
O Galo de Cuca era como o gola�o do perna de pau Dinho contra o Cr�z�ir� na hist�rica narra��o do Willy Gonzer: “Dinho, o homem-cora��o, Dinho, o homem-for�a, Dinho, todo entrega, todo generosa luta!”. O Galo de Sampaoli � oto patam�.
Contudo no entanto, h� um calcanhar de Aquiles: se voc� n�o mata o jogo, morre o esquema de Sampaoli, condenado � forca pelo par�grafo primeiro da constitui��o do futebol: “Quem n�o faz leva”.
N�o importa se o advers�rio est� escalado com 11 cabe�as de bagre, qui�� 10, como foi no caso do Fortaleza. Se n�o matar o jogo, � t�o certo quanto sem d�vida que nos pegar� no contrap� um Dinho todo entrega, todo generosa luta. E por mais injusto que seja, n�o ter� sido sem merecimento.
O gol perdido � a prova mais inequ�voca da exist�ncia de Deus. O que dizer do p�nalti desperdi�ado por Riascos? N�o me venha mais falar de Big Bang. E Ferreyra, El Tanque, aquele que escorregou na final depois de driblar o V�ctor, o gol do t�tulo aos seus p�s e vupt!, foi Elias Kalil, foi meu tio Alberto – foi Deus!
Quando se perde o gol feito, voc� inscreve no BID o melhor refor�o do seu advers�rio: Ele. A� � foda, porque Deus � um jogador moderno e vers�til, atua em todas as posi��es, al�m de imarc�vel porque invis�vel.
Quando o sujeito acredita que Deus est� do seu lado, voc� j� perdeu, porque joga com 11 e eles com 12. H� anos F�bio de Costas vem dando a letra: o atacante perdeu o gol? Foi Deus. Bateu o p�nalti em cima dele? Foi Deus. Agora, quando o Vanderlei percebe que F�bio cometera o pecado de dar as costas a Deus e o mundo, quando Danilinho lhe aplica o chap�u e mata o jogo, a� o pr�prio Deus j� est� a trabalhar pelos tr�s pontos.
O esquema de Sampaoli n�o resiste ao gol perdido. Como o marketing do Kalil, ele se resolve com a bola na casinha. Sua estrat�gia ao estilo Garrincha, manjada mas impar�vel, cria dezenas de oportunidades. Se guarda um, dois, e Deus vem junto – a� resta ao advers�rio duas op��es: ficar l� atr�s e defender a honra, ou se lan�ar � frente e tomar mais cinco.
Deu-se bem o Vasco ao adotar a alternativa n�mero um, levando apenas quatro na corcova. Agora, se voc� tem 200 chances e n�o converte nenhuma, a� se danou tudo: far� do goleiro m�dio um Aranha Negra. E terminar� furado por aquele que pontuar melhor no quesito todo entrega, todo generosa luta.
N�o culpe o juiz, � feio. O sonho do oprimido � tornar-se o opressor: quem vira o jogo contra aquele que o amassou sem piedade ter� sempre a simpatia do povo – e o povo unido, pelo menos na Bol�via, jamais ser� vencido.
Abstenha-se de comentar. Culpe, na pior hip�tese, a falta que lhe faz um camisa 9. Olhe para a foto famosa de Reinaldo no hospital recebendo a visita de Pel�, e pense: “Um Rei. Ao seu lado, Edson do Nascimento”.
Pense em Dario parado no ar em 1971. Pense em Ubaldo, carregado nos bra�os do povo. Em Guilherme, o Engels de Karl Marques. Pense em Tardelli no gol do t�tulo. Pense em J� naquele primeiro minuto do segundo tempo – o primeiro minuto do resto de nossas vidas.
Agora, se concentre em Rubens Menin – e s� ent�o fa�a o seu pedido. Veremos se d� certo.