Maur�cio Cangu�u e Ilvio Amaral comentam o sucesso de sua pe�a mais famosa

No cen�rio ideal, seria triunfal a entrada de Lol�, personagem interpretado por Ilvio Amaral, neste domingo � noite, na sess�o que comemora 25 anos da estreia de “Acredite, um esp�rito baixou em mim”. Suspenso por cabos, ele desceria do teto do Grande Teatro do Pal�cio das Artes para o palco, onde a pe�a ser� encenada �s 19h. L� do alto, Lol� provavelmente manteria o texto, reclamando do acidente que o transformou em alma penada.

“N�o houve tempo para ensaios. Seriam necess�rios pelo menos tr�s dias com o teatro fechado”, revela Ilvio Amaral. Ele e Maur�cio Cangu�u optaram por novidades mais pr�ticas para esta noite. Isso n�o vai tirar a gra�a e o charme da sess�o, que promete ser t�o especial.

Nenhum dos dois d� pistas sobre o que ocorrer� no palco. Dizem, no m�ximo, que convidaram alguns atores e atrizes que j� passaram pelo elenco para participa��es especiais. O segredo � tanto que durante os ensaios, na semana passada, foi permitida apenas a presen�a da dupla e dos convidados. O n�mero de participa��es � guardado a sete chaves.

Com mist�rio ou n�o, acredite: “Esp�rito...” chega �s bodas de prata como a mais longeva montagem dos palcos mineiros. Dif�cil, mesmo, � apontar os motivos que fizeram dela um grande sucesso de p�blico, mesmo duas d�cadas e meia depois de estrear.

Ilvio e Maur�cio citam a for�a da propaganda boca a boca como um dos motivos dessa vida t�o longa. “O p�blico se renova ano a ano”, observa Ilvio Amaral, lembrando o que lhe disse o f� que n�o perde uma sess�o. “Se ele n�o assistir ao 'Esp�rito', � como se faltasse alguma coisa na passagem do ano”, afirma o ator.

Nesses 25 anos de estrada, n�o h� cen�rios e figurinos que resistam. Por isso, eles foram substitu�dos algumas vezes. Mas quase nada mudou. O apartamento de classe m�dia continua id�ntico ao da primeira sess�o, realizada no Teatro Icbeu, na capital mineira.

A dupla at� tentou atualizar os objetos de cena, como o telefone. O aparelho foi trocado por um celular, mas os dois acabaram voltando para o bom e velho fixo. No texto, a �nica altera��o foi o momento em que Lol� joga um chinelo em Normanda. A cena foi amenizada.

Mudan�as mais radicais, mesmo, vieram do p�blico, que agora tem no Instagram e no Facebook o caminho direto para se comunicar com a produ��o da pe�a.

“Sou daqueles que acompanham as redes sociais, observo inclusive o movimento dos haters. Certa vez, respondendo ao post em que anunci�vamos nova temporada, um deles escreveu: 'Esta pe�a de novo, n�o tem criatividade?”, relembra o bem-humorado Mauricio Cangu�u. Conclus�o dele: quem tem hater, tem sucesso.

Lol� morre em acidente de carro quando volta com amigos da boate gay. Revoltado, n�o aceita o fato de partir antes da hora. Fugindo do Guardi�o do C�u (Maur�cio Cangu�u), ele cai na casa de Vicente (Maur�cio Cangu�u) e Normanda (Ana C�ndida), apaixonando-se por Lucas (Jos� Vila�a). O fantasma acredita que se baixar no corpo de Vicente, poder� concretizar seu amor.

Muito al�m do sucesso de d�cadas, a pe�a � lembrada por servir de cen�rio para o primeiro beijo gay nos palcos de Belo Horizonte, motivo de orgulho para Ilvio e Maur�cio. Ali�s, a com�dia jamais sofreu ataque homof�bico, garantem.

Devoto de S�o Judas Tadeu, Ilvio Amaral tem um orat�rio em casa. De segunda a segunda, coloca sua vela para o padroeiro das causas imposs�veis continuar aben�oando o espet�culo. “Ele sente o calor das minhas velas at� quando estou viajando”, garante.

Mesmo interpretando Lol� h� tanto tempo, Ilvio n�o esconde o medo de errar, de esquecer o texto ou, pior, de o p�blico n�o dar as caras – pesadelo de qualquer ator.

Tanta preocupa��o tem motivo: Maur�cio e Ilvio entram em cena h� 25 anos como se fosse a primeira sess�o. “N�s nos divertimos muito fazendo esta pe�a. Talvez o grande segredo seja isso, fazer tudo com alegria”, conclui o ator.

A convite do Estado de Minas, Ilvio Amaral e Maur�cio Cangu�u distribuem pr�mios para os melhores e os piores momentos da carreira da dupla e da trajet�ria de “Acredite, um esp�rito baixou em mim”

• Dire��o de Bibi Ferreira. Logo ap�s a estreia de “Esp�rito”, Ilvio Amaral foi convidado por Bibi Ferreira para atuar na pe�a  “Deus lhe pague”, em 1999. Pouco tempo depois, ela veio a Belo Horizonte v�-lo em cena na montagem mineira

• Dire��o de Mar�lia P�ra. Depois de ver a dupla atuar no Rio de Janeiro, a atriz decidiu dirigi-la. A primeira ideia foi montar “O que teria acontecido a Baby Jane.” Como os direitos estavam indispon�veis, optou-se por “A saga da senhora Caf�”, texto ent�o in�dito de Helo�sa P�riss�

• Estabilidade financeira

• Viagens para a Europa com as m�es, Maria Flora e Luisa Nogueira

• Assistir a espet�culos na Broadway

• Conquistar respeito em S�o Paulo e Rio de Janeiro, enquanto artistas

• Pr�mio de melhor espet�culo

• Pr�mio Sated de melhor ator e melhor comediante para Ilvio Amaral, em 1999

• Possibilidade de novas produ��es e experimenta��es. A maioria da produ��o da Cangaral, que ultrapassa 12 espet�culos, � feita com recursos vindos de “Esp�rito”

• Conviver com elencos diferentes

• Popularidade junto ao p�blico

• Trabalhos na TV. Personagens de “Esp�rito” fizeram participa��es em “A pra�a � nossa” (SBT/Alterosa). Os atores   participaram de novelas, como “Mandacaru” (Rede Manchete), e das s�ries “A cura” (Globo) e “T� de gra�a” (Globoplay)

• Lan�amento do longa “Acredite, um esp�rito baixou em mim”, dirigido por Jorge Moreno

• Livro escrito por Jefferson da Fonseca Coutinho, que ganhou edi��o atualizada, comemorativa aos 25 anos

• Sucesso no Teatro Minascentro. De sexta a domingo, a pe�a teve duas sess�es por dia, atraindo 1.780 pessoas em cada uma delas

• Contracenar com Marilia P�ra em “Mandacaru”, novela da Rede Manchete

• Trabalhar com pessoas queridas

• V�rias apresenta��es lotadas no Pal�cio das Artes

• Estrear em S�o Paulo e permanecer at� hoje em cartaz

• Estrear no Rio de Janeiro com casa lotada

• Bater recorde de p�blico nas 25 edi��es da Campanha de Populariza��o do Teatro e Dan�a de que a pe�a participou

• Poder viver da profiss�o e rodar o pa�s

• Apresentar a pe�a, on-line, para mais de 11 mil pessoas ao mesmo tempo

• Ter o p�blico “nas m�os”

• Ter o trabalho reconhecido

• A perda de Guilardo Cangu�u e Raimundo Mendes, os pais de Maur�cio e Ilvio

• Cr�tica de Barbara Heliodora sobre a estreia no Rio de Janeiro. Ela n�o gostou de “Acredite...”, mas como seu texto s� foi publicado no meio da temporada, n�o afetou em nada, dizem os atores

• A pouca conviv�ncia com a fam�lia

• Noites maldormidas por causa das viagens

• Pandemia

• Cabelos brancos, ou a falta deles

• Falta de tempo para estudar ingl�s

• Cirurgia na coluna. Na cena em que Lol� pula atrav�s da parede, Ilvio Amaral caiu de mau jeito. Retirado de maca do palco, foi direto para o hospital

• Pessoas mal-agradecidas sendo ajudadas

• Filme malfeito

• A perda de Manuelita Lustosa, amiga e assistente de dire��o

• A perda do amigo Cristian Amaral, ator da pe�a

• A perda do amigo e t�cnico S�rgio Oliveira

• Roubo de HDs externos e computadores da Cangaral, com todos os registros art�sticos da dupla, durante   a invas�o da produtora, em 2015

• Pessoas que t�m preconceito com com�dia

• Cancelamento de apresenta��es nos EUA. A pandemia suspendeu a turn� prevista para setembro de 2020

• Engordar muito em turn�

• Viajar dirigindo com chuva

• Desmaio do t�cnico dentro da cabine de luz durante sess�o no Teatro Bibi Ferreira, em S�o Paulo, h� 10 anos

• Perder a voz e ser submetido a cirurgia. Em 2000, no auge do sucesso da pe�a, Cangu�u precisou retirar calos nas cordas vocais. O m�dico recomendou seis meses de licen�a, ele ficou apenas um. E garante que nunca mais ficou af�nico

• Cair no golpe da compra de autom�vel, pelo jornal, e isso virar piada na pe�a. Ansioso por um carro,  Mauricio Cangu�u perdeu o dinheiro depositado na conta de golpistas

• Engarrafamento na estrada e quase perder o hor�rio do espet�culo no Rio de Janeiro

• Teatro sem chuveiro

• Cancelar espet�culo por causa da greve dos caminhoneiros

• Crise de c�lculo renal de Ilvio Amaral

De Ronaldo Ciambroni. Dire��o: Sandra P�ra. Com Ilvio Amaral, Maur�cio Cangu�u, Ana C�ndida, Jos� Vila�a e Marino Cangu�u. Neste domingo (30/7), �s 19h, no Pal�cio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos � venda no site Eventim.