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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

O Cruzeiro derrotou o �dio, a festa antecipada, o rei nu

Mais do que uma disputa esportiva no jogo que marcou o centen�rio do cl�ssico com o Atl�tico, ganhamos da arrog�ncia rival


14/04/2021 04:00 - atualizado 14/04/2021 10:08

Para surpresa dos que declaravam o Galo como favorito, a festa foi da Raposa, com golaço de Aírton(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)
Para surpresa dos que declaravam o Galo como favorito, a festa foi da Raposa, com gola�o de A�rton (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)


Amigas e companheiros de confid�ncias desse espa�o, onde ouso rabiscar meu eterno amor pelo Cruzeiro Esporte Clube. Por dever de of�cio e justi�a � hist�ria, pe�o licen�a para iniciar nossa prosa semanal n�o com os meus devaneios, mas, sim, imortalizando a mais linda defesa que um goleiro j� fez em 100 anos desse Time do Povo Mineiro.

Poesia em estado bruto, ela n�o ocorreu debaixo das traves, mas, sim, antes de o nosso escrete adentrar o campo no �ltimo domingo. Olhos vidrados, cora��o azul exalando amor pelo Cruzeiro, F�bio, o ser humano que mais vestiu o manto sagrado na hist�ria do universo, lan�ou seus camaradas ao gramado assim:

“Voc�s sabem quem n�s somos? N�s somos o Cruzeiro, porra! Essa camisa aqui, �. Esse escudo aqui, �, que a gente enverga do lado esquerdo, do cora��o, sabem o que significa? � uma Na��o que est� s� esperando a gente se dar bem aqui para comemorar, rapaziada. Ent�o, eles est�o na torcida, mas ganha � l� dentro. N�o � com palavras. � com atitude. Essa hist�ria foi constru�da com dedica��o, com ra�a, com sangue. E hoje, no centen�rio, � a nossa oportunidade. N�s escrevemos a hist�ria at� o final! Nossa motiva��o � meter essa camisa aqui e entrar l� dentro. � um sonho nosso. Hoje, a gente tem a oportunidade de realizar sonho. Ent�o, aproveitem! Joguem!”

F�bio n�o s� fez um time vencer a peleja contra o clube dos endinheirados, da elite modorrenta de Belo Horizonte. Ele escreveu o pref�cio do cap�tulo definitivo de uma hist�ria de 100 anos, em que o time criado pelo povo trabalhador escancarou a arrog�ncia do Atl�tico de Lourdes, o ex-clube da Turma do Sapat�nis e atual Carteira de Investimentos de bilion�rios (de sapat�nis).

Mas voltemos ao domingo, 11 de abril de 2021. O Cruzeiro venceu a disputa esportiva, o �dio, o desejo de vingan�a, a ilus�ria festa antecipada. Mas eram traumas que n�o nos pertenciam. Se para o lado de l� terminou com afogados no pr�prio fel, de c�, n�o devemos tirar os p�s do ch�o. Foi apenas uma pequenina evolu��o para uma caminhada muito longa e �rdua. Em outra poesia concreta, Rafael S�bis fechou aquele dia assim:

“� para cima! � daqui para mais. Ganhamos um jogo. Mas a gente mostrou que a gente pode. O fim do nosso ano n�o � hoje. Hoje � o come�o. O fim � na S�rie A. Hoje, mais do que nunca, a gente provou que pode! Todo mundo, quem jogou, quem entrou. Esse maluco aqui (F�bio) fez um discurso que � do caralho. Como que n�o vai ter orgulho de estar usando essa camisa? Nove milh�es de pessoas a� numa crise fodida. Hoje, n�s demos alegria para eles. Depois de um puta tempo. Parab�ns! Orgulho!”

Futebol deveria ser apenas um jogo. Assim como a hist�ria deveria ser contada apenas pelo vi�s da verdade, mas como no futebol mineiro isso n�o ocorre, exaltemos outro personagem: A�rton. Um boleiro comum, que, ao marcar o gol da inacredit�vel vit�ria, acabou por se tornar o “Jacinto do S�culo XXI”, o Rev�tria de sotaque paraense.

Como no cl�ssico conto do poeta dinamarqu�s Hans Christian Andersen, A�rton, com seu tento sob o sil�ncio de um Mineir�o sem torcida, se transformou no menino a correr pela cidade, gritando para uma multid�o boquiaberta: “Coitado do rei, est� nu! O rei est� nu!”

Sim, na vit�ria do Palestra/Cruzeiro no cl�ssico centen�rio, a turma de s�ditos dos bilion�rios reis estava nua. Os falastr�es, que pediam mais milh�es e nove gols, estavam nus. A ala da “aldeia”, que por 100 anos se presta ao papel de sustentar essa mentira, estava nua.

Mas na toada do futebol mercantilista, certamente, a Carteira de Investimentos de Lourdes trar� lucros, qui��, at� t�tulos. Mas, para sempre, depois de 11 de abril de 2021, todos saber�o que tudo n�o passar� de dinheiro, e n�o fruto de camisa, amor ou hist�ria.

Por fim, relembrando a arrogante ironia gratuita contra o desmantelado Cruzeiro, desferida por um certo bilion�rio, que afirmou ser – sempre – o Am�rica o rival do seu ex-clube. Hoje, a ele me dirijo, pe�o perd�o e admito: Voc� tinha raz�o.

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