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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Os bastidores da decis�o do Atl�tico de construir a Arena MRV

"A bendita reuni�o, numa quinta-feira, na prefeitura de BH, em 2017, e o pedido do doutor Jos� Salvador, fazem parte dessa bel�ssima conquista"


27/08/2023 04:00 - atualizado 27/08/2023 07:09
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Arena MRV
A Arena MRV receber� neste domingo o primeiro jogo oficial, entre Atl�tico e Santos, �s 16h, pelo Brasileir�o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press - 15/4/23)

 
EXCLUVIVO – O pontap� inicial para a ideia de construir o est�dio do Atl�tico foi dado em 2014, ainda na gest�o do ex-presidente Alexandre Kalil. A reuni�o foi feita no BMG e estavam presentes Ricardo Guimar�es, dono do BMG, e Rubens Menin, dono da MRV. Os ent�o presidente do Galo, Alexandre Kalil, e diretor de planejamento, Rodolfo Gropen, tamb�m. Dessa conversa nasceu um contrato de sociedade de prop�sito espec�fico (SPE), assinado por todos que estavam na reuni�o.

As conversas foram evoluindo e Rubens Menin j� tinha a ideia da doa��o do terreno ao clube. Veio a gest�o de Daniel Nepomuceno, sucessor de Kalil, que abra�ou completamente o projeto e foi verificar se seria vi�vel a constru��o do est�dio. Era necess�rio saber como fazer para viabilizar a constru��o, al�m da doa��o do terreno.

Surgiu, ent�o, a ideia de vender metade do shopping e isso teria que passar pelo Conselho. Dificuldade grande, pois muitos dos velhos conselheiros foram respons�veis pelo acordo na retomada do terreno de Lourdes, como o advogado, jornalista e pai do Cac� Moreno, doutor Moreno Netto, atleticano de quatro costados, um dos grandes respons�veis pelo trabalho incessante para que seu clube tivesse de volta o terreno no cora��o de Lourdes. Em 2017, foi feito um trabalho muito intenso para convencer os conselheiros. A� se decidiu que o est�dio sairia do papel.
 
O doutor Rodolfo Gropen, ent�o presidente do Conselho Deliberativo, disse o seguinte: “O presidente Alexandre Kalil me ligou e disse que apoiava a constru��o do est�dio, desde que os pontos abordados fossem cumpridos, como o valor, or�ado em R$ 410 milh�es, e que n�o concordava com muitas outras quest�es que foram sendo mudadas ao longo do processo. Diante disso, Kalil disse que n�o iria a reuni�o marcada para uma segunda-feira, mas que apoiaria a constru��o.”

Sabedor de que sem ele o projeto n�o seria aprovado no Conselho, pois seria preciso o sinal verde de 2/3 de todos os conselheiros presentes, Gropen conseguiu agendar uma reuni�o na prefeitura. Ele vai al�m e me conta o seguinte: “na quinta-feira, pela manh�, o Alexandre me ligou e marcou uma reuni�o na prefeitura – ele j� era o prefeito de BH –, e eu convidei o ent�o presidente do clube, Daniel Nepomuceno, Ricardo Guimar�es, Rubens Menin, S�rgio Sette C�mara, ent�o candidato a presid�ncia do clube, e o doutor Jos� Salvador, dono do Mater Dei. Kalil disse que n�o concordava com v�rios pontos de mudan�as no plano da constru��o do est�dio. A reuni�o estava muito tensa. Kalil disse que apoiaria, mas n�o iria na reuni�o do Conselho, na segunda-feira, pois n�o aprovava propostas que estavam no encarte que o clube produziu para distribuir aos conselheiros.

Um outro tema foi abordado por ele, que reclamou com Daniel que havia entregue um clube campe�o da Libertadores, Copa do Brasil e Recopa, e que naquele momento (2017), o Galo estava mal nas competi��es. Eu disse ao Alexandre que sem ele na reuni�o seria imposs�vel aprovar o projeto do est�dio. Por fim o doutor, Jos� Salvador pediu a palavra”.
 
O doutor Jos� Salvador, de fam�lia atleticana e grande benem�rito, disse: “eu tenho um vizinho na Cidade Jardim, que s� vejo nas minhas caminhadas matinais, e eu o cumprimento de um lado e ele me cumprimenta do outro. Nunca brigamos, porque a gente s� briga com quem ama. Eu brigo com meus filhos, porque os amo. Kalil, eu queria te fazer um pedido. Estou com quase 90 anos e gostaria de estar vivo quando o est�dio fosse inaugurado, eu quero ver essa inaugura��o, ent�o eu queria te pedir para voc� ir a nova reuni�o, na segunda-feira. S� com sua presen�a a aprova��o para a constru��o do est�dio estar� garantida.” Emocionado, Alexandre Kalil deu um tapa na mesa e falou: “PQP, doutor Salvador, o senhor acabou com a reuni�o! Eu vou l� e o est�dio ser� aprovado. Eu jamais poderia deixar de atender a um pedido seu”.

Rodolfo Gropen conta que Kalil n�o s� foi a reuni�o, como ficou o dia inteiro na sede de Lourdes, pedindo votos para a aprova��o do est�dio, assim como todos que participaram daquela reuni�o. “Tinha gente que ia votar at� na “maca”, pois os atleticanos de verdade entendiam o que representava aquele momento. A constru��o do est�dio foi aprovada.” A import�ncia da manifesta��o do doutor Salvador na reuni�o na prefeitura motivou o presidente do Conselho a dar o Galo de Prata a ele.
 
Sou f� incondicional da fam�lia Salvador. Meus filhos nasceram no Mater Dei e a fam�lia Salvador sempre teve muito apre�o pela minha, haja vista que o doutor Jos� Salvador foi ao quarto da minha esposa, nos nascimentos de Jo�o Tadeu e Lorenzo, para nos ver. Meus check-ups s�o realizados ali, todos os anos. O carinho conosco � espetacular, sem contar que o doutor Henrique Salvador permitiu que o bisav� dos meus filhos, Carlos de Castro, que morreu aos 100 anos, fizesse uma cirurgia no cora��o, aos 84 anos, e vivesse mais 16. Somos gratos demais. Jos� Henrique Salvador, que administra a rede Mater Dei, outro craque a amigo, formado aqui nos EUA, enfim, uma fam�lia espetacular. E ainda tem o querido Renato Salvador, um dos pilares da nova gest�o do Galo. E, vale lembrar, todos atleticanos roxos, apaixonados. Doutor Salvador n�o toma caf� sem ler a minha coluna, o que muito me honra. E, atrav�s do Mater Dei, conheci tantos m�dicos atleticanos, como o doutor Te�filo Taranto, papa da cirurgia est�tica, e o anestesiologista, doutor Arhur Palhares Neto, sempre com seu gorro com o Galo estampado. At� na hora do parto dos meus filhos ele falou do clube do cora��o. Tenho muita gratid�o a todos eles, e mais uma centena de m�dicos, funcion�rios do Mater Dei, todos sempre muito atenciosos com toda a minha fam�lia.
 
O doutor Salvador merecia mesmo essa homenagem. Esperei a data mais especial da hist�ria do clube para contar aqui neste espa�o. Ter a casa pr�pria � o sonho de todos n�s, e no futebol, n�o � diferente. Ter o seu est�dio, faturar em cima de tudo que girar em torno do espet�culo e levar os milh�es de atleticanos fan�ticos, l�, para fungar no cangote dos advers�rios, � uma marca impressionante.

Claro que os 46 mil lugares ser�o insuficientes para esses milh�es de torcedores, mas, tenho certeza de que a cada jogo a Arena MRV estar� lotada, renovando os adeptos. Nem se constru�ssem mil est�dios, caberia essa fan�tica torcida, e � claro que muitos ficar�o de fora. Gostaria apenas que houvesse, pelo menos, 2 mil lugares para os menos favorecidos, torcedores de verdade, que n�o t�m dinheiro para frequentar as modernas arenas, e a MRV � a mais nova do pa�s, mais bonita, em n�vel europeu. � claro que o valor da obra quase que triplicou em rela��o aqueles R$ 410 milh�es previstos, e muita coisa que havia sido prometida n�o foi cumprida. O clube ficou muito endividado em quase R$ 2 bilh�es, e isso tem chateado grandes atleticanos que trabalharam para a constru��o da casa pr�pria.
 
Tenho a certeza de que em algum ponto do est�dio o doutor Salvador estar� neste domingo, na partida inaugural, contra o Santos, que j� foi de Pel�. E garanto que vai passar um lindo filme em sua cabe�a, onde se recordar� do dia em que, emocionado, pediu ao presidente Alexandre Kalil, para ir a reuni�o no clube e votar a favor da obra. S�o atleticanos como o doutor Jos� Salvador e sua fam�lia, que nos fazem admirar o Galo, entender um pouco sobre essa louca paix�o. � algo inexplic�vel. Que o diga o saudoso jornalista e poeta Roberto Drummond, que criou a c�lebre frase: “se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”. Essa frase explica tudo. O que � ser atleticano, o que � torcer contra a tempestade, o que significa o Clube Atl�tico Mineiro para essa gente.

Que a casa pr�pria traga aos atleticanos alegrias, orgulho, desejos e ta�as. Sim, a torcida � a grande raz�o da exist�ncia de um clube, e vice-versa. Que seja uma casa aben�oada e que ali o Atl�tico, o Galo, seja imbat�vel e guerreiro, como sempre foi. Parab�ns aos que trabalharam para que esse sonho se tornasse realidade. A bendita reuni�o, numa quinta-feira, na prefeitura de BH, em 2017, e o pedido do doutor, Jos� Salvador, fazem parte dessa bel�ssima conquista. Que a Arena MRV seja um marco de t�tulos e ta�as na hist�ria desse gigante das Minas Gerais chamado Clube Atl�tico Mineiro.

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