
O torcedor brasileiro, assim como o povo, gosta de viver na mentira e de ser enganado. Fico vendo as cr�ticas da gera��o “nutella” aos jornalistas mais experientes e mais velhos, como eu, que dizem que o futebol brasileiro est� na lama e agoniza. Para essa gera��o que a� est�, que n�o l� um livro, n�o arruma uma cama, n�o lava o pr�prio t�nis, que quer tudo na m�o a tempo e a hora, e que consome tik-tok e outras bobagens, o que vale � o hoje, o momento, esquecendo-se de um passado t�o rico do nosso pa�s. T�nhamos compositores do mais alto n�vel, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros. Hoje temos Anitta e Ludmilla. T�nhamos l�deres pol�ticos fant�sticos, hoje temos isso a� que a gente t� vendo, com raras exce��es. J� tivemos Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, e hoje, nem um piloto na F-1. Tivemos Pel�, Zico, Reinaldo, �der, Jo�ozinho, Dirceu Lopes, hoje temos esses jogadores com fama, fortuna e pouco futebol.
Por que Gabigol e tantos outros jogadores n�o deram certo na Europa, mas arrebentam no Brasil? Porque temos um futebol med�ocre, sem plasticidade, tabelas, dribles e gols. Temos a linguagem dos t�cnicos que �: “mata a jogada, pega, n�o deixa ele passar!”. Na Europa, os treinadores mandam driblar, tabelar, dar “caneta”, len�ol, fazer o gol. Os jogos por l� t�m oito faltas em 95 minutos, contando o tempo extra. No Brasil, mal a sa�da � dada, e as faltas v�o ocorrendo. No Brasil, com esses zagueiros, os atacantes deitam e rolam. Gabigol manda no Flamengo s� porque � �dolo. Na Europa, tem obriga��es e deveres a cumprir. Se fosse pego em per�odo de pandemia num cassino clandestino, teria sido suspenso, multado ou talvez at� o contrato rescindido. No Flamengo, nada ocorreu. Como dizem os jovens, a diretoria “passou pano”.
Por isso o Brasil est� na contram�o da hist�ria em todos os aspectos, e n�o seria o futebol diferente. Um pa�s com a economia quebrada, quase 100 milh�es de pessoas na linha da mis�ria, com milh�es de desempregados, e os jogadores ganhando R$ 1,5 milh�o mensais. Clubes quebrados, de pires na m�o, assumindo compromissos que n�o podem honrar. Pagando sal�rios de Europa a jogadores medianos. Deveria haver uma lei que impedisse esses sal�rios absurdos.
Mas o torcedor � tamb�m culpado. O cara deixa de comer para gastar seu minguado sal�rio m�nimo, lotando o Maracan� para ver o Flamengo. Uma loucura. Vejo os torcedores do Atl�tico empolgados por ter um time que, segundo eles, � muito bom, com folha salarial das mais altas do pa�s. Um clube que deve R$ 1,2 bilh�o, que tem em Rubens Menin o seu grande salvador. N�o fosse ele, nem os sal�rios estariam sendo pagos. O torcedor deveria fazer uma est�tua para ele em frente ao est�dio que ser� inaugurado.
O Brasil vai na contram�o da hist�ria e os clubes tamb�m. O Flamengo foi bicampe�o brasileiro em 2019 e 2020, por�m seu time n�o � refer�ncia. Inst�vel, mesmo com alguns jogadores de muita qualidade. Craque n�o tem. Ali�s, no futebol brasileiro essa palavra craque est� em extin��o. Temos Neymar, que joga no PSG, mas que n�o tem um comportamento � altura de sua imagem.
N�o temos l�deres pol�ticos, n�o temos grandes jogadores, n�o temos grandes times, n�o temos um futebol condizente com o �nico pa�s pentacampe�o do mundo. E, ainda assim, o povo quer “p�o e circo”. Vamos refletir, gente! Quando vejo que um ex-presidi�rio est� na frente das pesquisas para a Presid�ncia, e que o outro, que pode ter todos os defeitos, mas � honesto, est� em segundo lugar, percebo que o Brasil n�o tem mesmo solu��o. Na �poca dos militares havia uma frase emblem�tica: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. D�cadas depois, resolvi seguir � risca essa frase e deixei-o. Nunca deixarei de amar o pa�s onde nasci, mas quero algo melhor para meus filhos. N�o vejo solu��o no pa�s da corrup��o, onde o poste continua a mijar no cachorro todos os dias!