(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas 'COMEMORA��O'

Dia internacional da mulher para quais corpos?

Mulher trans � agredida por tr�s homens ao voltar do trabalho para casa em Po�os de Caldas


08/03/2022 06:00 - atualizado 08/03/2022 12:43

Ilustração de uma mulher trans
(foto: Fosin/Shutterstock)

 
Quando voltava para casa, no �ltimo s�bado (5/3), Carol*, de 35 anos, foi agredida por tr�s homens e teve a bolsa com R$ 150 roubados em Po�os de Caldas, no Sul de Minas. A not�cia j� seria triste de ser dada hoje, quando ‘celebramos’ o Dia Internacional da Mulher. Mas, ganha outro contorno, quando ela est� internada na Santa Casa de Po�os de Caldas, aguardando para passar por uma cirurgia no nariz, quebrado durante a viol�ncia que sofreu. E agrava: Carol � uma mulher trans. 

Feliz Dia da Mulher para quais mulheres?

Quais corpos t�m o direito de celebrar a data e, sobretudo, de existir nesta e qualquer outra data?

Estatisticamente, sabemos que o Brasil � o pa�s que mais mata transsexuais e travestis no mundo, conforme dados do dossi� da Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A cada 100 pessoas assassinadas no pa�s, 96 s�o travestis ou transexuais. Em contrapartida, o Brasil � tamb�m  pa�s que mais consome pornografia com transexuais e travestis em todo o mundo. Desejo e viol�ncia caminham juntos. De m�os dadas.

E quem � que caminha com a gente?

J� reclamei exaustivamente, nesta coluna, sobre como tenho estado exausta. Sou uma feminista n�o s� fracassada, mas exausta. Estou absolutamente exaurida de, diariamente, ver as ‘manas’ no seu ar condicionado e home office disparando frases de efeito e brigando pra saber quem � mais feminista que quem, rasgando cartilhas - e com elas, muitos direitos - e numa queda de bra�o infrut�fera se s�o feministas liberais ou radicais. 

De um lado, as reclama��es de ‘n�o me d� rosas’ e do outro, mulheres cujos corpos nunca acessaram afeto e que nunca receberam uma rosa, nem mesmo no emprego, haja vista que s�o exclu�das e preteridas do mercado de trabalho. 

Enquanto isso, a Carol n�o conseguiu chegar em casa depois do trabalho no s�bado. E ela n�o � a �nica. 

Por�m, trazendo pra perto, � doloroso demais pensar que uma mulher foi encontrada, por populares, machucada, com sangramento na cabe�a e dores nas costelas, agonizando, sem conseguir, sequer, comunicar aos policiais militares a viol�ncia que havia sofrido. 

Somente depois de ser socorrida pelo Samu e hospitalizada � que conseguiu contar que foi seguida por tr�s homens, que sa�ram de um matagal e a agrediram. Inicialmente, os homens jogaram-lhe uma pedra na cabe�a e, em seguida, mais pedras por todo o corpo. Por fim, lhe agrediram com socos e chutes, enquanto ela estava ca�da no ch�o. 

Al�m disso, os homens que a agrediram levaram a bolsa dela com R$ 150,00 dentro e fugiram, n�o tendo sido encontrados at� o momento em que esta coluna era escrita. 

Dia de qual mulher?
Sobre a data, acho importante ressaltar que � poss�vel dar flores e respeito! Ano ap�s ano, repito o discurso da ativista abolicionista Sojourner Truth e questiono: e eu n�o sou uma mulher?

Para al�m disso, � preciso que esta seja uma causa de todes: as comemora��es no seu dia a dia, na sua empresa, no seu bairro, na sua cidade, no seu cotidiano, incluem as mulheres trans e travestis?

A sua luta pessoal inclui estas pessoas? O que voc� faz, no seu dia a dia, para evitar que pessoas como a Carol sejam agredidas voltando do trabalho?

Encerro, com mais perguntas que respostas e espero que, de alguma forma, nesta data, possamos refletir sobre de quem falamos, de quem cuidamos e, sobretudo, a quem nosso feminismo protege? 

*nome trocado para preservar a identidade da v�tima

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)