
Depende, Marcela. Repetir � dizer outra vez. Voc� repetiu s� uma vez? N�o use de novo. Mais de uma vez? Ufa! � de novo.
