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Estado de Minas ERICKSON GONTIJO

Mudan�a nos planos de reabertura das cidades n�o significa retrocesso

A luta di�ria contra � COVID-19 pede decis�es pautadas em respostas din�micas, que os n�meros exigem


03/07/2020 07:59 - atualizado 03/07/2020 08:11

Menino da tribo indígena Guarani usa máscara em Maricá, Rio de Janeiro(foto: MAURO PIMENTEL / AFP)
Menino da tribo ind�gena Guarani usa m�scara em Maric�, Rio de Janeiro (foto: MAURO PIMENTEL / AFP)

O poder p�blico e as comiss�es t�cnicas nunca foram t�o ouvidos, as reuni�es e declara��es que v�o conduzir os eixos da sociedade na pandemia da COVID-19 s�o constantemente vigiadas e comentadas. As decis�es pol�ticas geralmente buscam balizar as rela��es humanas em busca de um equil�brio e seguran�a para os direitos individuais, mas ser� que estamos diante de uma real aceita��o dos tratos sociais? 

Exemplos de muitos pa�ses que n�o foram necess�rias medidas governamentais para controlar a COVID-19 s�o ecoados aos quatro cantos das discuss�es, mas se esqueceram da particularidade de cada situa��o e regi�o.

A Nova Zel�ndia que declarou vit�ria contra o novo coronav�rus no in�cio de maio e havia decretado lockdown antes da primeira morte no pa�s n�o � argumento para os mais astutos. Quem busca e divulga exemplos seletivos devem ser os mesmos que querem uma receita pronta para diversas d�vidas ou uma prescri��o m�dica sem avalia��o m�dica. Os famosos pedidos "Estou com alguns exames e queria..." ou "Olha acordei assim, ser� que �...". Muitos querem mesmo � resolver o pr�prio problema e ang�stia de maneira ego�sta - o que de toda forma n�o � t�o errado, mas pe�o que ao falar, por favor, posicione sua m�scara de maneira adequada para proteger boca e nariz, no queixo n�o pode e claro mantenha uma dist�ncia segura � bom para voc� e para todos n�s.

Os mais intensos e barulhentos est�o afirmando que algumas cidades que caminhavam bem rumo � abertura do com�rcio seguiam um caminho certo. Entretanto, foi necess�rio reduzir novamente o ritmo de abertura e, com isso, n�o � raro escutarmos palavras e express�es como "retrocesso" ou "voltar atr�s". Um dos meus objetivos nesta semana � explicar que n�o tem ningu�m voltando atr�s ou retrocedendo. 

O objetivo de medidas de barreira como m�scaras, restri��o de mobilidade e de atividades � evitar e reduzir a propaga��o das contamina��es. A meta a ser alcan�ada � que o v�rus fique onde ele j� estiver e a partir da� cesse o seu ciclo, que � em m�dia de 14 dias. O que queremos � que o v�rus desapare�a, mas toda vez que uma pessoa infectada contamina outra, recome�a um novo desafio - afinal o que chamamos de caso zero, existe.

O primeiro caso foi o respons�vel por desencadear os quase 11 milh�es de casos documentados no mundo e � exatamente pela forma e velocidade de novas contamina��es que h� um empenho para que se reduza os n�meros de novos casos di�rios, para que seja poss�vel atender de maneira eficaz os casos graves - isso � o achatamento da curva. Grande parte das discuss�es � sobre o pico da curva e sua intensidade. O debate sobre extens�o, ou seja, sobre o tempo e n�mero total de casos, � muito mais complexo.

No in�cio de junho, falamos aqui, no texto "Reabertura do com�rcio n�o significa o fim da pandemia", que os planos de reabertura s�o divididos em fases, como  uma forma de agir lentamente para que nada saia do controle. Diante de uma nova realidade, novas pr�ticas e afrouxamento das medidas de seguran�a poderia ser observada uma nova curva, com mais casos e, inclusive, com mais pacientes graves necessitando de atendimento hospitalar adequado.

Se isso acontecesse, seria necess�rio refazer toda a an�lise da nova situa��o - foi exatamente essa situa��o que muitas cidades, incluindo Belo Horizonte, observaram. A luta di�ria contra a pandemia com as caracter�sticas da que estamos enfrentando pede decis�es pautadas em respostas din�micas que os n�meros (que n�o s�o perfeitos) exigem. 

Proponho uma analogia para ajudar a compreender que n�o estamos diante de um retrocesso. Imagine que o caminho do combate � pandemia � como voc� estar em um ambiente completamente escuro, com sua lanterna ou vela na m�o, assim voc� consegue planejar o percurso somente com as vis�es e informa��es de 3 ou 4 passos a frente; ao mudar de dire��o e planejamento voc� n�o est� retrocedendo, mas sim atuando de maneira racional com o que h� de mais seguro diante da sua realidade. Se pud�ssemos ter lanternas melhores ou casti�ais maiores ter�amos decis�es mais precisas e planejamentos mais long�nquos, mas nossa realidade atual � bem diferente da ilus�o que alguns constroem e temperam com pessimismo.

Estamos vivenciando o avesso da frase pol�mica de Neymar Jr. (1992-) "Saudades daquilo que a gente ainda n�o viveu" ou mesmo do grande "�guia de Haia", Ruy Barbosa "Tenho saudade do que n�o vivi". Com quase um milh�o e meio de casos confirmados e mais de mil mortes di�rias somadas a mais de 60 mil mortes j� registradas, estamos criticando o distanciamento que n�o foi feito e o fechamento que, parcialmente, ocorreu. O cidad�o que quer tratamento milagroso, resposta f�cil e r�pida para problemas complexos � o mesmo que mant�m todos funcion�rios trabalhando sem a devida orienta��o, faz churrasco, festas clandestinas e ri dos mais preocupados, ou seja, reduziu somente o que n�o foi poss�vel esconder e agora est� gritando aos quatro ventos a palavra retrocesso.

Enfrentar a pandemia de COVID-19 � controlar a boa vontade individual, a ignor�ncia coletiva e vencer uma doen�a que tecnicamente n�o tem tratamentos espec�fico e n�o tem vacina dispon�vel. A maioria esmagadora dos casos s�o assintom�ticos, leves e evoluem para cura espont�nea, por�m a pequena porcentagem dos casos graves exigem estrutura e profissionais preparados executar o cuidado preciso. Fazer o arroz com feij�o sem errar � um bom segredo.

Sabe o que importa pouco neste momento? O n�mero de casos recuperados - esses eram esperados e ser�o maiores pois h� um recorde de infectados. O que n�s queremos � reduzir o n�mero de mortes. Voc� coloca o cinto de seguran�a pensando no n�mero de viagens tranquilas ou nas imagens impactantes de acidentes fatais que recebemos? De forma nenhuma estou dizendo que a cura e o sucesso dos tratamentos s�o irrelevantes, claro que s�o, mas a propaga��o da doen�a ir� encontrar pessoas fr�geis, locais sem estrutura, equipes adoecidas, sa�de mental comprometida e sim, ruas e mais ruas de  CPFs e CNPJs que est�o lutando contra a recess�o econ�mica nunca antes vista na hist�ria.

Se voc� insiste em pensar que algumas pessoas v�o acabar morrendo, cancele as festas juninas clandestinas, pare de frequentar os bares que t�m uma forma de abrir, evite reunir-se de maneira irrespons�vel e inscreva sua fam�lia como volunt�ria no real fronte de enfrentamento contra a COVID-19.

O pulso firme para direcionar as a��es exige que quando os dados pedirem por medidas de fechamento e redu��o da circula��o do v�rus estas medidas devem ser adotadas, por�m de forma nenhuma isso significa um retrocesso ou um passo para tr�s - mas sim um avan�o respons�vel e coerente com o problema que estamos enfrentando. 

Para os pessimistas, todas medidas s�o insuficientes, s�o baseadas em opini�es e h� um desejo coletivo de prejudicar a economia e talvez at� atacar o presidente, mas o mundo � mais complexo e mais importante que a opini�o persecut�ria de muita gente. A doen�a mata mais que a acidez das palavras dos crentes nas ilus�es pessoais. Para criticar h� de se conhecer melhor e estudar mais, esta doen�a ainda n�o tem cara e nem jeito. Os meus professores de Cl�nica M�dica da UFMG sempre afirmaram "Estudem, n�s s� cumprimentamos quem a gente conhece".

Espero que breve todos n�s possamos dizer
-Bom dia, Covid-19?
-Tchau.

Tem alguma d�vida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: [email protected]

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