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Cartunista Nilson Azevedo comemora 50 anos de 'A caravela' com livro

A publica��o com 128 p�ginas foi lan�ada na edi��o 2022 do Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte


15/08/2022 04:00 - atualizado 14/08/2022 20:05

O cartunista Nilson Azevedo, sentado à sua prancheta, exibe edição de a caravela
''Amo hist�ria e amo as hist�rias em quadrinhos'', diz Nilson Azevedo, que decidiu usar tem�ticas brasileiras em seu trabalho, indo na contracorrente do mercado de HQs dos anos 1970 (foto: Alexande Guzanshe/EM/D.A.Press)

Na primeira metade dos anos 1970, Nilson Azevedo deu os primeiros passos da tirinha "A caravela", com a publica��o da hist�ria “Pyndorama” na revista Bicho. "Nela, mostro como os �ndios brasileiros viram a chegada da primeira caravela. Depois, resolvi contar a hist�ria da caravela antes de chegar ao Brasil, em tirinhas di�rias no Jornal de Minas, em 1975", relembra ele, que, para comemorar os 50 anos da tirinha, lan�ou o livro "A caravela", no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ-BH).

"O mercado no Brasil � dominado pelos quadrinhos dos ‘istazunidos’. Amo hist�ria e amo as hist�rias em quadrinhos. Minha bisav� era uma ind�gena da na��o puri, mas nos quadrinhos s� dava caub�is, Tarzan, Batmans, Super-Homens. Ent�o, resolvi colocar o ind�gena brasileiro e os marinheiros portugueses nos quadrinhos. E a resposta dos leitores foi �tima", conta.

Sobre o futuro das tirinhas em um mundo cada vez mais digital, Nilson acredita que sempre haver� quadrinhos no papel, mesmo que em livros e n�o em gibis ou suplementos. "Muitos t�m na internet seu �nico meio de aparecer, mas n�o d� para viver dela. Acho que tem tanta gente nova e talentosa fazendo quadrinhos que, um dia, faremos uma reforma agr�ria no mercado e o quadrinho nacional vai valer tanto ou mais que os alien�genas e poderemos ent�o viver do nosso trabalho."

O que mudou no cen�rio das tirinhas de meados dos anos 1970 para c�?

Vivemos um paradoxo: cada dia tem mais gente desenhando e menos lugar para publicar. O jornal Pasquim e outros alternativos acabaram, e os grandes jornais est�o em perigo. E o pior de tudo: todos os suplementos infantis acabaram. N�o existe mais o Guril�ndia ou a Folhinha de S.Paulo. Nas bancas de revistas hoje existem menos gibis do que antes.
 
Qual a sua rea��o ao ver todas as 230 tirinhas reunidas em livro? O senhor � cr�tico ao trabalho, mudaria alguma coisa e por qu�?

� muito importante juntar num �nico livro todas as tiras e todas as hist�rias grandes. D� uma subst�ncia maior e fica mais na nossa mem�ria. Eu n�o mudaria nada no texto, mas sempre acho que poderia ter caprichado mais no desenho. S� que tendo de fazer uma tira por dia, com prazo para entregar, isso � dif�cil.
 
Com sua experi�ncia em O Cruzeiro, no Pasquim, no JB, no DT e no pr�prio Estado de Minas, qual � sua avalia��o sobre a import�ncia do jornalismo na constru��o do quadrinho brasileiro?

O quadrinho nasceu h� mais de 150 anos nos jornais, nos suplementos infantis. O gibi veio depois. Ent�o, sem imprensa, talvez n�o existissem os quadrinhos.
 
Como o senhor v� o mercado dos quadrinhos atualmente? Quem chama a sua aten��o nesse mercado e por qu�?

H� uma crise nos ve�culos impressos em papel, mas n�o de criatividade. O FIQ mostrou como a cada dia tem mais e mais pessoas fazendo quadrinhos. O que mais me impressiona hoje � que as mulheres est�o fazendo quadrinhos, os negros est�o fazendo quadrinhos.

As mulheres combatendo o machismo e a misoginia. Os negros, como Marcelo D'Salete e Geuvar, resgatando a mem�ria de seu povo escravizado. Zumbi renasce nos quadrinhos, assim como a rainha Zinga.
 
O senhor criou nos anos 1970 o personagem Negrim, publicado no Guril�ndia, do Estado de Minas. Acha que hoje, com esse nome, ele seria cancelado nas redes sociais?

Em 1969, inconformado com o fim da revista Perer�, do Ziraldo, criei a hist�ria do Negrinho do Pastoreio baseada na lenda ga�cha. S� que ‘amineirei’ a lenda, chamando ele de Negrim do Pastoreio. Depois, foi ficando s� Negrim. Seria bobagem achar preconceito ou desprezo no nome Negrim. � um diminutivo afetuoso usado por n�s, mineiros, como Guimar�es Rosa, no livro “Manuelz�o e Miguilim”, como o Fradim.

E, afinal, o Negrim � o her�i da hist�ria, como era o Perer� at� ent�o. Os dois �nicos her�is negros dos quadrinhos donos de sua pr�pria hist�ria e revista. Em 1973, me mudei para o Rio. O jornal parou de publicar a hist�ria, tinha uma crise de papel no mercado e diminu�ram o tamanho do suplemento, tiraram as cores.

Como n�o d� para viver de quadrinhos no Brasil por causa do dom�nio dos norte-americanos, tive de me dedicar �s charges para sobreviver, e deixei o Negrim meio de lado, embora nunca tenha parado de criar novas hist�rias, mas sem ter onde publicar. S� consegui publicar o Negrim por causa do editor Andr� Carvalho e sua coragem. Mesmo sendo uma hist�ria infantil, tive problemas com a censura da ditadura.
 
Qual a import�ncia da pesquisa hist�rica, mesmo que seja para cria��o de hist�rias ficcionais?

Nas hist�rias da “Caravela” ou “Pyndorama”, a hist�ria n�o � meu ponto de chegada, � meu ponto de partida, mas n�o a hist�ria oficial cara-p�lida. A pesquisa � importante para acabar com os clich�s e preconceitos e mostrar a verdade dos oprimidos.

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