
O secret�rio-geral da CBF, Walter Feldman, que garantiu que � mentira que o Cruzeiro perderia a ta�a da Copa do Brasil de 2017-18 e teria que devolver o dinheiro, tocou num outro ponto que venho batendo h� tempos: o futebol brasileiro precisa limitar or�amentos para os clubes e sal�rios para t�cnicos e jogadores. Com uma gest�o muito respons�vel e capaz, o presidente Rog�rio Caboclo e seu secret�rio-geral t�m tra�ado planos para modernizar o futebol, e um dos pontos primordiais � essa reestrutura��o financeira e redu��o significativa de sal�rios. Feldman concorda que, num pa�s com economia quebrada, em frangalhos, sem credibilidade do investidor de fora, n�o � mais poss�vel os clubes viverem no mundo da ilus�o. “A CBF est� se enquadrando no que h� de mais moderno no mundo. J� h� tr�s anos a diretoria de registro se ampliou. Todos os clubes profissionais do Brasil v�o ter que se enquadrar do ponto de vista t�cnico, esportivo, jur�dico, financeiro, administrativo, de infraestrutura, para ter uma gest�o absolutamente profissional, que n�o comprometa gest�es futuras, prestando contas, sendo respons�veis e gastando aquilo que se pode gastar. A hist�ria do futebol brasileiro, infelizmente, n�o tem essa trajet�ria. Em algumas reuni�es do conselho t�cnico da CBF, tanto da S�rie A, quanto da B, j� t�m sido levantados a possibilidade de um teto salarial, pois o nosso futebol n�o pode suportar valores salariais t�o elevados. A pandemia do coronav�rus est� contribuindo para esse momento razo�vel de compreens�o da nossa realidade”, garante Feldman.
Desde que o futebol foi paralisado, a CBF tem trabalhado com clubes e federa��es, com a comiss�o nacional de clubes, formada pelos dirigentes das quatro s�ries. Quest�es como calend�rio, mecanismos para a solu��o financeira dos clubes. Est� em marcha a aprova��o de um projeto de lei na C�mara Federal que dar� o al�vio com rela��o �s d�vidas e passivos dos clubes, equacionando e suspendendo parcelas de pagamentos do Profut. Al�m disso, a CBF avan�ou no contrato com a Globo, conseguindo o recebimento de uma parcela do que havia sido contratado para os meses de maio, junho e julho. Mesmo sem transmiss�o dos jogos, essa quantia ajudar� substancialmente as institui��es de futebol. O presidente da CBF est� finalizando tamb�m negocia��es com linhas de cr�dito para complementar esses valores que est�o faltando para que os clubes possam pagar suas responsabilidades. Se tudo isso der certo, o futebol brasileiro passar� por esse turbilh�o e se recuperar� do ponto de vista financeiro.
H� muito eu sonho com a responsabilidade fiscal dos dirigentes. O modelo atual � propenso � corrup��o, pois os pr�prios conselheiros aprovam as contas dos clubes, algumas com balan�os maquiados. H� casos comprovados de corrup��o, como ocorreu com os dirigentes acusados da forma��o de quadrilha, lavagem de dinheiro e outras coisas mais no Cruzeiro, e j� houve em outros clubes tamb�m. N�o justifica um presidente dizer que trabalha 24 horas por dia para o clube e nada recebe de sal�rio. Isso leva alguns a cometerem atos il�citos, se enriquecendo �s custas dos clubes. N�o d� tamb�m para o governo federal ficar perdoando d�vidas das agremia��es, pois se o povo brasileiro, pobre e pagador de impostos, n�o � perdoado, por que os clubes t�m esse privil�gio? Chega! Basta! J� passou da hora de os clubes terem donos, leia-se clube-empresa, com CEOs remunerados, com or�amento, planejamento e metas a cumprir. Dar lucro e ta�as. Esse modelo de mecenas bancando os clubes n�o � correto. � amador e n�o � saud�vel.
Outra coisa: gastar o que tem e o que n�o tem para ganhar ta�as � uma irresponsabilidade que acaba estourando l� na frente. Clube tem que ter or�amento e gastar menos do que arrecada. Essa bola de neve tem de acabar. Eu critiquei quando o Cruzeiro gastava o que n�o tinha para ganhar t�tulos. Outro dia, alguns seguidores me disseram que trocariam os Brasileiros de 2013-14 e as Copas do Brasil ganhas de l� para c� pela manuten��o do clube na S�rie A. Um chegou a me dizer que ficava P da vida quando eu criticava esse tipo de gest�o, mas que hoje reconhece que eu estava certo. Assim como ele, muitos torcedores est�o dando a m�o � palmat�ria. Ganhar ta�as, deixando o clube quebrado, como est� o Cruzeiro, al�m da roubalheira da �ltima gest�o, n�o vale a pena. Que o futebol brasileiro seja mesmo repensado, mais profissional e coerente. Chega desses dirigentes amadores, que largam suas fun��es para gerir os clubes sem nada ganhar. Isso � uma grande balela! N�o d� mais. Ou o futebol brasileiro se moderniza ou vai acabar em breve!