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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

A Europa que combata a superliga ou ela decretar� a morte do futebol

Se esse projeto excludente e elitista vingar, n�o demora e ser� replicado por dirigentes cafonas no Brasil


21/04/2021 04:00 - atualizado 21/04/2021 07:22

Torcedores de times europeus chegaram a protestar contra os próprios clubes, como o Liverpool, que aderiram à proposta de 'independência'(foto: PAUL ELLIS/AFP)
Torcedores de times europeus chegaram a protestar contra os pr�prios clubes, como o Liverpool, que aderiram � proposta de 'independ�ncia' (foto: PAUL ELLIS/AFP)


Tornar-se um defensor da tal Superliga do “futebol europeu” (entre aspas, pois n�o considero aquele reality show como um esporte) s� pode ter tr�s justificativas: odiar futebol como competi��o esportiva; preferir assistir a uma peleja pela TV em vez da emo��o do est�dio; ou ser inescrupuloso no mesmo n�vel dos especuladores financeiros e CEOs (para usar o linguajar nojento da modernidade empresarial) que tiveram a ousadia de dar vida a essa aberra��o.

Se soou agressiva ou desproporcional tal abertura dos rabiscos desta semana, amiga e companheiro, devo ser transparente para com a cumplicidade que j� constru�mos neste espa�o h� alguns anos: sim, voc� entendeu perfeitamente o tom da introdu��o ao racioc�nio que rabiscarei linhas abaixo. Ele busca preparar-lhe para a revolta, lamento e desabafo de um ex-menino criado num tempo onde o futebol movia sonhos, paix�es e ajudava a moldar o car�ter das crian�as, as preparando para o ganhar e perder da vida.

Para mim e para milh�es de meninas e meninos, time de futebol ou competi��o esportiva nunca foram produtos dispostos numa prateleira de joalheria. Era o espa�o sagrado onde ningu�m ficava de fora. Fosse ele pobre ou rico, bom ou ruim de bola. E quando se perdia, honrava-se a regra de dar espa�o ao “time de fora”. Aguardando a sua vez de retornar e, no campo, tentar superar as adversidades.

H� alguns anos, o futebol, como esporte ou anfiteatro das paix�es, caminha a passos largos para morrer, sem ser enterrado. Pior! Tornar-se um zumbi a perambular num mundo est�ril. Obrigando a todos a aceitarem sua figura decr�pita, fingindo ser a modernidade, a competi��o do futuro.

A abomin�vel ideia das superligas dos clubes ricos � o retrato surreal e degradante de uma enorme rave, numa ilha paradis�aca, restrita aos mocinhos das startups e aos playboys de sapat�nis. Onde o esporte nada mais � do que uma sopa de vaidades, 400 milh�es em mimos e escretes montados a partir de preconceitos e desigualdades.

O modelo e a cultura do futebol europeu, por si s�, s�o a receita para o surgimento dessa criatura. Onde o drible n�o merece aplausos (ou likes, para a turma do “leite com pera” entender o linguajar), pois ele n�o encaixa na l�gica dos algoritmos. Onde a jogada de improviso ou a poesia do toque a mais na bola n�o valem absolutamente nada, pois n�o rendem pontos no scout, nas manchas de calor ou no SEO do Google.

A Superliga da Turma do Sapat�nis Europeia � o est�gio final desse plano macabro de assassinar o futebol-arte-sonho-raiz. E que indo � frente, tendo em vista a cafonice dos cartolas e mecenas brasileiros, logo contaminar� o Brasil.

Ser um brasileiro amante do futebol, um latino-americano de paix�es � flor da pele e, no caso, um palestrino cruzeirense, e ao mesmo tempo defender esse modelo das superligas, baseadas no apartheid econ�mico, � cuspir na pr�pria cara. � confessar ter faltado � aula de hist�ria.

“Ah, o futebol � caro!” Ent�o, a solu��o � se separar dos pobres, sonhadores e batalhadores? Essa � a l�gica canalha dos bilion�rios e/ou especuladores, sejam eles europeus, americanos, latinos, brasileiros ou mineiros.

Expulsar definitivamente os clubes integrantes dessa superliga das pr�ximas competi��es oficiais. N�o permitir que atletas inscritos nessa aberra��o disputem a Eurocopa e a Copa do Mundo. Incentivar torcedores a processarem os donos dos clubes e seus CEOs por danos morais. Tudo isso deveria ser medidas tomadas com urg�ncia pela Uefa e pela Fifa, com apoio dos demais clubes. Antes que esses ratos cres�am ao ponto de contaminarem o resto do mundo. Porque se essa superliga do “futebol europeu” vingar, definitivamente, poderemos aposentar as chuteiras e dar sapat�nis aos jogadores. E escrever o regulamento em que aquele que conquistar o seu primeiro milh�o com a sua startup, antes de completar 30 anos de idade, ser� declarado campe�o.

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