
O setor do turismo movimenta mais de 50 setores econ�micos, direta e indiretamente. Portanto, os efeitos da pandemia do Covid 19 para o turismo chegaram a ser catastr�ficos em alguns destinos e subsetores do turismo. Por outro lado, muitos destinos e empreendimentos, souberam se reinventar ou adiantar estrat�gias que j� estavam pensadas.
Vital Card, de modo geral, “o impacto � baixo porque os brasileiros j� estavam viajando desde a flexibiliza��o em v�rios destinos”. Ainda assim, ele refor�a que acredita que o an�ncio v� apressar a tomada de decis�o de quem ainda n�o se sentia confort�vel. “� poss�vel que, em alguns casos, esse an�ncio apresse a tomada de decis�o para programar as f�rias de julho e de dezembro, ou as iniciativas corporativas”, diz. No entanto, o executivo destaca a mudan�a de posicionamento do seguro, que hoje figura entre os cinco principais itens na hora de organizar a viagem. “Acreditamos que houve uma mudan�a efetiva no h�bito de adquirir o seguro-viagem pelo viajante, principalmente na import�ncia do seguro-viagem em rela��o a custo x beneficio”, refor�a Bonfim. Ali�s, entender a import�ncia de se preparar para eventuais problemas durante uma viagem foi um dos grandes aprendizados da pandemia.
Para estes, a not�cia do fim da emerg�ncia global acaba tendo pouco impacto. Para Luciano Bonfim, diretor Comercial da Ana Santana, diretora das empresas Schultz Brasil, uma das maiores operadoras do pa�s, destaca que o mercado j� vem em uma curva ascendente de aquecimento desde 2022 e que, este ano, o n�mero de embarques pelas empresas Schultz vem registrando recordes hist�ricos. “As vendas j� estavam muito boas, mas agora, com o fim da emerg�ncia de sa�de p�blica internacional decretado pela OMS, certamente a demanda aumentar� e estamos prontos para atender. � preciso considerar que estas vendas ser�o impulsionadas pelo fim de restri��o de entrada em pa�ses como Estados Unidos, que v�o deixar de solicitar comprova��o de vacina contra Covid-19 a partir do pr�ximo dia 12", refor�a a executiva.
As grandes mudan�as no segmento corporativo tamb�m tendem a se flexibilizarem um pouco. Afinal, c� para n�s, ningu�m aguenta mais tantas reuni�es e eventos online. Que atire a primeira pedra aqueles que n�o est�o cansados de se arrumar apenas da cintura para cima. Neste sentido, outro executivo exp�e sua percep��o. Para Fernando Kanbara, gerente-geral do Grand Mercure Curitiba Rayon, “o impacto de curto prazo � a normalidade que, para mim, � o principal ponto. Hoje conseguimos realizar todos os eventos e alcan�ar a capacidade m�xima dos espa�os do hotel (eventos, restaurantes). Com isso, a receita tem voltado ao normal”, diz, complementando que no m�dio e longo prazos, o principal efeito � o de uma previsibilidade maior nos cen�rios de controle, especificamente de uma demanda mais normalizada. “Ainda existe uma tend�ncia natural de mais viagens de carros por conta dos aumentos de custo com passagens a�reas. Penso que essa normalidade no m�dio prazo deve voltar a ocorrer. No entanto, entendo que o principal efeito a longo prazo � o retorno dos eventos presenciais, como grandes conven��es com mais de 300 pessoas. Isso � muito positivo para n�s. O turismo precisa desse respiro e dessa normalidade”, refor�a.
Umas das grandes quest�es da volta � normalidade, passa, naturalmente, pelas tarifas. Afinal, mesmo com as pessoas �vidas por viagens, o setor do turismo acabou tentando aumentar o ticket m�dio, a fim de tentar recuperar os preju�zos acumulados no per�odo da pandemia. De todos (hotelaria, agenciamento, passeios, restaurantes e transportes), o que mais ainda nos faz sofrer � o setor a�reo, que al�m nos fazer amargar o cancelamento de in�meros voos durante a pandemia e in�meras negocia��es quando pudemos voltar a viajar, ainda n�o � competitivo o suficiente para tornar as passagens mais acess�veis. Com t�o poucas companhias a�reas operando um pa�s das propor��es do Brasil, dificilmente alcan�aremos os grandes fluxos que nossos destinos j� conseguem receber.
Entretanto, h� tamb�m quem se preocupe com a tend�ncia de perda de espa�o no turismo interno. “A gente estava com uma performance muito boa nos destinos dom�sticos, com uma circula��o muito forte de pessoas e parte delas j� est� optando por retomar as viagens internacionais ou at� encontrando op��es de custo-benef�cio mais vantajosas pelo desafio do valor do a�reo no Brasil”, diz Jo�o Cazeiro, diretor de Desenvolvimento da Liv� Hot�is & Resorts, administradora e gestora profissionalizada de multipropriedade.
Do ponto de vista pr�tico da opera��o, � bom saber que o que foi aprendido segue em execu��o em muitos empreendimentos. Segundo Gabriel Fumagalli, CEO e co-fundador da Xtay – plataforma digital de moradia multistay, que opera em sistema de short e long-stay: “continuaremos com os mesmos crit�rios de limpeza nos apartamentos e com o uso de �lcool gel nas depend�ncias das unidades Xtay por ajudar a evitar qualquer outro tipo de gripe ou virose. Em rela��o a tecnologia, nossa proposta � prover hospedagens sem burocracia, sem contato e com intera��es 100% digitais, por isso contamos com um check in/ out automatizado por meio de nosso App para que o cliente tenha privacidade e uma autonomia maior de ir e vir sem contato f�sico com a portaria”.
O Chile, que tem nos brasileiros o segundo maior n�mero de turistas estrangeiros (20% do total), destaca que a medida permite que a ind�stria retome o t�o esperado cen�rio de normalidade. “O turismo receptivo est� em plena reativa��o, ali�s, esperamos que em 2023 cheguem ao nosso pa�s 3,5 milh�es de turistas estrangeiros e esperamos que este an�ncio venha dar um novo impulso a este processo. Esta � uma grande oportunidade para promover o Chile como um destino �nico e de classe mundial”, assegurou a subsecret�ria de Turismo, Ver�nica Pardo Lagos.
J� para a autoridade brasileira respons�vel pela promo��o do Brasil no exterior, a Embratur, que busca trazer o p�blico internacional para consumir turismo no Brasil: “o fim da emerg�ncia sanit�ria � um marco temporal importante, mas efetivamente a ind�stria do turismo teve uma grande retomada no ano passado, e as expectativas de todos os organismos globais � de que neste ano de 2023 a gente consiga recuperar os patamares de pr�-pandemia em n�mero de viajantes. A novidade � que o consumo do turismo no p�s-pandemia incorpora valores de sustentabilidade cada vez maiores. O n�vel de exig�ncia desse turista mudou, e a pandemia nos ajudou a acelerar processos que conferem sustentabilidade ao turismo, usando fortemente a solu��es de tecnologia. O turismo na p�s-pandemia j� � compreendido como uma das atividades econ�micas que mais gera emprego e induz sustentabilidade no mundo”, analisa Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Uma an�lise por quem faz o turismo acontecer no Brasil � essencial para entendermos o comportamento do setor nos pr�ximos meses. Utilizar o turismo como atividade de lazer ou neg�cios, mas tamb�m entender o impacto do setor na economia e desenvolvimento do pa�s, nos torna um povo mais consciente, e nos faz enxergar oportunidades de crescimento e de gera��o de emprego e renda.
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