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Estado de Minas francisco morales

Assim como S�o Jo�o, o professor � imprescind�vel!

O 'novo professor' dever� estar aberto para amar e ser amado, para emocionar e se emocionar, para cuidar e ser cuidado


29/06/2020 04:00 - atualizado 29/06/2020 08:23

Este ano, as Festas Juninas, tão tradicionais nas escolas, perderam a esperada preparação e o calor humano do contato das pessoas(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Este ano, as Festas Juninas, t�o tradicionais nas escolas, perderam a esperada prepara��o e o calor humano do contato das pessoas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A noite de 23 de junho marca o in�cio da celebra��o da festa de S�o Jo�o. No Evangelho de Lucas afirma-se que Jo�o nasceu cerca de seis meses antes de Jesus, seu primo, a quem depois batizou. Assim, a festa de S�o Jo�o Batista foi fixada em 24 de junho, seis meses antes da v�spera do Natal. � um dos poucos santos dos que a Igreja Cat�lica comemora o nascimento (24 de junho) e n�o a morte. E o �nico que tem no santoral duas datas marcadas: al�m do nascimento, a data do seu mart�rio (29 de agosto).

O que torna as festas de S�o Jo�o t�o enraizadas na alma do povo brasileiro? Imprescind�vel no calend�rio do Brasil, mistura do arraial com o urbano, a Festa de S�o Jo�o vai al�m da mera representatividade religiosa e folcl�rica. Ela deita as suas ra�zes na comemora��o mais profunda do sentir cidad�o, nas diversas etnias nacionais e nas tradi��es mais aut�nticas da alma do povo brasileiro. Re�ne todas as cores, todas as cren�as, todas as origens e tend�ncias, representadas por bandeirinhas coloridas, m�sica e dan�as, fogueira, comidas e quent�es, roupas elegantes ou remendadas, disfarce e sotaque caipiras, com uma boa prosa e confraterniza��o. Ser� essa conviv�ncia e partilha uma par�bola da sociedade brasileira almejada, num verdadeiro milagre joanino repetido anualmente?

Este ano, ser� um pouco diferente. As Festas Juninas, t�o tradicionais nas nossas escolas, v�o perder a sua esperada prepara��o e o calor humano do contato das pessoas, mas n�o a sua alma. Muitas institui��es, com saudade dos seus estudantes e fam�lias, est�o promovendo encontros virtuais, quadrilhas de um mais um igual a muitos, ou r�pidas passadas de carro na porta da escola, para n�o deixar que essa data passe em branco e comemorar, assim, algumas das coisas que n�o podemos ceder � pandemia ou ao des�nimo.

Assim como S�o Jo�o, o professor p�s-pandemia tamb�m ser� imprescind�vel. A escola j� est� ficando de cara nova, j� mudou, n�o temos d�vida. Mas, e o professor? Quais as novas tarefas que lhe ser�o atribu�das no “novo normal” da escola? Para n�o falar do �bvio e t�o repetido nessas semanas, algumas ideais podem nos ajudar na convic��o de que a “nova presen�a do professor” ser� imprescind�vel no presente e no futuro da escola.

A tecnologia consolidar� a dist�ncia educacional e tornar� a presen�a f�sica do professor cada vez mais dispens�vel? Nada mais longe, pois n�o se educa uma crian�a ou jovem numa tela de computador ou celular; educa��o exige presen�a, afeto, abra�o, rela��o. Na educa��o p�s-pandemia ser� necess�ria, de forma imperativa, a humanidade do professor, com toda a sua riqueza profissional e pessoal. O “novo professor” dever� estar aberto para amar e ser amado, para emocionar e se emocionar, para cuidar e ser cuidado. Essa pedagogia do cuidado ser� fundamental para criar as bases de um s�lido e novo aprendizado.

Sem negar a import�ncia das novas tecnologias e metodologias de ensino e aprendizagem, o professor ser� imprescind�vel para lutar, desde o compromisso di�rio, por uma reforma profunda da institui��o escolar. A ideia � colocar o sistema escolar a servi�o da crian�a, do jovem e da comunidade, naquilo que de mais fundamental eles t�m, que � a constru��o da humanidade, o seu desenvolvimento integral e a forma��o humana, social e profissional em valores. E a�, o professor ter�, cada vez mais, um papel luminoso e essencial.

O professor ser� imprescind�vel para superar a disson�ncia entre o digital e o anal�gico, que � a mesma que existe normalmente entre estudantes e professores mais tradicionais. Traduzindo: o professor deve trocar o seu “poder” em sala de aula e nas rela��es com os seus estudantes por uma vis�o de utilidade social, humana e pedag�gica, que o fa�a entender que a rela��o entre indiv�duos deve ser solid�ria e afetiva, pois todos nos movimentamos, essencialmente, por emo��es e sentimentos. Todos somos sujeitos conectados e as redes que formamos s�o redes seletivas e colaborativas, redes de vida e partilha.

Um dos pap�is fundamentais do professor ser� sistematizar os encontros fam�lia/escola, para acertar o que est� se ensinando em um lugar e em outro e tentar superar essa esp�cie de esquizofrenia, principalmente �tica, � qual se v� submetido muitas vezes o estudante. Os princ�pios e valores da sua fam�lia n�o coincidem com o que � ensinado na escola? E a�? Como agir? O di�logo escola/fam�lia ser� de fundamental import�ncia. N�o estamos falando de di�logo em fun��o apenas do pedag�gico ou instrucional. Estamos nos referindo � constru��o de referenciais humanos, valores e princ�pios capazes de suportar uma exist�ncia coerente, formativa e colaborativa.

Como pensar em educar contra a barb�rie sem a presen�a cr�tica do professor? Isso significa trazer para a mesa assuntos fundamentais que a escola tem evitado em fun��o de uma pretensa neutralidade, tais como: o respeito � vida e � dignidade de todos os seres humanos; o racismo e a desigualdade social; a preserva��o dos valores democr�ticos; o armamentismo; a destrui��o da natureza e outros.

O professor, enfim, ser� indispens�vel para motivar os alunos na volta �s aulas e criar uma nova rotina, num ambiente novo e com um grau de complexidade poucas vezes imagin�veis. A tarefa vir� facilitada pela grande plasticidade das crian�as e jovens para adaptar-se a situa��es novas. E sempre contando, � claro, com a b�n��o de S�o Jo�o!





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