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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Obrigado, Skank! Nunca mais ser� s� uma partida de futebol

"A combina��o entre m�sica, futebol-arte, genialidade e alegria sempre esteve no �mago da rela��o umbilical do Cruzeiro com sua torcida"


29/03/2023 04:00

Banda Skank
O Skank, que pisou no palco do Mineir�o pela �ltima vez no fim de semana, � a banda mais cruzeirense de todos os tempos (foto: Weber P�dua / divulga��o)


Quando um �dolo pendura as chuteiras, estando ainda no auge de uma carreira consagradora, fica uma interroga��o no lugar dedicado � paix�o dentro do nosso peito. Uma esp�cie de choro preso; de pedido em forma de ora��o para tudo n�o passar de um “at� breve”. Quando o Skank – a banda mais cruzeirense de todos os tempos – nos disse “adeus” em plena Toca da Raposa 3 – o Mineir�o, domingo passado, senti vontade de pedir um bis ao modo da arquibancada: “Mais um! Mais um!”

A combina��o entre m�sica, futebol-arte, genialidade e alegria sempre esteve no �mago da rela��o umbilical do Cruzeiro com sua torcida. Desde o lind�ssimo hino da Societ� Sportiva Palestra Italia, composto por Tolentino Miraglia e Arrigo Buzzacchi, e que diz “Porque se de fato / Na luta renhida / T�o bela partida / Soubemos ganhar / N�o temos conosco /Raz�o que nos h� / De cortar a amizade / e os �dios gerar”.

Continuou na obra-prima do maestro palestrino Jadir Ambr�sio, que ao compor o hino do Cruzeiro, previa o porvir das nossas “p�ginas heroicas e imortais”. Na sequ�ncia, descoberta por ele tamb�m, veio o furac�o Clara Nunes com sua eterna paix�o pelo azul e branco.

Contamos ainda com a maior voz da m�sica brasileira, Milton Nascimento, cruzeirense do interior mineiro. Assim como o saudoso Gonzaguinha, velado sob o seu amado manto sagrado das cinco estrelas (e de quem Samuel Rosa gostaria de ver a Na��o Azul entoando suas can��es).

Seguimos tamb�m com o chorinho de Ausier Vin�cius, o trompete de Jo�o Vianna e o rock de Maurinho Berro D’�gua. Ainda fomos brindados com a incr�vel vers�o contempor�nea da banda Virna Lisi – de C�sar Maur�cio – para o nosso hino. At� o rap de Das Quebradas.

Esses s�o apenas alguns das centenas de m�sicos, artistas geniais e alegres cruzeirenses que fizeram nossa imagem resplandecer como acordes celestiais. N�o coloco o Skank (e tampouco a pr�pria banda aceitaria tal ousadia) acima de nenhum deles. Por�m, � ineg�vel que Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo e Haroldo souberam materializar o termo popular “jogar por m�sica”.

Henrique, inclusive, de 2011 a 2017, emprestou o seu dedilhar a esse espa�o do Jornal Estado de Minas, o qual eu herdei dele a miss�o de manter vivo com meus rabiscos. Em suas cr�nicas apaixonadamente azuis celestes, ele sempre exaltava de forma leve a d�diva de ser Cruzeiro, mesmo tendo do outro lado Da Arquibancada sistem�ticos ataques homof�bicos e provoca��es baixas e bobas da Turma do Sapat�nis. Ele escrevia como o mesmo talento natural do Skank para espalhar alegria para todas e todos.

J� no concreto do Mineir�o, outro integrante do Skank se tornou eterno s�mbolo do maior patrim�nio do Cruzeiro: a sua torcida. Samuel Rosa honra o legado deixado por Salom�, a maior torcedora do mundo. V�-lo nas arquibancadas � bailar como Jo�ozinho; guerrear como Sor�n; ser genial como Ronaldo; romper qualquer barreira como Nin�o Fantoni e gritar gol com a f�ria de um petardo de Nelinho. Samuel, se Alberto Rodrigues me permite, � o Vibrante das Arquibancadas.

A “ficha” do pendurar palhetas, teclados e baquetas do Skank ainda n�o caiu, assim como os inacredit�veis gols de Jo�ozinho, M�rio Tilico e Geovanni. Mesmo alegres, ainda estamos pasmos como o adeus.

Ao se despedir desse espa�o, no dia 12 de julho de 2017, Henrique Portugal, escreveu: “...meu ciclo neste espa�o chegou ao fim. Assim como �s vezes precisamos trocar de t�cnico, est� na hora de um outro torcedor ocupar o meu lugar”.

Pois � nessa mesma arquibancada das letras que herdei dele que, em nome da Na��o Azul, deixo o nosso “muito obrigado” a essa banda, que assim como a camisa do Cruzeiro, j� entrou para a hist�ria como Patrim�nio Imaterial de Minas Gerais. O Skank sempre ser� a trilha sonora das mais lindas partidas de futebol.


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